A diretoria do São Paulo percebeu algo errado e não teve dúvidas ao repudiar a atuação do árbitro uruguaio Gustavo Mendez, na partida contra o River Plate, no Morumbi, pelo primeiro duelo das semifinais da Libertadores da América de 2005. A vitória são-paulina por 2 a 0 não foi suficiente para os dirigentes do Tricolor esquecerem a atuação do juiz. No dia seguinte ao jogo, o então vice-presidente de Futebol, Juvenal Juvêncio, encaminhou a Nicolas Leoz, presidente da CONMEBOL, uma carta narrando várias infrações ignoradas pelo árbitro. Na carta, também exigia outro trio de arbitragem para a partida de volta, na Argentina. O chileno Rubén Selman foi quem apitou o jogo em Buenos Aires. O assunto voltou à tona na edição de sexta-feira (dia 16) do jornal ‘Folha de São Paulo’, que estampou a matéria “Grampo reforça desconfiança de suborno do River”. A reportagem também foi publicada pelo jornal ‘La República’, de Montevidéu. Os jornais revelam conversa que o empresário Jorge Chijane admite ter recebido U$$ 20 mil (cerca de 45 mil reais) do time argentino para repassar a Mendez. O pagamento serviria para o juiz uruguaio favorecer o time argentino na partida contra o São Paulo, no Morumbi. Mendez cumpre suspensão de 60 dias imposta pela Associação Uruguaia de Futebol. O River Plate, por meio de sua assessoria de imprensa, negou suborno. Confira abaixo, na íntegra, a carta que a diretoria do São Paulo enviou para a CONMEBOL logo após a partida. São Paulo, 23 de junho de 2005 Ao Pela presente, tomamos a liberdade de relatar a V.Sa. a lamentável condução da partida, ontem realizada, entre o São Paulo Futebol Clube e o C.A. River Plate, em São Paulo, pela Copa Libertadores de America – 2005, dada pelo árbitro uruguaio Gustavo Méndez. Desde o início da partida, o referido árbitro demonstrou com clareza sua total parcialidade a favor da equipe argentina, interferindo diretamente no resultado do jogo ao deixar de marcar, aos 27 minutos do primeiro tempo, clamorosa falta dentro da área do River Plate decorrente do desvio com a mão pelo atleta do River Plate, Ameli, de bola chutada pelo atleta Danilo do São Paulo F.C. Ainda durante o primeiro tempo, o sr. Méndez praticamente ignorou as faltas sofridas pelo São Paulo Futebol Clube, deixando de marcá-las ou as ignorando. Por outro lado qualquer simples esbarrão de atletas brasileiros em jogadores argentinos eram imediatamente interpretados pelo árbitro uruguaio como faltosos. Poderá V.Sa. constatar, ao assistir o video-tape da partida, que o mesmo panorama tendencioso e prejudicial ao São Paulo Futebol Clube se repetiu na segunda etapa. O sr. Gustavo Méndez advertiu e ameaçou repetidas vezes atletas nossos, intimidando-os em relação às justas reclamações que formulavam, muitas vezes sem nada terem falado. Outro lance capital, de falta dentro da área, clamorosa e unanimemente reconhecida pela imprensa, se deu aos 17 minutos do segundo tempo, quando o atleta do São Paulo, Amoroso foi derrubado por dois argentinos, Diogo e González, nada marcando o sr. Méndez. Os dois gols feitos pelo São Paulo F.C. incontestáveis, não tiveram como ser evitados pelo árbitro. Mesmo assim o segundo gol, através de penalidade máxima clamorosa cobrada por Rogério Ceni, que só foi assinalada pelo árbitro após insistente sinalização feita pelo seu auxiliar sr. Fernando Cresci. Ainda aos 47 minutos da partida, o arqueiro argentino Constanzo, forçado a sair da sua área para impedir o terceiro gol, após chute do atleta sãopaulino Diego Lugano, conduziu escandalosamente a bola com as mãos, fora dos limites, fazendo ainda falta clamorosa no jogador Luizão e não sofreu a devida penalização, o merecido cartão vermelho que o alijaria da partida seguinte, em mais uma demonstração de facciosidade do árbitro uruguaio, interferindo diretamente no resultado da partida. Preocupados com o que ocorreu ontem no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, vimos pela presente solicitar sua sempre oportuna e criteriosa intervenção, no sentido de que não seja indicado o referido árbitro para a segunda partida entre São Paulo Futebol Clube e C.A. River Plate, na próxima semana em Buenos Aires, e sim um árbitro de ilibada reputação e reconhecida competência, preservando assim a grandeza dessa tradicional competição e que o resultado seja exclusivamente decorrente da qualidade de cada equipe dentro de campo. Agradecendo a habitual atenção de V.Sa. e apresentando mais uma vez nossos protestos de elevada estima e consideração, SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE
Dr. Nicolas Leóz Almiron
DD Presidente da Confederacion Sudamericana de Fútbol
Asunción, Paraguay
Senhor Presidente,
Atenciosamente,
Juvenal Juvêncio
Vice-Presidente de Futebol
C/C Lic. Francisco Figueredo Britez – Secretário Ejecutivo
Dr. Carlos Alarcom – Diretor do Departamento de Árbitros