Entrevista: Rogério Ceni

Entrevista: Rogério Ceni

Calendário 5/09/2011 - 13:13

“Tu és forte, tu és grande. Dentre os grandes és o primeiro.” O
hino são-paulino foi escrito nos anos 30, mas esse trecho parece
ter sido feito para retratar a vida de um ídolo que só nasceria
quatro décadas depois: Rogério Ceni.

O goleiro completará duas marcas importantes nesta quarta-feira
(07), em jogo contra o Atlético-MG, no Morumbi: 21 anos de São
Paulo e o milésimo jogo pelo Tricolor. Neste período, o torcedor
são-paulino viu crescer uma figura que supera o adjetivo ídolo, um
mito, uma lenda viva que deixa qualquer um emocionado por sua
dedicação e amor ao São Paulo Futebol Clube. Marca que só foi
possível devido a mescla de profissionalismo e amor ao clube
mostrada pelo camisa 1 do Tricolor.


Rogério Ceni: o goleiro de uma nação

“Me orgulho de tudo que fiz para ter a chance de ganhar. Sempre
tive determinação, profissionalismo e dedicação. É uma marca
importante. Pouca gente no futebol brasileiro conseguiu esta marca
no mesmo clube. Impressiona até a mim mesmo”, diz Rogério.

Mil jogos. Mil passos de uma caminhada recheada de títulos,
alegrias e até mesmo momentos difíceis, como o ano de 2009. Foi em
abril daquela temporada que Rogério fraturou o tornozelo esquerdo
durante um treinamento no CT da Barra Funda.

Muitos, como ele mesmo cita na entrevista abaixo, não
acreditavam no retorno do camisa 1 aos gramados. Porém, então com
36 anos, o goleiro surpreendeu mais uma vez, voltou a atuar antes
do prazo estipulado e seguiu dando alegria aos torcedores.


Rogério Ceni: o maior goleiro-artilheiro do mundo

“Trabalhamos 128 dias, nove horas por dia de fisioterapia. Toda
esta vontade de entrar em campo colabora. Já são 23 meses sem ter
uma lesão grave”, vibra Rogério, que esteve presente nos últimos
120 jogos do São Paulo.

São 999 jogos, 31 títulos e 103 gols. Números que ajudam a
ilustrar a história de Rogério Ceni no São Paulo, trajetória que
dispensa apresentações. História construída por um amor
incondicional do goleiro pelo clube e do clube pelo goleiro,
sentimento que fica ainda mais fortalecido com novos recordes
alcançados a cada ano.

Próximo do milésimo jogo, o #M1TO abriu o coração e relembrou
toda a carreira pelo Tricolor.

Entrevista com Rogério Ceni:

O início
Foi contra o Tenerife, em 1993. Foi lá onde tudo começou.
Vencemos por 4 a 1. Fiquei sabendo que iria jogar uma hora e meia
antes da partida. A primeira bola que veio, o cara fez gol em mim.
Bateu forte e cruzado, não tinha como pegar. Mas aí reagimos.
Defendi um pênalti e fomos para a final do campeonato (Santiago de
Compostela). Na final estava 2 a 0 para o River Plate. Um massacre,
mas aí empatamos após um deles ser expulso. Minha primeira decisão
por pênaltis e defendi duas cobranças.

Destaque neste período
Teve o tricampeonato brasileiro, que foi algo inédito no
país. Mas o que fica de especial ainda é a final do Mundial de 2005
contra o Liverpool. Uma representatividade grande, pois altera algo
na camisa do clube.

Orgulho
Me orgulho de tudo que fiz para ter a chance de ganhar. Pois tem
muita gente que se prepara e não ganha. Neste tempo deve ter tido
gente até melhor que eu, mas nem teve oportunidade. Esta dedicação
diária é o maior orgulho que tenho na vida.

Lesão de 2009
Muita gente achou que eu não voltaria a jogar. Foi uma
lesão muito séria para alguém de 36 anos. Trabalhamos 128 dias,
nove horas por dia de fisioterapia. Quebramos um recorde. Todos
falavam em cinco meses e meio, mas batemos quatro meses e oito
dias.

Rápida recuperação
Toda esta vontade de entrar em campo colabora. Tive três
artroscopias no joelho, mas a lesão mais grave até então me deixou
35 dias fora.  Já são 23 meses sem ter uma lesão grave. As
pequenas dores nós vamos contornando com a fisioterapia.

Concentrações
Em momentos da vida isso é chato. Mas quando você vai
para o fim da carreira a concentração se faz necessária. Hoje, aos
38 anos, é boa e necessária para prolongar a carreira. Você tem boa
alimentação, uma boa noite de descanso…

Milésimo jogo
É uma marca importante. Assim como o centésimo gol é um número
redondo. Pouca gente no futebol brasileiro conseguiu esta marca no
mesmo clube. Impressiona até a mim mesmo. Por tudo que aconteceu.
Treinos, concentrações, jogos… É algo diferente. Nem eu nos meus
melhores dias imaginava.

Preparado para quarta-feira?
É uma coisa bacana. Nos tempos atuais, isso é muito
difícil de acontecer. Nada melhor do que comemorar este dia com uma
grande vitória. Mas o jogo em si é mais importante, apesar de você
levar para a história um fato de grande relevância.

Público no Morumbi
Lógico que o torcedor vai pela festa, mas vai para ver o
São Paulo jogar, ganhar e tentar mais um título brasileiro, que
seria uma coisa muito bacana. Espero o Morumbi esteja cheio.
Torna-se algo especial para aquele torcedor são-paulino de
coração.

Próximas marcas
Vou jogar até o dia que me sentir bem, com a cabeça boa para
jogar. Jogar até eu tiver o ânimo de colocar a chuteira. O número
que vai acabar não importa. O sétimo título brasileiro seria fechar
com chave de ouro 2011. Voltar para a Libertadores é uma meta e ser
campeão brasileiro também.

Rogério Ceni
Só não me conhecem quando estou dentro de casa e fecho a
porta (risos). Sempre tive determinação, profissionalismo e
dedicação. Nos momentos difíceis, como esta lesão de 2009, pedia
para o pessoal do REFFIS fazer o terceiro turno. Falei que voltaria
antes do prazo.


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