Quem esteve no Morumbi na manhã desta sexta-feira ganhou um prêmio: pode ver o treinamento de uma campeã olímpica em plena pista de atletismo da casa tricolor. Foi nela que a são-paulina Maurren Maggi realizou os trabalhos do dia, acompanhada pelos técnicos Nélio e Tânia.
Maurren, que voltou a poucos dias da Espanha, onde realizou um período de fortes treinamentos, se mostrou muito à vontade no Morumbi. Tão à vontade que fez o melhor treinamento do ano, segundo o treinador da atleta.
“O treino foi um pouco de tudo. Os saltos foram grandes, os aspectos da técnica ela fez muito bem, e por isso os saltos saíram grandes. Fez treinos equilibrados na fase aérea, ou seja, a fase de impulsão, que é a mais importante, foi muito bem feita. Foram vários saltos bons, apenas um foi desequilibrado, os outros foram muito legais. Se a gente tivesse medido iríamos ficar assustados, pois ela foi longe, com certeza acima de 6m80”, afirmou.
“É muito bom treinar no Brasil, e hoje especialmente está sendo maravilhoso treinar aqui no Morumbi. A pista é excelente. Treinei muito bem, estou totalmente animada, está sendo um período de treino bem animador pra mim, estou bem inspirada pra treinar cada dia mais e mais”, completou a são-paulina, que foi assistida pelos jovens do projeto são-paulino Kiatleta – o programa oferece aulas de atletismo a crianças carentes.
Após o treinamento, Maurren conheceu as instalações da academia Companhia Athletica, que fica dentro do estádio. A são-paulina se impressionou com a estrutura e até se arriscou no estúdio de pilates do local.
Veja como foi a entrevista coletiva de Maurren após o
treino:
– Como viu o desempenho das adversárias no Mundial Indoor, que aconteceu na Turqia?
Maurren: “Esperava que a prova fosse ser forte mesmo, foi um salto que a Brittney (Resse, norte-americana) acertou e foi um nível alto. Optei por treinar mais e não participar, meu objetivo está mesmo nas Olimpíadas, e acho que a briga será dura, mas boa. Será de igual pra igual, estou treinando muito, abrindo mão de muitas coisas e vou fazer valer a pena lá na frente”
– Em relação a treinamentos, está fazendo mais do que fez antes
das Olimpíadas de Pequim por defender o ouro agora?
Maurren: “Estou sentindo igual, mesma garra, objetivo totalmente diferente, pois hoje já sou campeã olímpica, mas é melhor ser bicampeã. Estou superbem, mudei poucas coisas”
Nélio: “Ela não tem treinado muito em quantidade, mas de uma maneira adequada pra que salte da melhor maneira possível no momento certo. É melhor ela manter a qualidade do treino, como foi hoje. Não foi um treino muito comprido, mas vocês tiveram a possibilidade de ver um treino cuja intensidade foi alta e a qualidade foi espetacular”
– As lesões desse ano atrapalharam os trabalhos até
agora?
Maurren: “Não, a lesão pede um descanso do corpo, treinei bem hoje e é mais senti mesmo que o corpo está pedindo descanso. A experiência me deu esse feeling de estar mal ou bem para estar treinando cada dia melhor”
– Quais são os planos de treinamentos até os Jogos
Olímpicos?
Maurren: “Fizemos um ciclo de treinos em Madri de cerca de duas semanas que foi muito proveitoso. Estamos colhendo os efeitos daquele treino aqui, esse treino de hoje me deixou muito animada. Teremos possibilidade de fazer o último ciclo de treinos pra Olimpíada de novo em Madri, algumas semanas em julho, praticamente nossas últimas semanas de treino a gente repete esses treinos na Espanha”
– Quais serão as próximas competições que você deve
disputar?
Maurren: “As competições serão os três Meetings do Brasil (Belém, São Paulo e Rio de Janeiro), Prefontaine Classic (em Eugene Estados Unidos), Ibero-Americano e o Troféu Brasil. Em todos, a medalha é consequência, não objetivo”
Nélio: “O mês de maio é muito intenso, temos os três GPs do Brasil e poderíamos fazer um na China, mas optamos pela viagem mais curta. O Prefontaine é muito forte, muito bem organizado, então será uma competição duríssima. Logo depois disso temos o campeonato Ibero-Americano e no final do mês Troféu Brasil. Não temos muito espaço para fazer competições na Europa. Se não fosse uma atleta tão experiente seria melhor fazer mais competições, mas não é o caso da Maurren”
– Por ser jovem, a norte-americana Brittney Reese (atualmente
uma das melhores saltadoras do mundo) pode sentir a pressão
nos Jogos Olímpicos?
Maurren: “Posso falar de mim, não das outras. A sorte ou azar é delas. Quero estar bem preparada para mostrar o serviço na hora. A pressão é pra todo mundo porque é ano olímpico, todos querem ser campeões olímpicos, você vai lá pra mostrar serviço em seis saltos. É o ano mais difícil da carreira de qualquer atleta”
– Quando acha que estará no auge neste ano?
Nélio: “Esperamos que ela esteja no auge nos Jogos Olímpicos. Mas em maio ou junho esperamos que ela salte acima dos 6m80. Se ela tiver a possibilidade de encontrar boas condições para competir ela vai saltar algumas vezes acima de 6m80”