No dia 18 de novembro de 1960, há 55 anos, Éder Jofre venceu
Eloy Sanchez por nocaute no sexto “round”, no Olympic Auditorium,
em Los Angeles, e sagrou-se Campeão Mundial de Boxe pela Associação
Mundial de Boxe – AMB. Foi o primeiro título mundial do
são-paulino, que manteve o cinturão até 1965 (após outra conquista:
a unificação com o Conselho Mundial de Boxe, CMB, em 1962).
Nascido no dia 26 de março de 1936, na Rua Seminário, na capital
paulista, Eder Jofre começou muito cedo no pugilismo. Aos quatro
anos de idade já protagonizava “lutas” de exibição com a sua irmã,
Lucrécia Jofre, em circos e academias paulistanas.
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Tal precocidade se explica pela família Jofre. O pai, o argentino Jose Aristides Jofre, começou a trabalhar com boxe no Brasil após formar-se em Educação Física e frequentar a academia de Kid Prate. Depois do falecimento de Prate, Aristides Jofre herdou o local e o apelido do tutor, passando a ser conhecido como Kid Jofre.
Praticando o esporte, Kid Jofre conheceu outra família tradicional na modalidade, os Zumbanos. Kid Jofre casou-se com a filha de Ilgino Zumbano, Dona Angelina, e tiveram quatro filhos: Lucrécia Maria, Éder, Dagoberto e Mauro Jofre. E todos eles, no fim, lutaram boxe em algum momento da vida. A vertente da família proveniente da mãe também: os parentes Ilgino, Waldemar, Erasmo, Antônio, Ralf e Ricardo Zumbano foram muito populares em suas épocas nos ringues da cidade. Ao todo, mais de vinte familiares calçaram luvas vermelhas. E todos, praticamente, sob as cores do São Paulo Futebol Clube, que bancava as academias.
Apesar dessa imersão pugilística, Éder Jofre cresceu como um garoto normal do bairro do Peruche da época: jogava futebol e malha, empinava barrilhete, nadava no rio e pegava rãs, surrupiava umas frutas na chácara da japonesa que lhe era vizinha…
O boxe passou a tomar uma porção significativa da vida de Éder a partir da adolescência. A primeira luta “para valer” que presenciou foi nessa fase, com uns 14 anos, entre o tio Zumbanão e o experiente Oitenta e Quatro (apelido de Osvaldo Silva, famoso boxer da época, que já havia lutado em Nova Iorque, Los Angeles e Washington). Do combate, na verdade, pouco viu: um fiscal notou a presença da criança e pediu que o retirassem da plateia. Éder teve que se resignar a ficar no vestiário, mas o boxe já o havia conquistado.
Os lutadores, para Éder, eram como super-heróis dos quadrinhos. Seu tio era o Tocha Humana, seu pai, o Capitão Marvel. E Éder? Éder gostava de pensar que era o Robin daquela turma. Por que não o Batman? “Ah, Batman não! Não, porque eu era fraquinho, magrinho“.
Mas o Robin Brasileiro começou a ganhar o mundo. Vitória após vitória, foi subindo os degraus da fama. Éder venceu praticamente todos os campeonatos amadores existentes, dos certames da Gazeta, a torneios internacionais, como a Taça Ramón Perdon Platero, disputada entre Brasil e Uruguai e até os Jogos Olímpicos.
Foi então que o pai, “seu” Kid, lhe chamou num canto e disse: “Você vai ser profissional e vai ganhar fama e dinheiro. Não posso dizer que será campeão, mas que vai tentar, isso vai“. Maior campeão que Éder Jofre até hoje o boxe brasileiro não viu. Como profissional, ele disputou 78 lutas, das quais venceu 72 vezes (50 delas por nocaute!), empatou quatro e perdeu somente duas, em duas decisões polêmicas, no Japão, contra Masahiko “Fighting” Harada. O fato o abalou, levando-o a abandonar o esporte até 1969, quando retornou em outra categoria, a peso pena, na qual novamente sagrou-se campeão mundial, em 1973.
O galinho de ouro Éder Jofre é o maior nome do boxe brasileiro. Campeão Mundial da AMB, dos pesos galos, em 1960. Unificado 1962 e novamente Campeão Mundial, agora como peso pena no CMB, em 1973. Condecorado o melhor peso galo de todos os tempos do CMB em 1983. Indicado ao Hall da Fama do boxe em 1992 e eleito o nono melhor pugilista dos últimos 50 anos pela Revista norte-Americana ‘The Ring’. Ao fim de sua carreira, seu cartel apresentava somente 2 derrotas – as duas nas controversas lutas contra o japonês Fighting Harada
Principais conquistas