Os são-paulinos em Copas do Mundo pela Seleção Brasileira

Os são-paulinos em Copas do Mundo pela Seleção Brasileira

Calendário 12/06/2014 - 08:52

O Site Oficial do São Paulo trará, durante a realização da Copa
do Mundo de 2014, uma série de matérias especiais relacionando o
Tricolor do Morumbi com o campeonato mundial, a seleção brasileira
e algumas seleções estrangeiras. A primeira dessas reportagens fala
sobre todos os jogadores da história do clube a terem disputado o
maior evento futebolístico do planeta vestindo a camisa do
Brasil. 

 

As Copas do Mundo antes da 2ª Guerra
Mundial

O São Paulo nasceu, curiosamente, no ano em que foi realizada a
primeira Copa do Mundo, em 1930. E já naquele ano contou com um
representante no selecionado canarinho, embora os acontecimentos
envolvendo Araken Patusca, o atleta em questão, sejam um pouco mais
complexos e mereçam melhor explicação: Araken, quando da convocação
da CBD, estava expulso do quadro de sócios do Santos, mas ainda
registrado na APEA (federação paulista) como jogador daquela
equipe. Em verdade, o craque já se alinhava em campo pela equipe do
São Paulo, então no bairro da Floresta. O Santos posteriormente
tentou revogar a expulsão proferida, mas Araken permaneceu no
Tricolor, fazendo carreira no clube até 1935, regressando ainda nos
anos 40.

O caso de Araken não foi a única confusão na primeira Copa do
Mundo. Houve uma série de atritos entre as federações paulista e
carioca que acabou ocasionando um boicote pela associação paulista
e impedindo que outros ídolos tricolores convocados participassem
do torneio (Araken acabou sendo registrado, de última hora e de
modo um tanto quanto “pirata” – aproveitando-se do litígio com o
Santos -como filiado à federação do Rio de Janeiro. Haviam sido
convocados: Nestor, goleiro, Clodô, zagueiro, Friedenreich e
Luizinho, atacantes. 

Na Copa do Mundo da Itália, em 1934, novamente bagunças
administrativas internas envolvendo, agora, ligas profissionais e
amadoras, impediram que a Seleção Brasileira se apresentasse com os
melhores jogadores. Só viajaram à Europa jogadores do Botafogo ou
aqueles que foram sorrateiramente contratados pela CBD (amadora e
filiada à FIFA). O São Paulo, profissional desde 1933 e filiado a
FBF (não-filiada à FIFA), teve quatro jogadores convocados apesar
disso. Os jogadores foram aliciados e disputaram o mundial sob
contrato direto com a CBD.  

O Tricolor não contou com jogadores na Copa do Mundo de 1938.
Recentemente refundado, em 1935, o São Paulo ainda engatinhava,
buscando novamente se estabelecer como um grande clube do futebol
brasileiro. Contudo, Argemiro, Hércules, Luizinho e Waldemar de
Brito eram os ex são-paulinos na disputa. Todos eles tricolores até
o aliciamento de 1934 ou o fechamento temporário do clube, em
1935.

 

As Copas do Mundo pós 2ª Guerra Mundial

A Copa realizada no Brasil em 1950 contou com a famosa linha
média do Tricolor, composta por Rui, Bauer e Noronha. Bauer saiu
consagrado dos escombros daquele certame e sendo apelidado como o
Monstro do Maracanã. O atacante Friaça, autor do gol brasileiro na
final contra o Uruguai, também era do São Paulo. 

Em 1954, a Copa realizada na Suíça levou novamente grandes
defensores do Tricolor: Bauer, na segunda participação dele,
Alfredo Ramos e Mauro, o zagueiro que oito anos depois ergueria a
Taça Jules Rimet na conquista do bicampeonato mundial da Seleção
Brasileira. Maurinho, ponta, também representou o Tricolor naquela
edição.  

Na Suécia, o Brasil conquistou a primeira Copa do Mundo e
estiveram em campo com a Seleção os jogadores Mauro, pela segunda
vez, De Sordi, que disputou toda a Copa mas não pôde entrar em
campo na partida final e o meia Dino Sani. Bellini, que ergueu a
taça pela primeira vez na história, era então jogador do Vasco da
Gama, mas em 1962, no bicampeonato mundial brasileiro, já era
jogador do Tricolor. Ao lado de Bellini, o defensor Jurandir também
disputou aquela Copa do Mundo realizada no Chile como jogador
são-paulino. 

Então favorito, o Brasil deixou escapar a conquista da Copa de
1966, disputada na Inglaterra, jogando muito abaixo do esperado.
Tomaram parte naquela edição Bellini e Paraná. Já em 1970, na
conquista do Tri, o são-paulino presente era o canhotinha de ouro
Gérson, contratado junto ao Botafogo em 1969. Gérson marcou um gol
na final da Copa, contra a Itália. 

Waldir Peres foi o primeiro goleiro tricolor a disputar uma Copa
do Mundo. Não bastasse isso, disputou três consecutivas, 1974, 1978
e 1982. Ao lado do segundo homem que mais vestiu a camisa do São
Paulo na história estiveram, em 1974, Mirandinha, em 1978, Zé
Sérgio e Chicão – aquele que parou a Argentina na casa adversária
hostil – e em 1982, no time que encantou o mundo inteiro, Oscar,
Serginho Chulapa e Renato. O zagueiro são-paulino marcou um gol
contra a Escócia, enquanto que Serginho balançou as redes contra
Nova Zelândia e Argentina. 

 

Recorde de são-paulinos no elenco

Em 1986, novamente o título da equipe brasileira bateu na trave,
mesmo com a participação recorde de são-paulinos no evento: Foram 5
jogadores, a saber: Oscar, Falcão, Müller, Careca e Silas. O
centro-avante Careca, inclusive, marcou 5 gols naquela Copa
(Argélia, Irlanda do Norte, duas vezes, Polônia e
França). 

Em 1990, ao contrário, somente Ricardo Rocha esteve em campo com
a Seleção que caiu frente a Argentina, nas oitavas de final. Tudo
foi diferente em 1994. Sem Raí, negociado com o Paris Saint-Germain
ainda em 1993, e Ronaldão, às vésperas da Copa, o São Paulo enviou
à Seleção que se sagraria tetracampeã mundial o goleiro Zetti, os
laterais/meio-campistas Cafu e Leonardo, além do atacante
Müller.

Quatro anos depois, na França, foram vice-campeões mundiais:
Denilson, jovem revelação cuja futura transferência para o Bétis,
da Espanha, rendeu valores recordes, e Zé Carlos, “revelação”
tardia do futebol nacional que alcançou o ápice da carreira ao
disputar a semifinal da Copa contra a Holanda, após ter chegado ao
Tricolor vindo da segunda divisão paulista, onde jogava na
Matonense. 

Por fim, o capitão tricolor, Rogério Ceni, tomou parte na
disputa das Copas do Mundo de 2002, onde foi campeão mundial ao
lado dos também são-paulinos Belletti e Kaká, e em 2006, junto do
volante Mineiro.

Percebe-se assim que, além de ser o maior fornecedor de
jogadores à Seleção Brasileira em Copas do Mundo (fato que
abordaremos em matéria vindoura), sempre que a Seleção Brasileira
foi campeã do mundo havia um jogador do São Paulo no elenco.

 

Confira a relação resumida de são-paulinos na Copa do
Mundo pela Seleção Brasileira:

  • 1930: Araken Patusca 1*;
  • 1934: Sylvio Hoffmann 2, Armandinho 3,
    Luizinho 4, Waldemar de Brito 5;
  • 1950: Bauer 6, Rui 7, Noronha 8, Friaça
    9;
  • 1954: Mauro 10, Alfredo 11, Bauer 12, Maurinho
    13;
  • 1958: De Sordi 14, Mauro 15, Dino Sani
    16;
  • 1962: Bellini 17, Jurandir 18;
  • 1966: Bellini 19, Paraná 20;
  • 1970: Gérson 21;
  • 1974: Waldir Peres 22, Mirandinha 23;
  • 1978: Waldir Peres 24, Chicão 25, Zé Sérgio
    26;
  • 1982: Waldir Peres 27, Oscar 28, Serginho 29,
    Renato 30;
  • 1986: Oscar 31, Falcão 32, Müller 33, Careca
    34, Silas 35;
  • 1990: Ricardo Rocha 36;
  • 1994: Müller 37, Cafu 38, Zetti 39, Leonardo
    40;
  • 1998: Zé Carlos 41, Denílson 42;
  • 2002: Rogério Ceni 43, Belletti 44, Kaká
    45;
  • 2006: Rogério Ceni 46, Mineiro 47.

Totalização:

– 47 presenças, 46 convocações (*excluída a participação de
Araken, então convocado em litígio, e não incluídos os quatro
jogadores impedidos de disputar em 1930).
– 39 jogadores presentes, 38 jogadores convocados (seis deles
convocados duas vezes, e um convocado três vezes)**.

**2 vezes: Bauer, Mauro, Bellini, Oscar, Müller e Rogério
Ceni
**3 vezes: Waldir Peres.

 

Pré-Convocações e Listas de Espera (não foram à
Copa)
  • 1930: Nestor (impedido de ir);
  • 1930: Clodô (impedido de ir);
  • 1930: Luizinho (impedido de ir);
  • 1930: Friedenreich (impedido de ir);
  • 1950: Savério (pré-convocação);
  • 1950: Teixeirinha (pré-convocação);
  • 1958: Riberto (grupo de 40 convocados);
  • 1958: Zizinho (grupo de 40 convocados);
  • 1958: Canhoteiro (grupo de 40
    convocados);
  • 1958: Gino Orlando (grupo de 40
    convocados);
  • 1962: De Sordi (grupo de 40 convocados);
  • 1962: Prado (grupo de 40 convocados);
  • 1962: Benê (grupo de 40 convocados);
  • 1966: Roberto Dias (grupo de 40
    convocados);
  • 1966: Fefeu (grupo de 40 convocados);
  • 1966: Fábio (pré-convocação);
  • 1970: Toninho Guerreiro (pré-convocação);
  • 1970: Jurandyr (pré-convocação);
  • 1974: Gilberto Sorriso (grupo de 40
    convocados);
  • 1974: Chicão (grupo de 40 convocados);
  • 1978: Serginho Chulapa (pré-convocação);
  • 1982: Mário Sérgio (grupo de 40
    convocados);
  • 1982: Zé Sérgio (pré-convocação);
  • 1986: Gilmar (cortado);
  • 1986: Sidney (cortado);
  • 1998: Márcio Santos (cortado);
  • 2014: Alan Kardec (grupo de 30
    convocados).

 

Agradecimentos a André do
Nascimento Pereira e Marcelo Leme de Arruda

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