Na tarde da última terça-feira (20), a técnica da Seleção Brasileira, Pia Sundhage, fez sua primeira convocação à frente da equipe nacional, visando aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Dentre as convocadas, a volante do São Paulo, Yaya, de 17 anos, que defenderá pela primeira vez a camisa verde e amarela na categoria principal. A caçula do time, ainda tímida, conta um pouco de sua história no futebol, fora das quatro linhas e dos sonhos que pretende realizar.
As jogadoras foram chamadas os para dois primeiros amistosos sob o comando da treinadora sueca, na próxima semana, em São Paulo. A estreia será dia 29 de agosto, contra a Argentina, às 21h30, no Pacaembu, pelo Torneio Internacional de Futebol Feminino. Também disputam o quadrangular as seleções do Chile e da Costa Rica, que se enfrentarão às 19h30. Domingo, o Brasil voltará ao Pacaembu para a final, às 13h, ou a disputa do terceiro lugar, às 10h30.
Vitória Ferreira, que atende pelo nome de Yaya, está desde 2017 na base do São Paulo e coleciona títulos no Morumbi. Ela foi destaque no Sub-17 sendo bicampeã Paulista e também campeã da Fiesta sudamericana, no Paraguai. Em 2019, já no profissional, desceu para a base para ser campeã da primeira Copa Nike Feminina Sub-16. A jogadora tem contrato de formação com o clube até 2020.
Antes de se apresentar na Seleção Brasileira, Yaya viaja com a delegação são-paulina para Minas Gerais, onde jogarão a final do Campeonato Brasileiro Feminino A2, diante do Cruzeiro. Na primeira partida, o Tricolor venceu por 4 a 0, com um golaço de Yaya, agora, poderá perder por até três gols de diferença que levantará a taça.
Como começou o futebol na sua vida?
Desdes muito cedo. Com cinco anos, eu já frequentava a escola da minha madrinha, lá no bairro que eu moro, em Ferraz de Vasconcelos, e jogava com os meninos. Só fui atuar em campeonatos de meninas com 13, 14 anos, ainda de salão. Minha madrinha me levou fazer uma peneira no Centro Olímpico, e eu passei, desde então, nunca mais larguei o futebol. Sempre tive o apoio dos meus pais, da minha madrinha e de pessoas próximas para que tudo se tornasse realidade.
Vitória Ferreira Silva, mas todos te chamam de Yaya. Desde quando? Por quê?
Quando fui para o Centro Olímpico, com 13 anos, tinha outra Vitória no mesmo time, e o técnico começou a me chamar de Yaya. Ele disse que era para eu ver os vídeos do Yaya Touré, que também era volante e que eu seria igual ele, porque tínhamos jeitos parecidos de lidar com a bola. O apelido pegou e eu sou fã do futebol dele.
Em 2017 e 2018, você integrou quase todas as listas de convocação de Seleção Sub-17. A sensação desta vez foi completamente diferente?
Não sei nem explicar. Não esperava. Difícil descrever o momento em que eu soube. Sempre foi um sonho meu, mas não imaginei que aconteceria de forma tão rápida, com apenas 17 anos. Eu tenho um lobo tatuado na mão, porque eu tive um sonho muito nítido de que eu estava com a mão direita no peito, cantando o hino nacional, com a camisa da Seleção, e tinha esse lobo “olhando pra mim”, faz apenas dois meses que tatuei.
O que achou da primeira convocação da Pia?
Manter nomes fortes como o da Marta e da Formiga são importantes, mas me chamar mostra que ela está olhando para todos os times e dá esperança para todas as meninas da nova geração que novas oportunidades aparecerão. Apesar de ser a mais nova, vou chegar lá para disputar posição com as outras e brigar pelo meu espeço como qualquer outra.
Como você imagina esse primeiro treino na Seleção Principal?
Nem imagino como será. Aqui no São Paulo, no primeiro treino com a Cristiane, que ela deu orientações, trocamos passes, já fiquei emocionada, porque sempre admirei muito a Cris, tudo que ela representa pro futebol Brasileiro. Agora terei oportunidade de encontrar outras jogadoras que também são minhas referências, como a Formiga e Marta. Elas três são minhas maiores referencias no futebol feminino. Será um período de aprendizado e muito treino, com dedicação total.
Conte um pouco da sua família
Nasci em Suzano, mas moro em Ferraz de Vasconcelos desde pequena. Tenho sete irmãos, todos homens, sendo apenas um mais novo que eu só. Meu pai é pedreiro e dono de um bar. Minha mãe, que é separada dele, trabalhava como doméstica, mas deixou de exercer a função para cuidar do meu irmão de 12 anos, que ter autismo, e necessita dela por perto. Eles dois sempre estão nos meus jogos, me apoiando, torcendo.