Um dos maiores nomes no boxe brasileiro e internacional, o são-paulino Éder Jofre celebra nesta quinta-feira (5) a conquista de seu bicampeonato mundial. No dia 5 de maio de 1973, Ginásio de Esportes de Brasília, o pugilista brasileiro venceu o espanhol José Legra, por contagem de pontos, e levantou o cinturão da categoria peso pena do Conselho Mundial de Boxe. Para chegar até a enorme vitória para a modalidade no país, o lutador contou no início da carreira com um incentivador para lá de especial: seu clube do coração, o Tricolor.
Nascido em uma família de boxeadores no dia 26 de março de 1936, na Rua Seminário, na capital do estado, Eder conviveu com o esporte desde criança. Por volta dos quatro anos entrou num ringue pela primeira vez, para treinar com o tio Ricardo Zumbano. A primeira “luta-exibição” foi com a sua própria irmã, Lucrédia Jofre, em circos e academias paulistanas. “Era gozado. As luvas eram enormes, grandonas e vinham até o cotovelo da gente. Quer dizer, as luvas eram normais, nós é que éramos pequenos”, relembrou, Éder, em entrevista ao Arquivo Histórico do São Paulo, em 2011.
Éder Jofre tinha seis anos de idade quando o São Paulo comprou do Flamengo um de seus maiores ídolos: Leônidas da Silva. O menino atravessou os anos 40 acompanhando o tricolor: “Eu acho que nasci são-paulino”, assegurou ele, que ainda criança chegou a fazer exibições de boxe com o distintivo do São Paulo no calção. E foi no clube do seu coração que ele começou a carreira de boxeador, tendo como técnico o próprio pai, Kid Jofre. Como atleta são-paulino, ganhou os primeiros campeonatos paulista e brasileiro que disputou. Ao lado de um outro atleta do tricolor, Adhemar Ferreira da Silva, foi representar o Brasil nas Olimpíadas de 1956, em Melbourne, na Austrália.
“O São Paulo foi uma grande experiência que eu tive na minha vida. Foi um grande negócio. Aprendi muitas coisas no clube e, com estas orientações, ganhei mais confiança para encarar o esporte. Sempre fui incentivado pelo clube, e ser são-paulino me ajudou ainda mais. Meu pai também era são-paulino e defendeu o clube em alguns campeonatos. Torcer pelo clube já era de família (risos), então tudo se tornou mais fácil. Sou eternamente agradecido ao São Paulo, pude lutar pelo clube em diversos campeonatos e fico muito contente por isso”, afirmou o pugilista, que acrescentou.
“Quando olho para trás, me dá vontade de voltar e fazer tudo de novo. Foram momentos incríveis, e felizmente tudo foi como o esperado neste período”, acrescentou Jofre, hoje com 80 anos de idade, e que esteve em época áurea no Brasil entre os anos 50 e 70. Depois de 23 anos dedicados ao boxe, com uma carreira profissional de 19 anos, em que acumulou um cartel de 78 lutas, 50 vitórias por nocaute, quatro empates e apenas duas derrotas, por pontos, Éder fez sua última luta no dia 08 de outubro de 1976.
No currículo, os feitos do boxeador mostram a sua importância para a modalidade no país. Foi Campeão Mundial da AMB, dos pesos galos, em 1960, e mais tarde unificado 1962 e novamente Campeão Mundial, como peso pena no CMB, em 1973. Foi condecorado o melhor peso galo de todos os tempos do CMB em 1983, indicado ao Hall da Fama do boxe em 1992 e eleito o nono melhor pugilista dos últimos 50 anos pela Revista norte-Americana ‘The Ring’.
“São lembranças que tenho muito orgulho. A festa dos brasileiros na minha conquista foi marcante. Ter estas glórias e poder compartilhar com a juventude de hoje é, sem dúvida, gratificante. Ter o trabalho reconhecido é algo difícil até para explicar, porque constantemente sou aplaudido pelas pessoas e recebo os parabéns. É gostoso ter este reconhecimento e saber que fiz algo positivo para o país. Agradeço ao São Paulo e ao povo brasileiro pelo reconhecimento”, finalizou.