Nascido em São Paulo, no dia 30 de novembro de 1955, Muricy Ramalho tem uma vida dedicada a seu trabalho – quase totalmente uma vida de trabalho pelo Tricolor.
Revelado pelas categorias de base do Tricolor, Muricy jogou no São Paulo em quase toda a década de 1970, como meia ou ponta de lança. Campeão Paulista de 1975 e dotado de muita habilidade com a bola nos pés, chegou a ser considerado uma das grandes promessas do futebol brasileiro após Pelé, mas uma contusão grave no joelho direito, em 1977, alterou essa perspectiva.
Impossibilitado de jogar, ainda deu uma imensa contribuição para a conquista do primeiro campeonato brasileiro do Tricolor: nos bastidores! O São Paulo não teria Serginho, suspenso pelo STJD depois da semifinal, pelo ataque ao bandeirinha do jogo contra o Botinha; o Atlético Mineiro não teria também Reinaldo, suspenso pelo colegiado por expulsão contra o Fast de Manaus. Rubens Minelli – que comandaria o time via radinho – mandou, de última hora, que Serginho fosse à Belo Horizonte para ser integrado ao grupo e que aparecesse no vestiário paramentado com o uniforme de jogo. Foi aquele alvoroço! A imprensa achou que o Tricolor havia de fato conseguido o efeito suspensivo. Desconcentrados pelo diz-que-me-diz dos corredores, os mineiros foram surpreendidos pela melhor postura dos jogadores do São Paulo. E tudo isso graças a Muricy, que foi o responsável por encontrar o centroavante em algum bar da zona norte da capital paulista e obrigá-lo a ir à Belo Horizonte.
Com sua contusão Muricy teve pouca sorte. Ainda retornou ao Tricolor, mas não exatamente com o mesmo desempenho. Em 1979, foi negociado com o Puebla, do México, onde encerrou a carreira de jogador e começou, em 1993, a de treinador.
No mesmo ano, regressou ao São Paulo para treinar a categoria infantil. Rapidamente foi subindo na hierarquia do clube, passando pelos juniores e tornando-se auxiliar técnico do Mestre Telê Santana, com quem aprendeu muito, conquistando seus primeiros títulos na função: a Copa Conmebol, em 1994, com o “Expressinho”, e a Master Conmebol de 1996.
Foi Muricy Ramalho que escolheu Rogério Ceni como o cobrador de faltas oficial do time logo no primeiro dia de titular absoluto no gol do Tricolor – um jogo amistoso contra o Colo-Colo, no Chile, em 3 de dezembro de 1996, ocasião em que o treinador espantou a todos com essa postura, mas que, curiosamente, não teve nenhuma falta perto da área para que o goleiro pudesse cobrar. O primeiro gol aconteceria em Araras, no dia 15 de fevereiro de 1997, ainda sob o comando de Muricy.
O treinador deixou o comando do time profissional em 1997, indo para estudos na China, com uma parceria obtida pelo São Paulo, mas em pouco tempo Muricy alçaria voo solo, dirigindo times pelo interior do Estado de São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina. Foi no Internacional, entre 2003 e 2005, que alcançou a maioridade na função. Após a conquista mundial do Tricolor, o técnico assinou o seu retorno ao Morumbi.
Em 2006, de início, um baque: a perda do tetracampeonato da Libertadores, justamente para o Internacional. Muricy, porém, recuperou o espírito do elenco e o São Paulo se sagrou tetracampeão brasileiro, feito que abriu caminho para a conquista do tricampeonato nacional consecutivo até o fim de 2008. O técnico ainda comandou o Mais Querido por mais algumas vezes, entre 2013 e 2015, obtendo o vice-campeonato brasileiro de 2014.
E, desde janeiro de 2021, Muricy Ramalho é coordenador de futebol do Tricolor, função com a qual já obteve mais um título: Campeão Paulista de 2021.
MURICY RAMALHO
Títulos conquistados no SPFC: Campeão Brasileiro de 1977 (sem jogar), Campeão Paulista de 1975. Como treinador: Campeão da Copa Conmebol de 1994, da Copa Master Conmebol de 1996 e Tricampeão Brasileiro, de 2006 a 2008. Como coordenador: Campeão Paulista de 2021.