Estimativas apontam que os torcedores são-paulinos são entre 18 e 20 milhões de pessoas em todo o Brasil. Um público maior que populações de muitos países. Não é estranho pensar, então, que o Tricolor tenha muita história contra seleções nacionais. O artigo de hoje da série especial de Copa do Mundo do Site Oficial é sobre as partidas do Tricolor contra seleções nacionais que estão na Rússia, em 2018. Incluindo, até, seleção brasileira!
SÃO PAULO VERSUS RÚSSIA (OU UNIÃO SOVIÉTICA/CEI)
Sede da Copa do Mundo de 2018, a Rússia nunca foi adversária do Tricolor com essa atual denominação e configuração geopolítica. Contudo, o São Paulo já enfrentou os russos quando eles tomavam parte da antiga União Soviética. E, com a dissolução desse bloco, também quando se alinharam como Comunidade dos Estados Independentes, a CEI.
O primeiro confronto se deu em 13 de fevereiro de 1964 e foi realizado no Estádio Olímpico Universitário da Cidade do México pelo Torneio Hexagonal da capital mexicana. Com oito atletas que disputaram a Copa do Mundo de 1962 ou que disputariam a de 1966, como Ivanov, Malofeev, Ponedelnik e Chislenko, o Tricolor não teve como segurar os soviéticos e perdeu por 4 a 0. Já o último embate não passou de um zero a zero pelo Troféu Naranja, em Valência, na Espanha, em 1991, quando os adversáriso já formavam a CEI.
O jogo que nos interessa, porém, ocorreu entre os dois citados, em 1980, no Morumbi. O São Paulo havia acabado de se tornar Campeão Paulista, após duas vitórias contra o Santos. Para comemorar e entregar as faixas de campeão aos jogadores, o Tricolor acertou esse amistoso contra a União Soviética do grande goleiro Dasaev. Os visitantes, por sinal, vinham de vitória sobre a Seleção Brasileira no Maracanã, em junho (1×2), além de ostentarem outras boas vitórias contra Dinamarca e Hungria.
Na noite daquele 28 de novembro, 36 mil torcedores compareceram ao “Cícero Pompeu de Toledo” para celebrar a conquista são-paulina e presenciaram uma atuação de gala de Serginho, Zé Sérgio, Renato e Paulo César, a linha ofensiva tricolor. No primeiro tempo, os jogadores comandados por Carlos Alberto Silva abusaram do jogo veloz, corrido ou por passes, e perderam quatro ótimas chances até os 30 minutos, forçando boas intervenções do arqueiro russo, que fez a melhor defesa dele já perto do fim da etapa inicial, depois de salvar um chute de dentro da pequena área do centroavante Serginho.
No segundo tempo, Silva liberou os laterais ao ataque, para auxiliaram os pontas Paulo César e Zé Sergio. Assim, o São Paulo que já dominava o jogo, passou a pressionar os soviéticos sempre na própria metade do campo. Aos 14 minutos, a defesa russa ruiu: em linda jogada de Renato com Serginho, o atacante são-paulino serviu a Paulo César, que penetrava pelo miolo da área, sem marcação alguma, para finalizar como bem entendeu e sem chances para Dasaev. 1 a 0 Tricolor!
O São Paulo queria mais, e seguiu no ímpeto de atacar, mas o ritmo que impusera ao jogo pesou nas pernas e, aliado a longa temporada, o desgaste físico se sobrepôs à técnica dos atletas, mesmo com as mudanças promovidas pelo técnico são-paulino. Não houve mais mudanças no placar e a partida acabou assim, com vitória do Tricolor no Morumbi.
28.11.1980
Amistoso Internacional
São Paulo (SP). Estádio do Morumbi.
São Paulo Futebol Clube 1 x 0 Seleção da União Soviética
SPFC: Waldir Peres (Toinho); Getúlio (Nei), Oscar, Darío Pereyra e Aírton; Almir, Renato e Heriberto; Paulo César, Serginho Chulapa (Alexandre Bueno) e Zé Sérgio (Assis). Técnico: Carlos Alberto Silva.
URSS: Rinat Dasaev; Viktor Kaplun (Aleksandr Bubnov), Aleksandr Chivadze, Tengiz Sulakvelidze e Oleg Romantsev; Leonid Buryak, Fedor Cherenkov (Sergey Shvetsov) & Khoren Oganesyan; Serhiy Andreev, Yuriy Gavrilov (Igor Ponomarev) & Aleksandr Tarkhanov. Técnico: Konstantin Beskov.
Gol: Paulo César, 14/2
Árbitro: Dulcidio Wanderley Boschilla
Renda: CR$ 3.979.480,00
Público: 36.430
SÃO PAULO VERSUS URUGUAI
Faltando poucos dias para a Copa do Mundo de 1974, a Seleção do Uruguai solicitou ao São Paulo a liberação de Forlán e Pedro Rocha para concentração e amistosos preparativos. Por essa cessão, a associação uruguaia e o Tricolor combinaram um jogo amistoso beneficente no Estádio Centenário, em Montevidéu.
O São Paulo vinha embalado, estava invicto há 18 jogos. Não sabia o que era derrota desde fevereiro, quando perdeu por 1 a 0 para o Cruzeiro, no Mineirão. Havia acabado de vencer o Jorge Wilstermann, em casa, por 5 a 0, em jogo valendo pela Copa Libertadores da América, onde liderava o seu grupo – naquela temporada o São Paulo foi vice-campeão da competição. A delegação embarcou para o país vizinho no dia 9 de maio. Lá, ainda teriam tempo para um treinamento físico e para Poy decidir a escalação. O Tricolor estava desfalcado de Terto, Ademir e Paranhos, que nem viajaram. Piau estava com os olhos inflamados e também não era certo que jogasse. Na capital uruguaia, os dirigentes locais tentaram convencer a comitiva tricolor a deixar Pedro Rocha e Forlán atuarem pela Celeste, ou ao menos um tempo de jogo em cada time. Não houve acordo: jogariam pelo Tricolor, inclusive Forlán, que já havia se apresentado à seleção, e mesmo entrado em campo contra a Irlanda.
O Uruguai, cabeça de chave da Copa do Mundo daquele ano por ter sido semifinalista da competição em 1970, havia vencido a Seleção da Irlanda, no dia 8 de maio, em casa, por 2 a 0, com dois gols de Morena. Era a oitava partida preparatória da equipe, mas somente a primeira de Forlán junto a eles. Os destaques daquele time uruguaio eram, além de Rocha e Forlán, o goleiro Mazurkiewicz, do Atlético Mineiro, os meias Cubilla e Castillo (esses não atuariam no amistoso), além do lateral Pavoni – que faria o único gol da Celeste na Copa do Mundo daquele ano. A equipe não era unanimidade, por isso a imprensa local aprovou a realização do amistoso contra o forte Tricolor, afirmando que seria o teste ideal e mais difícil da Celeste. A expectativa para o jogo foi grande. Mobilizada, a torcida adversária lotou o Estádio Centenário: 55 mil pagantes, mais de 70 mil presentes.
“Emoção desde o início” – Essa foi a chamada da reportagem do O Estado de São Paulo, de 12 de maio, sobre o jogo ocorrido no dia anterior, em Montevidéu. Destaca ainda que o jogo foi “definido como ‘empolgante’ pelos próprios comentaristas locais“. Foi muito mais que isso. Logo aos três minutos de bola rolando, Waldir Peres fez uma defesa espetacular após o chute do lateral Pavoni. O São Paulo se acertou em campo, porém, e com um toque de bola cadenciado passou a controlar a partida. O Tricolor atuava em um ‘4-2-4 clássico’, da época, para tentar furar o sistema uruguaio que, apesar de fortemente defensivo, não impedia que ameaçassem a meta do goleiro são-paulino. O primeiro tempo chegou ao fim sem os zeros deixarem o placar, mas não por falta de oportunidades dos dois lados.
Pouco após o recomeço do jogo, aos três minutos, o lance decisivo da partida, o momento épico e inesquecível para quem lá esteve presente: Pablo Forlán lançou a bola para Pedro Rocha, que avançou adentro da área da Celeste, cara a cara com o goleiro, e a desviou sutilmente para o fundo do gol. Gol do São Paulo, gol dos uruguaios do Tricolor!
Pare e imagine como foi esse gol: Você é um jogador profissional, capitão da equipe. O jogo que se desenrola acontece no principal estádio de seu país, local que sempre considerou um verdadeiro templo de fé. Lotado! Os times são muito bem conhecidos por você. Um deles é a seleção de sua terra natal. O outro, um clube que passou a amar e a respeitar absolutamente. Pense que o manto que veste não é o de sua pátria, mas sim o deste clube, e que com esta camisa marque o gol da vitória contra seus conterrâneos, calando por breves segundos a todos presentes, até que uma majestosa salva de palmas rompe gradativamente o silêncio sagrado.
Após a ovação generalizada, o restante do jogo passou ofuscado. O Uruguai partiu desesperadamente ao ataque, mas todos foram contidos pela defesa são-paulina, principalmente pelo goleiro Waldir Peres. Mesmo a expulsão de Gilberto, ao fim do jogo, não pôs risco ao placar. No dia seguinte à partida, os jornais uruguaios destacavam o valor do embate e o desempenho do São Paulo, “digno representante da escola brasileira”, mas principalmente a atuação de Pedro Rocha, naquele dia em que o capitão marcou um gol contra a própria pátria.
11.05.1974
Amistoso Internacional
Montevidéu (Uruguai). Estádio Centenário
Seleção do Uruguai 0 x 1 São Paulo Futebol Clube
SPFC: Waldir Peres; Pablo Forlán (Nelson), Samuel, Arlindo e Gilberto Sorriso; Chicão e Pedro Rocha; Mauro Madureira, Mirandinha, Zé Carlos e Piau (Teodoro). Técnico: José Poy.
Uruguai: Hector Santos, Mario Gonzalez, De Simone, Masnik, Pavoni, Cardaccio (Rivero), Gomes, Jimenez, Morena, Mantegazza, Corbo (Millar). Técnico: Roberto Portada.
Gol: Pedro Rocha, 3min/2ºT
Árbitro: Hector Borra (Uruguai)
Renda: Pesos 50.000.000,00
Público: 55.000 pagantes, +70.000 presentes
Cartão Vermelho: Gilberto Sorriso
SÃO PAULO VERSUS ARÁBIA SAUDITA
A Arábia Saudita é a seleção nacional que o Tricolor enfrentou mais vezes até hoje: foram quatro partidas e, curiosamente, as três primeiras foram bem complicadas, terminando todas empatadas. No final de 1979 ocorreram duas partidas, ambas em território estrangeiro: 1 a 1 no Prince Faisal bin Fahd, em Riad e o mesmo placar no Prince Abdullah Al Faisal, em Jeddah, nos dias 13 e 15 de dezembro (gols de Getúlio, no primeiro, e Neca, no segundo.
O terceiro confronto, em meados de 1980, foi no Morumbi, mas nem por isso foi mais fácil. 2 a 2, tentos anotados por Serginho e Assis. Vale ressaltar que esses embates foram propostos pelo treinador da seleção saudita, que mantinha uma grande ligação com o Tricolor – afinal, pouco tempo antes, foi Campeão Brasileiro pelo clube: Rubens Minelli. O ex-treinador são-paulino preparava a seleção do Oriente Médio para os jogos asiáticos das eliminatórias da Copa de 1982.
Aqui será destacado, porém, o quarto confronto, ainda em meio a esses preparativos árabes. No dia 22 de setembro de 1981, São Paulo e a seleção saudita voltaram a se enfrentar no Morumbi. O Tricolor, nas mãos do técnico Formiga, vinha se recuperando no Campeonato Paulista. Antes, havia perdido para Ferroviária, Ponte Preta e Guarani, mas nos jogos anteriores ao confronto internacional emplacara boas vitórias contra Francana, Taubaté e XV de Jaú, apesar dos empates nas partidas mais difíceis, contra Portuguesa e Corinthians.
Mas o grande chamariz para esse jogo era a “apresentação” de uma possível nova contratação. Isso mesmo, possível, não era certo que o atleta em questão jogasse pelo Tricolor depois desse amistoso. Acontece que esse jogador era Rivellino, ex-jogador de Seleção Brasileira e do Al Hilal, justamente da Arábia Saudita. O craque, apesar de “juntar seu pé-de-meia” no Oriente Médio, buscava propostas para voltar ao futebol no Brasil e tudo estava, ainda, em negociação.
Apesar dessa novidade “bombástica”, a torcida são-paulina não se empolgou com o evento, que valeria também o Troféu Nabi Abi Chedid, apenas dois mil e tantos torcedores foram ao “Cícero Pompeu de Toledo” para presenciar o jogo. Apesar do clima frio fora das quatro linhas, o jogo foi quente dentro delas, ao menos, para os onze vestidos com a camisa listrada do Tricolor.
Com dez minutos de jogo, Éverton abriu o placar para o time da casa após pênalti sofrido por Paulo César e não marcado pela arbitragem: a bola sobrou para o meia só tocar para as redes. Sem descansar, o mesmo Everton ampliou o resultado dois minutos depois, quando avançou pela esquerda, driblou o marcador e bateu cruzado. Nesse ritmo frenético, Paulo César marcou o terceiro ainda com 15 minutos – esse, após lançamento de Rivellino para Serginho. O jogo já estava decidido e mal havia começado, apesar dos sauditas terem descontado aos 20 minutos, por falha da defesa tricolor.
Na etapa final, o São Paulo só teve o trabalho de controlar a leve pressão árabe, que não ameaçava a meta de Waldir Peres. Perto do fim do jogo, o incansável Paulo César marcou mais dois gols com a característica do ponta: velocidade aliada a técnica, tocando com categoria da entrada da área e driblando o zagueiro e chutando forte. Resultado final: 5 a 1 para o São Paulo!
Por fim, Rivellino nunca mais vestiu o manto são-paulino. As negociações com os árabes não foram para frente.
22.09.1981
Amistoso Internacional
São Paulo (SP). Estádio do Morumbi
São Paulo Futebol Clube 5 x 1 Seleção da Arábia Saudita.
SPFC: Toinho; Getúlio (Flavinho), Nei, Gassem e Heriberto; Élvio, Éverton e Rivellino; Paulo César, Serginho Chulapa (Luís Fernando Gaúcho) e Tatu (Márcio Araújo). Técnico: Formiga
Gols: Éverton, 10/1; Éverton, 12/1; Paulo César, 15/1; Paulo César, 39/2; Paulo César, 41/2
Arábia Saudita: Salem Maruan; Abdalla Orap (Husseid), Saleh Al-Naime, Ahmed Bifale & Mohamed Jaaudi (Wabay); Onda Abdalla, Sarur (Majed Ahmed Abdullah Al Mohammed), Fahad Moravi (Abed Drabhu) & Shaiab Al-Nasissa (Khalifa); Saud & Youssef. Técnico: Rubens Minelli
Gols: Shaiab, 20/1
Árbitro: José de Assis Aragão
Renda: CR$ 378.300,00
Público: 2.522 pagantes
SÃO PAULO VERSUS MÉXICO
Os anos 80 foram pródigos para o Tricolor em confrontos contra seleções de futebol. Em 1981, mais um confronto deste tipo proporcionou ao São Paulo um grande resultado, uma vitória imponente sobre o México, no estádio Azteca. A história desse jogo começa com a excursão são-paulina pela Europa, onde, no dia 21 de maio, derrotou o Milan, no San Siro, em Milão, por 2 a 1 (gols de Paulo César e Renato).
Da Itália, o Tricolor seguiu para o México, nação na qual embateria a seleção local. De lá, partiria, ainda, para os Estados Unidos por três outros confrontos, com Tecos, do México, em Los Angeles, Strikers, dos Estados Unidos, em Fort Lauderdale e o famoso Cosmos, também norte-americano, nos arredores de Nova Iorque. Estava previsto também um jogo na Guatemala, mas este foi cancelado.
Depois de 23 horas de viagem de avião entre Milão e a Cidade do México e várias conexões, o técnico Carlos Alberto Silva tinha problemas para escalar os titulares do São Paulo, pois Zé Sérgio e Darío Pereyra estavam lesionados. No fim, o primeiro ainda conseguiu ir a campo. Apesar dos problemas físicos, os são-paulinos suportaram bem a pressão inicial do time mexicano e, perto do fim do primeiro tempo, aproveitou a chance que teve para abrir o placar com Serginho Chulapa (39 minutos).
Na segunda etapa, o Tricolor do Morumbi (visto que o adversário também é conhecido pelo apelido Tricolor) deslanchou e poderia ter aplicado, verdadeiramente, uma goleada histórica. Renato fez dois a zero aos 21 minutos e Valtinho fechou o placar aos 37, 3 a 0, fora as inúmeras oportunidades desperdiçadas.
A certa altura do jogo, a torcida mexicana presente no Azteca passou a gritar “olé” a cada troca de bola dos são-paulinos, como crítica ao desempenho dos jogadores locais. No dia seguinte, jornais estamparam manchetes como “O São Paulo humilhou a Seleção” e “Uma noite triste”. O próprio técnico adversário afirmou que o São Paulo “fez o que quiz da nossa seleção”.
A reclamação era mais do que justa. Nas semanas seguintes, o México ainda perderia para o PSV e para a Seleção da Espanha. No fim daquele ano, o pior, derrota para El Salvador e uma série de empates tiraram a seleção da Copa do Mundo da Espanha.
Quanto ao São Paulo, restava por o Troféu Federación Mexicana de Fútbol na mala e prosseguir viagem de avião, por mais horas a fio, até Los Angeles e continuar com a excursão de inter-temporada (nota: o São Paulo empatou em 0 a 0 com o Tecos, 3 a 3 com o Strikers e 2 a 2 com o Cosmos em um intervalo de uma semana, cruzando os Estados Unidos de oeste, à sul e à leste).
26.05.1981
Amistoso Internacional
Cidade do México (México). Estádio Azteca
Seleção do México 0 x 3 São Paulo Futebol Clube
SPFC: Toinho; Getúlio, Oscar, Gassem e Marinho Chagas (Nei); Almir, Renato (Valtinho) e Heriberto; Paulo César, Serginho Chulapa (Assis) e Zé Sérgio (Élvio). Técnico: Carlos Alberto Silva.
México: Francisco Castrejón; José Luis Alderete, Juan Manuel Álvarez, Gustavo Vargas e José Luis López; Pedro Munguía, Manuel Manzo e Guillermo Mendizábal; Héctor Tapia (Sergio Lira), Ricardo Castro (Adrian Camacho) & Hugo Sánchez. Técnico: Raúl Cárdenas.
Gols: Serginho Chulapa, 39/1, Renato, 21/2; Valtinho, 37/2
Árbitro: Jorge Narvaez (Mexico)
Público: 25.000 pessoas
SÃO PAULO VERSUS COLÔMBIA
O São Paulo era, então, bicampeão do mundo. O título sobre o Milan havia sido conquistado poucos meses antes. Nas vésperas da partida amistosa contra a Colômbia, a imprensa (Folha de São Paulo, 13 de março), todavia, reclamava de um curto período de 15 dias sem vitórias do Tricolor (duas derrotas e um empate, antes da vitória por 5 a 2 sobre o Mogi Mirim, no dia 12).
Os dirigentes do Tricolor acertaram o amistoso contra a seleção colombiana pelo valor de US$ 100.000,00 para os cofres são-paulinos. Se a situação era favorável financeiramente, não era tão aprazível em termos técnicos. Além da viagem desgastante, o treinador Telê Santana não contaria com o atacante Müller, que sentia uma contratura na coxa direita. Juninho, apesar de viajar, também não estava garantido, devido a uma forte pancada que sofrera na partida anterior, contra o Mogi. Ao menos o retorno de Cafu era garantido. O lateral estava afastado há cinco jogos devido “a uma bolada na região dos genitais” (FSP, 15/3).
Enquanto o Brasil penou para se classificar à Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, a Seleção Colombiana foi a sensação do torneio. No grupo 1, ao lado de Argentina, Paraguai e Peru, os colombianos terminaram em primeiro lugar, invictos, com uma campanha de quatro vitórias e dois empates, além de 13 gols marcados e somente dois sofridos.
Mas o fato mais memorável daquela seleção, além do modo de jogar (descontraído e arrojado), foi a goleada aplicada na Argentina, em Buenos Aires: 5 a 0! Chegariam favoritos ao Mundial, no meio do ano. Enquanto isso, antes da partida contra o São Paulo, a seleção também tricolor ostentava uma impressionante invencibilidade em jogos oficiais: Não perdia desde 1991. Nos jogos preparatórios para Copa estava imbatível há 8 jogos.
Contudo, o técnico Francisco Maturana também tinha problemas: Lozano fraturara a perna logo após ser convocado para o amistoso. Valderrama, Álvarez e Asprilla também estavam contundidos. Os jogadores do Junior de Barranquilla e do Nacional de Medellín não foram convocados por estarem envolvidos nas fases finais da Copa Libertadores. Rincón foi poupado pelo mesmo motivo.
Ainda assim, como bem se viu depois, não seria um jogo fácil para a equipe de Telê. Movimentado desde o início, com as duas equipes partindo ao ataque, o jogo se tornou favorável aos colombianos quando, aos 12 minutos, Aristizábal – futuramente ídolo do Tricolor – roubou a bola do zagueiro Válber, escapou do carrinho aplicado por Cafu e da intervenção do goleiro Zetti para marcar aquele que seria o único gol da partida. Colômbia 1 a 0.
A equipe são-paulina perdeu o prumo depois de sofrer o gol e somente veio a se reencontrar na partida perto já do final da primeira etapa. Nervoso, o centroavante Guilherme acabou por se engalfinhar com o defensor colombiano Ortíz na saída para os vestiários. Ambos foram expulsos. No segundo tempo, Telê Santana promoveu uma das alterações mais conhecidas pela torcida: sacou o atacante Euller e colocou no lugar dele o lateral-direito Vítor, assim Cafu deixou a borda do campo e passou a jogar pelo meio. O São Paulo melhorou, dominando no ataque.
Maturana, bom observador, recuou todo o seu time, a começar pelos meias, e passou a jogar no contragolpe. Para complicar mais ainda, aos 30 minutos do segundo tempo, o árbitro errou ao expulsar o zagueiro tricolor Junior Baiano, em um lance bobo. Com um a menos e um adversário formidável e recuado, não restaram muitas chances ao time do Morumbi. Fim de jogo. Apesar da derrota, por 1 a 0, toda a imprensa local e internacional, reconheceu que o time de Telê Santana havia sido “um adversário à altura”.
15.03.1994
Amistoso Internacional
Bogotá (Colômbia). Estádio Nemésio Camacho – El Campín
Seleção da COLÔMBIA 1 X 0 SÃO PAULO Futebol Clube (SP)
SPFC: Zetti (capitão); Cafu, Junior Baiano, Válber e André Luiz; Doriva, Juninho, Palhinha (Gilmar) e Leonardo; Euller (Vítor) e Guilherme. Técnico: Telê Santana
Colômbia: Córdoba; Ortíz, Andrés Escobar (capitão), Santoya (Dinas) e Wilson Pérez; Gabriel Gómez (Hernán Gavíria), Alexis Escobar, Leonel Alvarez e Mauricio Serna (Betancur); Zambrano (Moreno) e Aristizábal (Ricardo Pérez). Técnico: Francisco Maturana
Gols: Víctor Hugo Aristizábal, 12/1
Árbitro: John Jairo Toro Rendón (Colômbia)
Expulsões: Guilherme e Ortíz, ao fim do primeiro tempo; e Junior Baiano, aos 30min do 2ºT.
Advertências: Euller
Público: 50.000
SÃO PAULO VERSUS DINAMARCA
Tudo bem que não era a seleção principal da Dinamarca, e sim um selecionado sub-23 que, ainda por cima, nem havia obtido qualificação para a disputa do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Atlanta, mas enfim… O fato mais importante daquele jogo do Tricolor contra um selecionado europeu realizado no dia 13 de julho de 1996 não era o confronto em si, mas o reencontro do torcedor são-paulino com o “Cícero Pompeu de Toledo”.
Em 1995, o Estádio do Morumbi passou pela primeira grande reformas estrutural, de colunas e arquibancadas, em toda a história. Os procedimentos necessários para a adequação do local levou o São Paulo a jogar no Pacaembu e em outros campos da capital paulista (até no Ibirapuera) e mesmo do interior, naquela temporada. As obras só foram parcialmente finalizadas, com a liberação de alguns setores do estádio, em meados de 1996.
Para celebrar o retorno ao lar, o Tricolor promoveu o jogo contra a Dinamarca (foi a DBU que decidiu utilizar apenas jogadores sub-23) como parte das festividades, que contaram também com homenagens a dezenas de ex-jogadores no gramado, performances de equipes atléticas e também desfiles de “bonecos de Olinda” trajados com a camisa são-paulina e personificando grandes ídolos.
No evento principal, o São Paulo, que não contava com o técnico Telê Santana, afastado por problemas médicos desde janeiro, foi comandado por Muricy Ramalho, que sabia que estava ali temporariamente. O Tricolor já havia contratado Carlos Alberto Parreira para a função, mas o treinador somente assumiria o posto quase um mês depois dessa data, apesar de ter sido apresentado no amistoso em que o São Paulo venceu o Real Madrid, no Pacaembu, por 3 a 0, em junho.
O time vinha bem, estava invicto há 11 jogos, e ainda decidiria um torneio amistoso contra o Flamengo, em Brasília, alguns dias depois do embate contra a Dinamarca (a Copa dos Clubes Brasileiros Campeões Mundiais). Assim, empolgado, o Tricolor abriu o placar rapidamente, aos sete minutos, com Adriano. O gás, contudo, se dissipou ainda na metade da etapa inicial. Aos 21 minutos, Peter Degn empatou para os dinamarqueses.
O segundo tempo não trouxe novidades, nem técnicas, nem táticas, nem no placar e o jogo terminou mesmo em 1 a 1.
13.07.1996
Amistoso Internacional
São Paulo (SP). Estádio do Morumbi
São Paulo Futebol Clube 1 x 1 Seleção da Dinamarca
SPFC: Zetti; Belletti, Válber, Bordon e Serginho; Axel, Edmílson (França) e Adriano; Müller, Valdir e Denílson. Técnico: Muricy Ramalho.
Gol: Adriano, 7/1
Dinamarca: Lars Winde; Søren Colding, Per Nielsen e Martin Laursen; Martin Jørgensen, Thomas Gravesen, Carsten Fredgaard (Jakob Glerup), Rasmus Daugaard e Jacob Juhl; Dennis Siim (Morten Bisgaard) & Peter Degn (Jesper Hjorth). Técnico: Jan Poulsen.
Gol: Peter Degn, 21/1
Árbitro: João Paulo Araújo
Renda: R$ 279.075,00
Público: 18.221 pagantes
SÃO PAULO VERSUS BRASIL?
Não. O Tricolor nunca enfrentou a Seleção Brasileira, ao menos não o time principal. Contudo, o São Paulo, por três vezes, teve a chance de disputar um jogo contra um selecionado brasileiro.
Em 8 de agosto de 1940, o São Paulo, em meio a realização das olimpíadas universitárias nacionais, venceu a Seleção Universitária Brasileira da FUBE (Federação Universitária Brasileira de Esportes) por 1 a 0, gol de Teixeirinha.
As outras duas partidas do Tricolor foram contra selecionados das categorias de base da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF). Em 1962, no dia 18 de fevereiro, uma equipe reserva do São Paulo goleou por 6 a 2 a Seleção de Novos do Brasil (poderia chamar-se, nos dias de hoje, de sub-20), com gols de Cido (2), Célio (2), Prado e Benê.
A única derrota ocorreu em 6 de setembro de 1975, quando o São Paulo enfrentou a Seleção Brasileira de Amadores (que atualmente pode ser descrita como seleção olímpica – visto que, naqueles dias, somente jogadores nessas condições podiam participar). A equipe brasileira se preparava para os Jogos Pan-Americanos da Cidade do México daquele ano e venceu o Tricolor por 1 a 0. Curiosamente, Tecão, jogador são-paulino, atuou com a camisa do Brasil.
Dias depois, a seleção foi campeã pan-americana, dividindo o título com o país local.
DESEMPENHO CONTRA OUTRAS SELEÇÕES NACIONAIS
Ao todo, o São Paulo realizou 18 partidas contra seleções nacionais, desde 1930, desconsiderando, claro, as partidas contra os selecionados brasileiros. A primeira partida internacional do clube, aliás, foi desse tipo, contra a Seleção dos Estados Unidos. De lá para cá foram oito vitórias, sete empates e somente três derrotas.
No Morumbi foram realizadas seis dessas partidas, e o Tricolor em casa está invicto, com três vitórias e três empates.
RELAÇÃO DE TODOS OS JOGOS DO SÃO PAULO CONTRA SELEÇÕES NACIONAIS
1º | 10.08.1930 | Amistoso Internacional | Chácara da Floresta | 5 | x | 3 | Estados Unidos |
2º | 13.02.1964 | Hexagonal do México | Ciudad Universitaria | 0 | x | 4 | União Soviética |
3º | 25.01.1969 | Amistoso Internacional | Morumbi | 2 | x | 2 | Hungria |
4º | 12.08.1969 | Amistoso Internacional | Narodna Armia | 1 | x | 4 | Bulgária |
5º | 06.12.1969 | Amistoso Internacional | Morumbi | 4 | x | 2 | Gana |
6º | 11.05.1974 | Amistoso Internacional | Centenário | 1 | x | 0 | Uruguai |
7º | 13.12.1979 | Amistoso Internacional | Prince Fahd | 1 | x | 1 | Arábia Saudita |
8º | 15.12.1979 | Amistoso Internacional | Prince Faisal | 1 | x | 1 | Arábia Saudita |
9º | 26.08.1980 | Amistoso Internacional | Morumbi | 2 | x | 2 | Arábia Saudita |
10º | 28.11.1980 | Amistoso Internacional | Morumbi | 1 | x | 0 | União Soviética |
11º | 26.05.1981 | Amistoso Internacional | Azteca | 3 | x | 0 | México |
12º | 22.09.1981 | Troféu Nabi Abi Chedid | Morumbi | 5 | x | 1 | Arábia Saudita |
13º | 08.01.1989 | Super Soccer Cup | Jawarharlal Nehru | 4 | x | 0 | Índia |
14º | 11.01.1989 | Super Soccer Cup | Bangalore | 2 | x | 2 | Índia |
15º | 02.07.1991 | Amistoso Internacional | Olímpico de Pequim | 2 | x | 1 | China Sub-23 |
16º | 21.08.1991 | Troféu Naranja | Luis Casanova | 0 | x | 0 | CEI (ex URSS) |
17º | 15.03.1994 | Amistoso Internacional | El Campín | 0 | x | 1 | Colômbia |
18º | 13.07.1996 | Amistoso Internacional | Morumbi | 1 | x | 1 | Dinamarca Sub-23 |