A Copa do Mundo de 1958, realizada na Suécia, foi a primeira sem o idealizador da competição, Jules Rimet, que falecera dois anos antes. O país nórdico foi escolhido para ser sede do mundial pelos mesmos motivos que levaram a Suíça a abrigar a competição quatro anos antes: a neutralidade na última grande guerra (a Europa ainda sofria as mazelas do confronto).
53 seleções se inscreveram para as Eliminatórias (Suécia, anfitriã, e Alemanha Ocidental, atual campeã, já estavam com vaga assegurada). O Brasil, nessa fase, enfrentaria Venezuela e Peru, mas a primeira citada abandonou a competição, restando assim à Seleção Brasileira superar a equipe peruana. Não foi fácil. Após empate por um gol fora de casa, Didi decretou, com a famosa “folha seca”, a classificação verde-amarela marcando o único tento do jogo de volta, no Maracanã.
Duas grandes seleções não participaram do torneio: Uruguai, eliminado pelo Paraguai após uma goleada por 5 a 0, em Assunção. E Itália, que havia naturalizado Ghiggia e Schiaffino, foi posta fora pela seleção da Irlanda do Norte. Aliás, a Copa do Mundo de 1958 foi a única que contou com a presença de todos os países do Reino Unido: Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte.
Os grandes favoritos eram a União Soviética, então campeã olímpica e a Suécia, por ser o país sede e contar com jogadores experientes no futebol italiano. A Hungria vinha enfraquecida por perder parte dos jogadores consagrados de 1954 na Revolução Húngara de 1956. A campeã da Copa de 1954, a Alemanha Ocidental, não atravessava boa fase: havia perdido sete dos últimos 10 amistosos anteriores.
OS SÃO-PAULINOS
Na Suécia, estiveram em campo com a Seleção os jogadores Mauro, pela segunda vez, De Sordi, que disputou toda a Copa mas não pôde entrar em campo na partida final por contusão e o meia Dino Sani.
Contudo, na lista de 40 nomes levada à FIFA, outros quatro são-paulinos estiveram com chances, ou na espera, de ir ao Mundial: Riberto, lateral esquerdo; o veterano Zizinho, meio-campista; Canhoteiro, ponta-esquerda e o centroavante Gino Orlando.
Dino Sani, que herdou a camisa nº 5 por causa do lapso da CBD em registrar os jogadores com os respectivos números (A FIFA acabou por inscrever os jogadores em ordem alfabética), jogou no São Paulo de 1954 a 1961, participando de 325 jogos e marcando 113 gols. Foi campeão paulista de 1957. Na Copa de 1958, defendeu a Seleção nas duas primeiras partidas, contra Áustria e Inglaterra. Deu lugar a Zito nas seguintes.
A camisa de nº 14 coube a De Sordi. O defensor fez 5 partidas na Copa como titular. Na final, contundido, cedeu a vaga no time a Djalma Santos. No Tricolor esteve em campo entre 1952 e 1965, em 544 jogos, nunca anotando nenhum gol. Foi campeão paulista de 1953 e 1957.
Mauro Ramos, o zagueiro que em 1962 ergueria a taça de campeão, nessa Copa foi inscrito com a camisa nº 16 e não jogou nenhuma partida. Vestindo as cores do São Paulo, ele conquistou quatro títulos estaduais (1948, 1949, 1953 e 1957), com 498 jogos e 2 gols, entre 1948 e 1959.
Por fim, Vicente Feola, o técnico da Seleção Brasileira, foi, por inúmeros vezes treinador do Tricolor e, na época, era dirigente do clube. Como também o chefe da delegação brasileira na Suécia, Paulo Machado de Carvalho, que foi presidente do São Paulo em duas oportunidades, além do psicologo da delegação, Dr. João Carvalhaes.
A CAMPANHA
O Brasil começou a Copa do Mundo no grupo 4 da competição. Chave difícil com Inglaterra e União Soviética como principais adversários. Após a vitória por 3 a 0, contra a Áustria (em que o goleiro Gylmar foi um dos melhores em campo), a Seleção empatou com a Inglaterra em 0 a 0, o primeiro empate sem gols na história das Copas.
Precisando mudar, Feola promoveu três alterações para o terceiro jogo (e que se mantiveram para o restante da Copa): Saíram Dino Sani, Joel e Mazzola. Entraram Zito, Garrincha e Pelé, então com 17 anos. Foi um massacre. Não fosse o goleiro Yashin, a União Soviética teria sofrido uma goleada histórica.
Nas quartas de final, a partida mais difícil em toda a competição contra o adversário menos provável. Gales só se classificara para o torneio graças as desistências de três países da Ásia e África (Turquia, Indonésia e Sudão) haviam se recusado a enfrentar Israel, por motivos políticos.
Para não classificar Israel automaticamente para a Copa sem que tivessem disputado um jogo sequer das eliminatórias, a FIFA forçou a seleção do Oriente Médio a disputar a vaga contra a já eliminada equipe de Gales, que no fim se deu melhor, obtendo a classificação.
O jogo foi truncado, com o Brasil desperdiçando muitas chances e o goleiro galês se destacando. Somente aos 26 minutos do segundo tempo, Pelé, encobrindo o zagueiro adversário, marcou o único gol do jogo, selando o avanço brasileiro à semifinal.
A partir daí, duas goleadas por 5 a 2: o Brasil não encontrou grandes dificuldades com a França, do artilheiro Fontaine, e com a anfitriã Suécia (que havia eliminado soviéticos e alemães), com grandes atuações da linha ofensiva brasileira, sagrando-se assim, pela primeira, campeão do mundo.
JOGOS
Primeira Fase
08/06 – Brasil 3×0 Áustria. Gols de Mazzola (2) e Nilton Santos.
11/06 – Brasil 0x0 Inglaterra.
15/06 – Brasil 2×0 União Soviética. Gols de Vavá (2).
Quartas de final
19/06 – Brasil 1×0 Gales. Gol de Pelé.
Semifinal
24/06 – Brasil 5×2 França. Gols de Vavá, Didi e Pelé (3).
Final
29/06 – Brasil 5×2 Suécia. Gols de Vavá (2), Pelé (2) e Zagallo.
A DELEGAÇÃO
OS INSCRITOS
FICARAM DE FORA
Na lista de espera: