Com uma semana de trabalho no São Paulo, o técnico André Jardine tem vivido um sonho como profissional do futebol. Assumir o comando da equipe principal de um tricampeão do mundo, mesmo que como interino, é considerado um privilégio pelo treinador, que chefia a equipe Sub-20, com a qual foi multicampeão desde que assumiu o clube, no início de 2015.
Mesmo com pouco tempo de trabalho, o treinador já teve a noção do que é comandar o clube, e fala um pouco sobre os dias de trabalho que teve até aqui. A ótima relação com os jogadores, a estrutura de ponta do Tricolor e a possibilidade de dirigir o clube em pelo menos uma partida no Morumbi motivam esse gaúcho de 36 anos ainda mais a conseguir o fazer o melhor possível no tempo em que ficar à frente do time.
Confira o bate-papo com o treinador!
Quais foram as primeiras impressões na Barra Funda?
Aqui no profissional o pessoal ainda não me conhece tanto, tirando os meninos, então meu primeiro passo é conquistar a confiança de todos com o trabalho. Isso leva um pouco de tempo, mas tenho certeza de que estamos construindo uma relação legal e que daqui pra frente, sempre que o clube precisar de mim, eu tenho certeza de que o pessoal vai me receber bem sabendo como eu trabalho.
Como foi essa primeira semana?
De muito trabalho. A partir do momento em que recebi a notícia, tivemos dois dias pra fazer o planejamento pra um jogo fora de casa, que era fundamental para o São Paulo na competição. Tivemos que mudar a maneira inicial de jogo, pra colocar em prática o que entendia que estaria bem executado pra agregar e fazer o São Paulo forte nesse jogo. Foi um trabalho bastante cansativo em cima de vídeo, de análise, e o resultado do jogo foi o resultado de um trabalho incessante. Nessa semana, com um pouco de tempo, com mais tranquilidade, a tendência é melhorar e ter tranquilidade pra executar aquilo que a gente imagina que seja o melhor pro time.
Quais são os desafios que tem aqui no São Paulo pra essa semana?
O maior desafio do momento é conseguir evoluir em cima desse último jogo. Temos um pontapé inicial que foi muito bom pelo pouco tempo que tivemos para trabalhar, mas fiquei satisfeito porque vi uma equipe, principalmente quando o jogo estava 0 a 0, que propôs o jogo o tempo todo, queria o resultado. Acabamos fazendo 2 x 0 num contra-ataque, mas com certeza não fico satisfeito na ideia de fazer um gol e recuar, passar a defender. Se tiver que ser, que seja, mas não é o ideal. Minha ideia é de sempre propor o jogo, avançar contra o adversário, sem mudar a forma de jogar independente do resultado.
O que chamou mais a atenção nessa semana?
A receptividade. Hoje, o CT da Barra Funda é composto por um grupo de profissionais muito competentes, mas mais que isso, existe um ambiente muito favorável a ajudar muito quem assumir o comando do São Paulo. O grupo de jogadores também, faço até um agradecimento público ao apoio que os jogadores vêm dando. Isso me impressionou porque não sabia que tipo de reação eles teriam comigo, foi muito tranquilo tocar a semana aqui, natural.
Algo surpreendeu?
O que me surpreendeu nesse tempo que estou aqui foi a resposta positiva que o time deu no jogo, a gente foi audacioso em mudar diversas coisas da rotina deles de jogar e de pensar o jogo, com o risco que se tinha de a equipe se atrapalhar por essas novidades. Treinamos pouco, mas tivemos muito uso das ferramentas visuais daqui, e a equipe executou a perfeição tudo o que pedimos.
Como é trabalhar com os meninos da base aqui no profissional?
Não tem dúvida que está sendo muito bom pra eles, porque querendo ou não, o vínculo que criamos foi muito grande, e claro que o pessoal de Cotia é referência pra eles. Tenho certeza de que eles se sentem de alguma maneira benquistos. Hoje, essa integração entre Cotia e Barra Funda está funcionando muito bem.
Qual é a expectativa de dirigir o time no Morumbi?
A expectativa é muito boa, com um pouco de ansiedade de ter esse primeiro contato com a torcida no profissional, apesar de que base a gente jogou alguns jogos da Copinha com bastante torcida. E a torcida do São Paulo me impressiona pela capacidade de mobilizar, apoiar, e posso afirmar que quem está ali dentro do campo arrepia mesmo com o apoio deles. Quando a gente se sente respaldado dá uma gana a mais, e a minha ansiedade por viver esse momento pela primeira vez num estádio que tem toda uma história, de um clube com toda essa história, é o sonho de qualquer profissional. Vai ser a realização de um dos sonhos que tenho, e com certeza vai ser gratificante. A gente espera que seja um jogo bom, que a gente conquiste a vitória e saia uma relação bacana com a torcida.