A missão, na época, não era das mais fáceis: reerguer o Tricolor
no Campeonato Brasileiro de 2013 e lutar contra as últimas
colocações. Há exato um ano, no dia 9 de setembro de 2013, o
técnico Muricy Ramalho acertava a sua volta ao clube para resgatar
a força do São Paulo na competição nacional.
Com muito trabalho – sua marca registrada -, o treinador
conseguiu tirar a equipe da zona do rebaixamento e ainda reuniu
forças para brigar pelo título da Copa Sul-Americana, onde conduziu
o clube até a semifinal. Um ano depois, o saldo é positivo: Na
ocasião da sua chegada, o São Paulo ocupava a 18ª colocação no
Brasileiro do ano passado, com 18 pontos em 19 jogos.
Hoje, o time tem 36 pontos com o mesmo número de jogos, está no
segundo lugar e segue na caça do líder Cruzeiro (43). “Foi a
primeira vez que fui contratado pelo São Paulo para fazer uma coisa
dessa, porque eu não estava acostumado a ter que tirar o clube do
rebaixamento. Infelizmente o time estava em uma situação ruim, fui
contratado para ajudar e não pudemos dar atenção aos outros
campeonatos”, recorda.
“O objetivo era evitar um desastre, porque o clube e a torcida
não mereciam isso. Com muito trabalho, conseguimos tirar o São
Paulo daquela situação e, depois, veio a reformulação. E essa foi a
parte mais difícil, porque eu sou parceiro dos jogadores. Era muito
complicado. Pouco a pouco, fomos mudando o plantel e definindo a
filosofia de trabalho. A disciplina melhorou demais e, juntando
tudo isso, chegamos ao bom momento da equipe hoje”, avalia.
Com 433 jogos, Muricy é o segundo técnico que mais comandou o
Tricolor na história, atrás apenas de Vicente Feola, com 532. Foram
232 vitórias, 117 empates e 84 derrotas, com 62% de aproveitamento.
Em sua terceira passagem pelo clube, desde a estreia contra a Ponte
Preta (1 x 0), no dia 12 de setembro de 2013, o comandante disputou
69 partidas: 35 vitórias, 16 empates e 18 derrotas.
“Foi um risco assumir o time, naquela época, por tudo que ganhei
aqui. Mas, pesou muito o sentimento da torcida, que sempre gritava
o meu nome em todos os jogos. Em todos os lugares que eu ia, como
shoppings e restaurantes, as pessoas pediam para eu voltar. Na
minha casa, cheia de são-paulinos, era a mesma coisa (risos).
Então, não tinha como negar o clube que abriu as portas para mim
desde os meus 9 anos de idade”, relembra.
“Sinceramente, naquele momento, eu era a única pessoa que
poderia fazer isso. E não é por conhecer mais de futebol que os
outros treinadores, nada disso, mas eu conhecia mais o clube do que
ninguém. Acredito que a diferença tenha sido essa. De lá pra cá,
aprendemos com os erros e demos um caminho para as coisas”,
acrescenta.
De acordo com Muricy, que foi tricampeão brasileiro pelo
Tricolor, em 2006, 2007 e 2008, o maior legado neste período foi o
ambiente positivo resgatado no dia a dia do Centro de Treinamento
da Barra Funda. “Foi a melhor coisa. Já vi grandes times, com
grandes jogadores, mas que o clima não era bom. A gente tinha uma
excelente equipe de futebol, mas sem comprometimento”, afirma.
“Agora, não. Ao contrário. Escolhemos a dedo os atletas. Além de
grandes jogadores, são ótimas pessoas e que se comprometeram com a
torcida. Eles respeitam o clube. São diferenciados na parte técnica
e, por isso, o São Paulo tem melhorado no Campeonato Brasileiro”,
finaliza.