O ano de 1993 foi muito especial para o São Paulo. Se na
temporada anterior o clube já havia sido campeão paulista, campeão
da Libertadores da América e campeão mundial, em 1993 o Tricolor
conquistou, por assim dizer, uma “quádrupla coroa”, mais
especificamente, uma “quádrupla coroa internacional”.
O São Paulo foi campeão da Libertadores da América, da Recopa
Sul-Americana, da Supercopa da Libertadores e do Mundial
Interclubes, naquele ano. Fato e feito jamais igualados.
O Mundial Interclubes foi decidido contra o poderoso, quase
mitológico, Milan. A partida, em verdade, era para ter sido
realizada contra o Olympique de Marseille, mas o clube francês foi
punido por um caso de corrupação e, assim, o Milan, vice-campeão
europeu – mas na realidade a maior potência do futebol naquele
momento no velho continente – foi o adversário do Tricolor naquele
sagrado dia de 12 de dezembro de 1993.
Meio-dia no horário local (meia-noite no Brasil), a bola rolou.
A pressão inicial foi implacável, Il rossoneri começaram
melhor o jogo. Aos 13′, acertaram o travessão e Zetti defendeu o
rebote quase por sorte ou instinto. Somente aos 19′ o São Paulo
teve a primeira chance – abençoada chance -, em contra-ataque.
Bastou.
André Luís, marcado por dois, acertou um lançamento para Cafu no
outro lado campo. A bola quicou, se amaciou na medida certa e então
o lateral, de prima, a cruzou para a área onde lá encontrou os pés
do camisa 10, Palhinha, que a chutou para o fundo do gol. Foi
aberto o placar, 1×0 São Paulo!
Os milanistas somente reagiram no segundo tempo. Aos 3′,
empataram com Massaro. Sem mudar o padrão de jogo, o Tricolor
novamente contra-atacou. 14′, Palhinha encontrou Leonardo livre
pela esquerda, que driblou e tocou para Cerezo, dentro da pequena
área, concluir. 2×1, Tricolor!
No desespero, a equipe italiana partiu para as jogadas áreas.
Com 36′ do segundo tempo, assim conseguiram o empate. Lástima? Tudo
levava a crer que a decisão ocorreria na prorrogação. O time que
jogou quase 100 partidas no ano suportaria?
A resposta veio aos 41′ em forma de prova definitiva de que, se
existe uma força maior no universo, ela era São Paulo Futebol Clube
naquele dia. Müller, em jogada despretensiosa, ao saltar para
escapar de um choque contra o goleiro, tocou de calcanhar a bola
rebatida para o gol! São Paulo 3×2!
Ao apito do juiz, Tóquio, São Paulo e o Mundo mais uma vez
tinham três cores. O zagueiro Ronaldão exprimiu o sentimento
tricolor: “Ano passado, o supertime era o Barcelona. Este ano,
o supertime era o Milan. Agora eu pergunto, se eles eram
supertimes, o que era o São Paulo, afinal?“
O São Paulo Futebol Clube era bicampeão mundial!