Um Mito centenário

Um Mito centenário

Calendário 27/03/2011 - 17:25

Um mito. Uma lenda. Um ídolo. Um monstro. E agora também
centenário. O goleiro Rogério Ceni completou neste domingo à tarde
mais uma marca importante em sua grandiosa carreira. Diante do
Corinthians, na Arena Barueri, o camisa 1 são-paulino fez seu
centésimo gol.

Marca que não poderia acontecer em outra partida. Contra um
rival histórico, em um clássico recheado de emoções. Ironicamente
ou não, o centenário aconteceu justamente contra o alvinegro.
Quatorze anos após o primeiro gol de Rogério Ceni na vida, em 1997,
contra o União São João.

Mas, Rogério, cem gols um goleiro é o mesmo que mil para um
atacante? A resposta parece simples de responder. Só parece. O
próprio goleiro pensou muito ao dar seu parecer. Porém, ele admite.
Vai entrar para a história do futebol. Por outro lado, ele evita
comparações com grandes ídolos do futebol mundial.

“É uma marca importante. É um motivo de orgulho receber todo
este carinho e confiança do torcedor. Mas Pelé foi único. Não
apareceu um igual. É uma história que ficará marcada. Não o
centésimo em si, mas também toda a história, conjunto… De chegar
nesta situação em um clube com a grandeza do São Paulo. Espero que
o centésimo não pare por aí”, ressaltou o capitão.

Ao todo, são 56 gols de falta e 44 de pênalti. Aos 38 e agora
centenário, Rogério Ceni faz um balanço de tudo que já viveu e dos
gols que marcou. O centésimo foi alcançado, mas o experiente
jogador não quer parar por ai. Aqui, você encontrará uma entrevista
exclusiva do Mito com o Site Oficial.

COMEÇO
A primeira vez que pensei em bater faltas foi em 1996.
Comecei a treinar e bati 15 mil faltas naquele ano. Lembro que a
primeira cobrança foi contra o Fluminense, depois contra o Flamengo
no Maracanã. Aí logo depois saiu o primeiro gol. Se não tivesse
saído aquele gol, talvez eu não teria dado sequência.

INFLUÊNCIA
Na época não tinha esta riqueza de informações que tem
hoje. Não existia internet. Não tinha a possibilidade de ver tantas
pessoas. Nunca tinha visto o Chilavert bater. Mas depois que
comecei, me lembro do Zico, Neto, Raí… Não tive influência. Ia
batendo da maneira que eu me sentia melhor. Fui desenvolvendo a
força e a caída da bola no gol.

AJUDA
O Muricy Ramalho foi o que mais me ajudou. Ele me via
treinando todos os dias. Para qualquer coisa na vida tem sempre
alguém te olhando. Na época foi uma polêmica. A imprensa dizia que
era um absurdo o goleiro bater faltas. Tinha um preconceito. O
Rojas, que era meu preparador de goleiro na época, também me ajudou
bastante.

PARCEIROS
Meu maior parceiro de gols foi o Aloísio. Ele gostava
muito do contato físico. Provavelmente foi o cara que mais sofreu
faltas para esta contage, Sou muito grato a ele. Quando ele
dominava a bola, só paravam na falta. Era um estilo de jogo dele. E
o França foi um dos mais inteligentes que trabalhei. Eu pegava a
bola, ele já abria pelos lados do campo para arrumar o
contra-ataque. Fizemos muitos gols assim. Ele era inteligente na
movimentação.

MÁRIO SÉRGIO
Eu gosto muito dele. Mas ele chegou aqui no São Paulo com
esta ideia fixa na cabeça para que eu não batesse faltas. Foi um
ponto importante na minha carreira. Foi a reprovação de alguém.
Poderia me abalar naquele momento, mas para mim foi bom. Se o cara
que comanda o time disser que não, é não.

GOL MAIS EMOCIONANTE
Até hoje é o primeiro. Não sabia comemorar nem para onde
correr. Foi uma grande novidade naquele momento. Poucos esperavam
que eu fosse bater, tão pouco fazer. Foi muito inesperado. E um gol
que eu vibrei muito foi contra o River Plate, na Libertadores de
2005, no Morumbi.

TORCIDA
O dia mais emocionante foi contra o Rosário Central, em
2004. Um estádio lotado. Depois de 10 anos nós voltamos para a
Libertadores. Aquele dia eu vi as pessoas chorando, em lágrimas. Eu
faço minha parte nesta hora. É um orgulho ir para casa, deitar e
ver que venci mais um dia na minha vida. É muito legal ver as
pessoas felizes. O futebol propicia as maiores emoções.

CENTÉSIMO E MILÉSIMO
É uma marca importante. É um motivo de orgulho receber
todo este carinho e confiança do torcedor. Mas Pelé foi único. Não
apareceu um igual. É uma história que ficará marcada. Não o
centésimo em si, mas também toda a história, conjunto… De chegar
nesta situação em um clube com a grandeza do São Paulo.

FICAR NA HISTÓRIA
Meu nome será lembrado para sempre. Mas, o mais
importante do clube? Isso é uma coisa que o tempo vai dizer. Cada
década surge novos ídolos que vão fazer sua história. Mas tenho
certeza de que as pessoas vão sempre se lembrar do atleta, do nome
Rogério Ceni. O São Paulo é minha vida e espero fazer parte da vida
de muitos torcedores são-paulinos.

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