O envolvimento do São Paulo FC com a história da Seleção
Brasileira em Copas do Mundo não se conta somente através das
participações de grandes jogadores. O Tricolor também possui nomes
importantes ligados aos bastidores e ao comando da equipe
nacional.
Em algumas delegações, dirigentes e técnicos são-paulinos
tomaram parte da cadeia decisória da Seleção. Eram responsáveis
pelo bom andamento da equipe em solo estrangeiro durante a
competição e certamente também merecedores de louros e
críticas.
Conheça um pouco, então, de Vicente Feola, Paulo Machado de
Carvalho e Aimoré Moreira:
VICENTE ÍTALO FEOLA
Ex-jogador de futebol, Vicente Feola teria atuado pelo Tricolor
em equipes secundárias quando o time ainda se situava no bairro da
Floresta (não há registro fiel do fato). Começou a carreira de
treinador no São Paulo em 1937, após passagem pelo Estudantes.
Desde então, apesar de idas e vindas e troca de postos, sempre
esteve ligado ao clube de alguma forma.
Foi o treinador efetivo do Tricolor em sete oportunidades e
ainda o técnico substituto em outras quatro situações. É aquele que
mais tempo permaneceu no cargo são-paulino, somadas todas as
passagens, como também é o detentor do recorde de jogos no comando
do time, com 532 partidas.
Em 1950, devido ao sucesso obtido com os títulos paulistas de
1948 e 1949, deixou o Tricolor provisoriamente nas mãos de Leônidas
da Silva, recentemente aposentado, para tornar-se o assistente do
treinador Flávio Costa na Copa. Foi vice-campeão do mundo. Mas a
história com a Seleção Brasileira não poderia parar por ai.
Sob comando de Paulo Machado de Carvalho, também são-paulino,
Vicente Feola foi o técnico do Brasil na conquista do primeiro
campeonato mundial, em 1958. Responsável pela convocação de um
garoto de 17 anos para a disputa do torneio mais importante do
futebol (Pelé), Feola acabou ofuscado pelos craques e estereotipado
por lendas como um senhor bonachão, mas em verdade era profundo
conhecedor da técnica e da tática do esporte.
Quatro anos depois da conquista da Copa do Mundo da Suécia,
Feola dirigiria a Seleção Brasileira, desta vez no Chile.
Adoentado, ele deu lugar a Aimoré Moreira (também Tricolor). Voltou
a comandar o Brasil em uma Copa do Mundo em 1966, mas dessa vez sem
o braço forte de Paulo Machado de Carvalho, a organização da
delegação lhe causou problemas e o time foi eliminado do
certame.
No São Paulo, mesmo antes do sucesso na Seleção, assumiu cargos
administrativos. Mas sempre que a situação pedia, após queda de um
técnico ou outro, lá esteve presente guiando o Tricolor. Faleceu em
1975, no mesmo ano em que foi inaugurada, no Estádio Cícero Pompeu
de Toledo, uma Escolinha de Futebol com o nome dele.
PAULO MACHADO DE CARVALHO
Radialista famoso e empresário bem sucedido (dono e fundador da
Rádio Pan-Americana e da Rádio e TV Record), Paulo Machado de
Carvalho foi eleito, em 1940, membro do Conselho Deliberativo do
São Paulo FC. Também exerceu o cargo de Secretário Geral. No mesmo
ano, ele foi indicado e eleito para o cargo de Presidente da
Diretoria.
Em 1942, foi o responsável direto pela contratação do ídolo
são-paulino, Leônidas da Silva. Dois anos depois foi escolhido para
dirigir o Departamento de Futebol Profissional. Outro par de anos a
seguir, foi novamente eleito presidente do São Paulo FC, desta vez
por aclamação.
Mas Paulo Machado preferia o comando direto do futebol. Assim,
em 1948 voltou a dirigir o departamento profissional do Tricolor,
onde permaneceu até 1951. Nesse ano, o Dr. Paulo pregou uma peça em
todos os são-paulinos: com Geraldo José de Almeida, locutor da
Pan-Americana, produziu a locução de um jogo fictício entre São
Paulo e Milan, no qual os italianos goleavam por 8 a 1. Era tudo
mentirinha de 1º de abril.
Ficou conhecido também como “Marechal da Vitória” por ter
chefiado as delegações brasileiras nas conquistas dos Campeonatos
Mundiais de 1958, na Suécia e 1962, no Chile. Apesar de ser exemplo
pelo modelo de gestão administrativa, é mais notória a intervenção
de Paulo Machado na decisão do primeiro título mundial, na passagem
sobre a camisa da seleção na partida:
A Suécia, dona da casa, jogaria de amarelo. Não havia segundo
uniforme. Um outro conjunto que o Brasil anteriormente usava era
branco, mas a mera visão daquela camisa remetia lembranças
dolorosas de 1950 (quando com essa vestimenta perdeu o título no
Maracanã, para o Uruguai). Os jogadores ficaram tensos e
preocupados com o fato.
Feola alertou o Dr. Paulo, que era muito supersticioso (durante
toda a Copa de 1958 ele usou o mesmo terno, afinal, começou
ganhando com ele) e o chefe da delegação não deixou por menos:
Mandou comprar jogos de camisas azuis em uma loja em Estocolmo,
depois pediu que arrancassem os escudos da CBD das camisas amarelas
e que pregassem nas novas, bordando também os números.
Por fim, reuniu-se com os jogadores, para motivá-los sobre a
nova vestimenta, primeiramente dizendo que das cinco Copas
anteriores, quatro seleções haviam sido campeãs com a cor azul;
depois, apelando a emoção, concluiu: “É a cor do manto de Nossa
Senhora Aparecida“. E assim, de azul, o Brasil foi campeão
mundial pela primeira vez.
AIMORÉ MOREIRA
Do trio de irmãos treinadores, somente Ayrton Moreira não
treinou o Tricolor. Zezé Moreira foi técnico do São Paulo em 1970
(campeão paulista). Já Aimoré Moreira comandou o Tricolor anos
antes, em duas ocasiões: 1962 e 1966.
Na primeira passagem, justamente a que o levou para a Copa do
Mundo do Chile, Aimoré só esteve à frente do São Paulo em 12
partidas, nas quais conseguiu levar o São Paulo ao vice-campeonato
do Torneio Rio-São Paulo, a melhor colocação do clube naquela
disputa até então.
Em 17 de março, após jogo contra o Flamengo no Morumbi, Aimoré
deixou o Tricolor para assumir a Seleção, mas mantendo o contrato
com o clube e garantindo o retorno. Porém, os processos de
convocações e cortes de jogadores minaram o relacionamento do
treinador com a diretoria do São Paulo.
Aimoré havia pré-selecionado cinco jogadores do São Paulo para a
lista de 40 nomes enviados a FIFA: Bellini, Jurandyr, De Sordi,
Benê e Prado. Somente os dois primeiros seguiram junto à Seleção
para a Copa, fato que desagradou muitíssimo os dirigentes
são-paulinos e ainda mais o próprio Aimoré, que desgostoso com essa
reação e após a conquista do bicampeão mundial do Brasil, rompeu o
contrato com o Tricolor no dia 1 de julho.
Mas a história entre Aimoré Moreira e o São Paulo não terminou
assim. Em 1966, ambos se acertaram novamente e o técnico comandou o
São Paulo mais uma vez, agora a temporada inteira. Não conseguiu,
contudo, repetir o mesmo sucesso que teve com a camisa amarela do
Brasil.
PROFISSIONAIS DE PONTA
Além do chefe de delegação e dos dois técnicos citados, o São
Paulo também contribuiu em outras funções técnicas, com
profissionais que reconhecidamente significaram avanços tanto nos
campos de atuação de cada um, como para o futebol em geral. Veja a
relação dos nomes, abaixo: