Imagine, caro leitor, a seguinte situação: Você é um jogador profissional, capitão da equipe. O jogo que se desenrola acontece no principal estádio de seu país, local que sempre considerou um verdadeiro templo de fé. Lotado, a torcida em polvorosa. Os times que se digladiam são muito bem conhecidos por você. Um deles é a seleção de sua terra natal. O outro, um clube que passou a amar e a respeitar absolutamente.
Pense que o manto que veste não é o de sua pátria, mas sim o deste clube, e que com esta camisa, suada por verdadeira garra, marque o gol da vitória de sua equipe contra a de seus conterrâneos, calando por breves segundos a todos presentes, até que uma majestosa salva de palmas rompe gradativamente o silêncio sagrado.
Agora, amigo, deixe de imaginar. Isso foi real. E ilustra bem o dom de se vestir uma camisa como se fosse sua pele.
No dia 11 de maio de 1974, há exatos 37 anos, o São Paulo entrou em campo no estádio Centenário de Montevidéu. Encarou a fortíssima seleção do Uruguai que se preparava para a Copa do Mundo daquele ano. Casa cheia, 55 mil pagantes, mais de 70 mil torcedores presentes no total. Vitória são-paulina por 1 a 0, tendo a equipe Tricolor terminado o jogo com um homem a menos – Gilberto fora expulso.
O gol da épica vitória veio de jogada entre dois uruguaios que não defendiam a Celeste Olímpica na ocasião, mas sim o Tricolor do Morumbi. Pablo Forlán passou a Pedro Rocha que avançou cara a cara com o goleiro, e guardou.
Poucas outras situações poderiam exemplificar tão bem a relação do São Paulo Futebol Clube com o Uruguai e seus atletas. História que vem de longe. Em 1950, a Seleção Campeã do Mundo, com o Maracanazo, se hospedou no Canindé, então propriedade do SPFC. Ao todo, 17 “orientais”, entre jogadores e treinadores, já passaram pelo SPFC, o primeiro ainda em 1930 – Emílio Armiñana. O mais recente, por aquelas lindas e curiosas artimanhas do destino, estreou no Tricolor justamente no aniversário de 29 anos da façanha do Estádio Centenário.
Diego Lugano, Campeão Mundial e da Taça Libertadores pelo São Paulo, estreou no clube no dia 11 de maio de 2003 – oito anos atrás. Sob o rótulo de “jogador do presidente” (fora uma aposta pessoal do saudoso Marcelo Portugal Gouvêa), Lugano foi superando todas as expectativas (dando sangue pelo time, às vezes, literalmente), consagrando-se junto aos torcedores como exemplo de raça e superação tipicamente uruguaia.
Em memória desta tradição, o Site Oficial do São Paulo saúda a todos os bravos uruguaios que por aqui deixaram sua marca, suas glórias e conquistas!
ACOSTA (Graciano Acosta Torres) – Volante (1937 a 1938)
AGUIRRE (Diego Vicente Aguirre Camblor) – Meia-atacante (15/06/1990 a 14/09/1990)
ARMIÑANA (Emilio Armiñana) – Meia (1930 a 1931)
CARRASCO (Juán Ramon Carrasco Torres) – Meia (11/06/1990 a 31/12/1990)
DARÍO PEREYRA (Alfonso Darío Pereyra Bueno) – Zagueiro, Volante, Meia (20/10/1977 a 09/10/1988) Técnico de 20/04/1997 a 11/02/1998
FORLÁN (Pablo Justo Forlán Lamarque) – Lateral direito, Zagueiro (18/04/1970 a 09/04/1976) Técnico de 30/05/1990 a 10/10/1990
FURTEMBACH (Ruben Alfredo Furtembach) – Lateral esquerdo, Zagueiro (01/05/1985 a 31/07/1986)
GUTIÉRREZ – Meia-direita (1936)
LUGANO (Diego Alfredo Lugano Moreno) – Zagueiro (2003 a 2006)
MATOSAS (Gustavo Christian Matosas Paidón) – Meia (1993)
PLATERO (Ramón Platero) – Técnico de 11/05/1940 a 22/12/1940
PEDRO ROCHA (Pedro Virgílio Rocha Franchetti) – Meia-esquerda (21/09/1970 a 24/09/1979)
RAMÓN (Ramón Vicente Jesus) – Volante (11/1941 a 31/08/1942)
ROSS (Conrado Ross) – Técnico de 07/03/1942 a 08/05/1943
SQUARZA (Herculano Romulo Squarza) – Zagueiro (12/04/1940 a 12/04/1942)
URRUZMENDI (Eusebio Urruzmendi) – Atacante (1951)
VEGA (Apparicio Vega) – Atacante (1934 a 1935)