O São Paulo Futebol Clube foi fundado em 25 de janeiro de 1930, fruto da união da Associação Athlética das Palmeiras com dissidentes (associados e jogadores) do Club Athlético Paulistano. Dessa integração, surgiram as cores e os símbolos do Tricolor.
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Porém, a “árvore genealógica” do clube do Morumbi é mais extensa do que parece. Graças a duas incorporações de outros times à coletividade são-paulina, no decorrer da existência do clube, os ramos das origens se expandiram até outras 34 associações! Isto, sem contar as simples mudanças de nomenclaturas dessas entidades…
Conheça, nesse artigo, um pouco sobre cada uma dessas agremiações e a relações destas para com o São Paulo Futebol Clube.
É uma rede intrincada de fusões, associações, dissidências e fundações. Por isso, utilize o infográfico como guia na leitura do texto.
RAMO ORIGINAL
1 – O Club Athlético Paulistano
Fundação: 29 de dezembro de 1900
Estado: Ativo
Tradicional clube da capital paulista, 11 vezes campeão estadual de futebol e um dos maiores vencedores do Brasil nos chamados “esportes amadores”, o Paulistano é um ancestral do Tricolor por “consideração”, pois, na prática, não esteve envolvido na fundação do São Paulo – apenas dissidentes do clube (jogadores, sócios e mesmo grandes dirigentes) tomaram parte nesse processo, e até hoje se encontra ativo.
Todavia, é graças ao Paulistano e a herança futebolística desse clube que o vermelho é uma das três cores do pavilhão são-paulino.
2 – A Associação Athlética das Palmeiras
Fundação: 09 de novembro de 1902
Estado: Extinto (Fundou o São Paulo em 25 de janeiro de 1930)
Detentora da melhor praça de esportes dos anos 20 e 30, a Chácara da Floresta, a alvinegra AA Palmeiras, como é mais conhecida, foi três vezes campeã paulista. Com o fim da Liga dos Amadores de Futebol e a debandada ocorrida no Paulistano, o clube das margens do rio Tietê absorveu esses dissidentes, transformando-se no São Paulo Futebol Clube.
Oficialmente, para a APEA, federação estadual da época, o Tricolor era, nada menos, que a continuação exata da AA Palmeiras, tendo apenas o nome alterado nos registros da entidade. Para o São Paulo, contudo, isso nunca foi válido. Talvez muito por influência dos grandes nomes do Paulistano que aportaram no clube e que, de fato, eram a maioria no time inicial do Tricolor. Desse time, hoje, restou apenas a cor preta dos símbolos são-paulinos.
3 – O Grêmio Tricolor
Fundação: 9 de fevereiro de 1935
Estado: Extinto (Reativou o São Paulo em 16 de dezembro de 1935. Tornou-se torcida organizada em 1939)
O Grêmio Tricolor foi uma entidade criada dentro do São Paulo Futebol Clube em 9 de fevereiro de 1935, inicialmente com o objetivo de integrar grupos de sócios e promover atividades em prol do clube, em um momento no qual já se discutia sobre fusões com outros times. Dessa mesma associação, anos depois, surgiu o Grêmio São-Paulino, que foi a primeira torcida organizada do Brasil e deu origem a Torcida Uniformizada do São Paulo, a TUSP.
Mas enquanto Grêmio Tricolor, a agremiação serviu de elo entre as duas fases de vida do São Paulo Futebol Clube, em 1935. Mesmo com a fusão com o CR Tietê, os são-paulinos rejeitaram a abandonar o escudo e a camisa tricolor, mantendo vivos os ideais do clube fundado em 1930. Em 4 de junho de 1935, tentaram reorganizar o São Paulo com a criação do Clube Atlético – que por insucessos em incorporar outras equipes, não vingou. Ambas as entidades, contudo, estiveram presentes na reorganização final do São Paulo Futebol Clube, no dia 16 de dezembro de 1935. Em verdade, como jornais da época demonstram, foi o próprio Grêmio Tricolor que convocou os são-paulinos para a assembleia.
Mesmo com o renascimento do São Paulo, o Grêmio Tricolor não desapareceu imediatamente. Existem documentos que atestam as atividades do grupo ainda em 1937 e 1938. Certamente foi em 1939, com Manoel Raymundo Paes de Almeida, que a entidade mudou de nome (Grêmio São-Paulino) e passou a se dedicar mais a eventos de torcedores, principalmente na coordenação de mosaicos e festas nos estádios em dias de jogos.
4 – O Independente Esporte Clube
Fundação: 25 de março de 1935
Estado: Extinto (Reativou o São Paulo em 16 de dezembro de 1935)
O Independente nasceu de uma grave cisão dentro do São Paulo. Descontentes com a ideia de fundir o clube com o Tietê, os jogadores demonstraram publicamente a insatisfação sob a liderança do capitão Araken Patusca. Araken foi, então, punido pela diretoria e eliminado do clube. O fato causou uma rebelião dos atletas e logo outros foram envolvidos: Pará, Moreno e Raffa também foram eliminados ou suspensos. Foi a gota final: os jogadores se proclamaram independentes no dia 25 de março e o novo clube, criado por eles, também levava as cores do São Paulo.
A agremiação não durou muito. Não possuía patrimônio, pois era, basicamente, somente um time que rateava entre todos os lucros e prejuízos. No curto período de existência disputou nove amistosos e duas partidas oficiais de campeonato paulista da APEA (posteriormente anuladas pela desistência da equipe da competição, que resolvera se filiar a LPF, onde não chegou a realizar jogo algum).
Vários de seus dirigentes e jogadores retornaram ao São Paulo Futebol Clube, marcando o fim do Independente, em 16 de dezembro de 1935.
5 – O Clube Atlético São Paulo
Fundação: 4 de junho de 1935
Estado: Extinto (Reativou o São Paulo em 16 de dezembro de 1935)
Após a concretização da fusão do São Paulo com o Tietê, vários sócios que foram impedidos de participar da assembleia que selou tal união, reabriram a associação no dia 4 de junho de 1935, agora com o prenome de Clube Atlético, mas com as mesmas cores e escudo. O time, presidido por Carlos Monteiro Brisola, dirigido por Porphyrio da Paz e que tinha como técnico o ex-jogador Barthô, não chegou a realizar partida oficial (as ligas todas já estavam em andamento). Conhece-se, apenas, dois jogos treinos: o primeiro realizado contra o Mechanica FC, no campo do São Paulo Gaz, na Avenida do Estado e outro contra o São Bento, na Ponte Grande, ambos em junho.
Pouco se sabe dos meses seguintes da agremiação. Em novembro, os jornais da capital publicaram convocações de elementos do CASP e do Grêmio Tricolor para tratativas que culminaram na reabertura do São Paulo Futebol Clube, em dezembro de 1935.
6 – Associação Atlética das Palmeiras
Fundação: 7 de setembro de 1931
Estado: Extinto (26 novembro de 1933)
Do mesmo modo que os são-paulinos não gostaram de ver o clube deles se fundir com o Tietê, alguns sócios da AA Palmeiras, principalmente adeptos de outras modalidades esportivas, não aprovaram a fusão com os dissidentes do Paulistano e a mudança de nome do clube. Dessa maneira. Entre agosto e setembro de 1931, reorganizaram-se e recriaram a Associação Atlética das Palmeiras.
Desta vez, destituída do campo da Floresta, não possuía muitos recursos e nos primeiros anos resumiu-se a atletismo e natação. Em 1933, entretanto, o clube voltou ao futebol, ainda que amador. Tomou parte na fundação da Federação Paulista de Futebol (não é a mesma dos dias de hoje, criada em 1941), filiada à CBD – ou seja, disputou campeonatos oficiais. O time, contudo, era uma incógnita, capaz de promover grandes vitórias, como 12 a 0 no República e 3 a 2 no São Paulo Railway (futuro Nacional), como de retumbantes desastres, tais quais Albion 8 a 4, Casale Paulista 6 a 2 e União Guarani, também 6 a 2.
Não é possível afirmar as causas reais do fechamento do clube, mas sabe-se que o time abandonou o futebol em 26 de novembro de 1933, quando, na partida de returno contra o SP Railway, a AA Palmeiras entregou os pontos, perdeu por W.O. e nunca mais voltou a aparecer nos gramados paulistas.
SUB-RAMO DO TIETÊ
7 – O Clube de Regatas Tietê
Fundação: 6 de junho de 1907
Estado: Extinto (Fundiu-se com o São Paulo em 17 de abril de 1935)
Com a influência do então grandioso Tietê, a “árvore genealógica” do São Paulo começa a se ramificar. Maior clube social de São Paulo (e por vezes, do Brasil) na primeira metade do século XX, o Tietê nasceu de uma dissidência do Club de Regatas São Paulo. Ambos, assim, eram sediados às margens do rio paulistano.
No começo de 1935, articulou uma fusão com seus vizinhos ribeirinhos, o São Paulo FC e a AA São Bento, para aumentar as propriedades do clube, que crescia vertiginosamente em associados. O Tricolor, por motivos políticos, foi o primeiro a dizer “sim”, o que causou rachas internos na Chácara da Floresta e originou três agremiações no espaço de dois meses: o Grêmio Tricolor (que procurava manter o São Paulo vivo), o Estudantes (que só queria manter-se ativo no futebol, com qualquer que fosse a camisa), e o Independente (um coletivo de jogadores são-paulinos que se rebelaram contra a diretoria entreguista).
Totalmente dividido, e graças a uma manobra estatutária da facção adepta à fusão, o Tietê absorve o patrimônio são-paulino em 17 de abril de 1935 e altera a nomenclatura da entidade.
8 – O Clube de Regatas Tietê-São Paulo / Clube de Regatas Tietê
Fundação: 17 de abril de 1935
Estado: Extinto (2012)
O novo clube passaria a se chamar Clube de Regatas Tietê-São Paulo e ganharia a cor vermelha, que nos anos posteriores tanto o caracterizou. Houve, no começo dessa nova fase, promessas de manter o futebol ativo, mas de modo amador. Por isso, Friedenreich (um dos patrimônios incorporados), teve o passe preso ao Tietê e nele permaneceu como coordenador técnico da equipe – não retornando novamente jamais ao São Paulo FC.
O período futebolístico do Tietê-São Paulo não durou muito tempo: o clube era filiado à quase desconhecida Federação Paulista de Futebol Amador e foi vice-campeão do “estadual” da entidade em 1936 e 1937. Mas parou por aí. Pouco depois, o clube voltaria a se chamar apenas Tietê (meados de 1940) e demoliria a saudosa Chácara da Floresta, transformando parte da área em piscinas.
Em 2012, após longo processo judicial e extensa dívida, o clube foi desapropriado pela prefeitura municipal e fechou as portas.
9 – A Associação Athlética São Bento
Fundação: 1 de janeiro de 1914
Estado: Extinto (Incorporado pelo Tietê em 31 de dezembro de 1936)
Equipe alvi-celeste fundada por integrantes do Ginásio São Bento, no centro da cidade de São Paulo. Foi campeã paulista logo no ano de estreia, em 1914, e também em 1925. Adepto do amadorismo, sofreu um grande baque com o fim da Liga dos Amadores de Futebol, em 1929. Por isso, cogitava fazer parte da reunião que deu origem ao São Paulo Futebol Clube, junto a AA Palmeiras e dissidentes do CA Paulistano. No fim, não compareceu.
Com o advento do profissionalismo, em 1933, perdeu espaço, abandonando o futebol. Dirigentes da entidade ainda tentaram se manter vivos no esporte buscando fusão com o CA São Paulo, em 1935, mas não deu certo. Novamente uma tentativa de união com outros clubes ocorreu em 1936: São Paulo, São Bento e CA Paulista dariam origem ao São Paulo Olímpico Clube… também não deu certo. No fim das contas, no último dia daquele ano, o São Bento se entregou ao Tietê e seu campo, na Ponte Grande, passou a fazer parte do patrimônio dos “vermelhinhos”.
10 – A Associação Atlética São Paulo
Fundação: 26 de julho de 1914
Estado: Ativo
Clube poliesportivo situado entre a conhecida e finada Chácara da Floresta e a região do Canindé, a AA São Paulo é um clube de reputação respeitável na natação, remo, vôlei e basquete. Foi nele que Maria Lenk, das maiores nadadoras do Brasil em todos os tempos, começou a carreira.
Na fase áurea, as propriedades do clube alcançavam a margem do rio Tietê, e assim, era rival do clube homônimo ao rio e de outras agremiações sociais da localidade. Apesar das disputas, a AA São Paulo e o CR Tietê eram, na verdade, clubes irmãos. Ambos nasceram de dissidências do Club de Regatas São Paulo. Primeiramente o Tietê, em 1907, e posteriormente a AASP, em 1914, quando o CR São Paulo já não mais existia. O clube foi, justamente, uma tentativa de resgatá-lo.
11 – O Club de Regatas São Paulo
Fundação: 30 de julho de 1903
Estado: Extinto (novembro de 1913)
O CR São Paulo, pode-se dizer, foi o “pai” de todos os clubes e atividades esportivas da margem sul do Rio Tietê, com exceção da área do Canindé. Em 1903, Alberto Menezes Borba e Frederico Steidel, compraram uma enorme faixa de terra ali localizada (despejando de lá o Clube Espéria, antigo locatário) e fundaram a associação, voltada ao remo e que abrigava a elite da capital paulista, tornando-se, assim, praticamente um braço náutico do CA Paulistano.
Em 1904, o CR São Paulo cedeu parte do terreno à AA Palmeiras. Nesse setor foi erguida a famosa Chácara da Floresta. Desta maneira, ambos os clubes mantinham cordiais e estreias relações que culminaram em fusão no dia 15 de julho de 1905. Contudo, como a Liga Paulista de Foot-Ball não aceitou o CR São Paulo como filiado, a AA Palmeiras manteve o próprio nome. Eram um clube só, mas com uma nomenclatura para o futebol e outra para as demais modalidades.
Quando a AA Palmeiras foi punida pela LPFB em 1906 por questões referentes a venda irregular de ingressos no final do ano anterior, denunciada do SC Internacional, o CR São Paulo assumiu para si a punição e retaliou associados dos esportes aquáticos do próprio clube que faziam parte, também, do Internacional. Assim, estes, por sua vez, abandonaram o Regatas e fundaram o Tietê. Em 1913, após outra contenda entre sócios, Alberto Borba decide vender o terreno à municipalidade e encerrar as atividades do CR São Paulo. Remanescentes fundaram, no ano seguinte, a AA São Paulo.
12 – O Club Recreativo Paulistano
Fundação: 04 de outubro de 1902
Estado: Extinto
O CR Paulistano nasceu para a prática do remo recreativo e como clube de campo nas então aprazíveis margens do Rio Tietê para a elite da capital paulista. Era sediado no chamado Recreio Veneza, no histórico “barracão” de Caetano Martenucci, na cabeceira da Ponte Grande, pouco antes da Chácara da Floresta. Apesar do nome, não tinha vínculo oficial com o CA Paulistano.
Por ser uma associação de visão mais lúdica do que esportiva, e por deter um patrimônio precário, se comparado com o do CR São Paulo, criado pouco tempo depois, o CR Paulistano acabou sendo absorvido por aquela entidade vizinha.
Poucos indícios existem sobre, mas é possível que outras pequenas agremiações ribeirinhas tenham sido incorporadas pelo CR São Paulo no pouco tempo de existência dele, como o Clube dos Argonautas/Variedades Esporte Clube. Por falta de provas, foram desconsideradas desse trabalho.
O escudo do CR Paulistano, aqui apresentado, é uma estimativa do que foi descrito sobre ele no O Estado de S. Paulo de 7 de outubro de 1903 e no livro Tietê, o Rio do Esporte, de Henrique Nicolini.
RAMO DO ESTUDANTES PAULISTA
13 – O Clube Athlético Estudantes Paulista
Fundação: 28 de maio de 1937
Estado: Extinto (incorporado pelo São Paulo em 12 de setembro de 1938)
Tradicionalmente conhecido como Estudantes Paulista (como referência ao clube Estudantes argentino), em verdade, porém, conforme documentos e correspondências de época, o clube se chamava oficialmente Estudante Paulista – mas não vamos aqui corrigir a história. Trata-se da fusão do CA Estudantes de São Paulo com o CA Paulista. A fusão dessas duas equipes propiciou ao novo clube o uso do campo da Rua da Mooca, herança da Companhia Antarctica Paulista.
Em 1938, após uma excursão ao Chile, Peru e Argentina, o clube se viu em maus lençóis financeiros: foi ludibriado por um empresário que desapareceu com todos os lucros da viagem. Em crise e sob ameaça de apedrejamento da sede pelos próprios jogadores, que não receberam os honorários devidos, o Estudantes Paulista aceitou se fundir ao São Paulo Futebol Clube.
O voto de Minerva de Piragibe Nogueira, que manteve o nome do Tricolor, entretanto, garantiu que tal fusão, no fim, representasse, apenas, a incorporação do clube da Mooca.
14 – O Clube Athlético Estudantes de São Paulo
Fundação: 11 de fevereiro de 1935
Estado: Extinto (Fundiu-se com o CA Paulista em 28 de maio de 1937)
O Estudantes de São Paulo nasceu da ação de acadêmicos e ex-acadêmicos da capital paulista, tanto que o Conselho do clube era formado pelos diretores esportivos dos centros acadêmicos universitários. Apesar disso, por muitos dos integrantes também serem sócios do São Paulo Futebol Clube, e visto a cisão interna do Tricolor, naquele período, rapidamente o Estudantes tornou-se uma salvaguarda para sócios e jogadores do clube da Chácara da Floresta – praticamente uma dissidência, principalmente a partir de maio de 1935.
A aproximação do clube com o São Paulo era tal que, no mesmo dia em que foram fundados, já treinaram na sede tricolor contra os são-paulinos (e perderam por 3 a 2). O uniforme do Estudantes, aliás, parecia uma fotografia negativa da camisa 1 do Mais Querido.
Em 1937, para solucionar de vez a questão “campo”, uniu-se ao CA Paulista, detentor do estádio da Antarctica Paulista, na Rua da Mooca. Dessa fusão nasceu o CA Estudantes Paulista.
15 – O Clube Athlético Paulista
Fundação: 6 de fevereiro de 1933
Estado: Extinto (Fundiu-se com o Estudantes de SP em 28 de maio de 1937)
A vida do pequeno CA Paulista foi curta e conturbada. O clube surgiu quando o futebol profissional foi adotado em São Paulo, com a recusa do Sport Club Internacional em aderir ao movimento. O time alvirrubro, bicampeão paulista, fora o último colocado do certame de 1932. Mal das pernas e sem condições de manter-se financeiramente, a solução foi se unir ao clube da Companhia Antárctica Paulista, o Antarctica Football Club, que ainda detinha uma praça de esportes razoável, na Mooca.
Originalmente, filiou-se à FPF, federação amadora, e disputou o campeonato dessa entidade, até abandoná-lo e submeter-se à APEA, não a tempo de tomar parte em qualquer divisão da liga. Em 1934, estreou na divisão especial ao lado dos grandes, mas terminou em penúltimo. No começo de 1935 os problemas vieram à tona: no dia 2 de fevereiro, o clube foi despejado da sede, na Rua da Mooca, e teve todas as posses penhoradas por causa de uma pendenga judicial com o ex-advogado do próprio clube, o dr. Assis Brasil.
O fato levou ao fim da agremiação. Mas os associados não desistiram e refundaram o clube no dia 17 de abril de 1935, desta vez adotando o nome Antarctica Futebol Clube. A definição foi efêmera, pois no dia 13 de maio do mesmo ano alteraram a nomenclatura novamente para Clube Athlético Paulista (ainda que jogasse com o escudo do Antarctica). Filiado à LPF, terminou o torneio daquela temporada em penúltimo, mais uma vez. Com as finanças em risco, foi cogitada a participação da associação na assembleia de reabertura do São Paulo Futebol Clube, em 16 de dezembro, mas não compareceu.
No ano seguinte, boatos de extinção (em março) e nova tratativa de fusão (em dezembro, com o São Paulo e o São Bento, no que nasceria o São Paulo Olímpico Clube) surgiram, mas nenhuma foi concretizada. Após mais um penúltimo lugar, em 1936, o CA Paulista enfim aceita a proposta do CA Estudantes de SP e, no dia 28 de maio de 1937, é criado o CA Estudantes Paulista, da fusão das duas agremiações.
16 – O Antarctica Football Club
Fundação: 1915
Estado: Extinto (Fundiu-se com o Internacional em 6 de fevereiro de 1933)
Tratava-se, basicamente, do clube de funcionários da Companhia Antarctica Paulista, tradicional fábrica de bebidas da cidade. Nos primeiros anos de existência, jogava no Parque Antárctica, dividindo o local com o Germânia, locatário. Depois da venda do terreno para o Palestra Itália, em 1920, a agremiação mudou-se para perto da indústria, na Mooca.
Disputou, intermitentemente, campeonatos de segunda divisão da LPFB e da APEA entre 1916 e 1925. Em 1926 estreou na 1ª divisão da liga amadora, a LAF, e de lá participou até o fim da federação, ocorrido em 1929. No ano seguinte, foi aceito no segundo nível da APEA e se sagrou campeão, mas não obteve o acesso por negar-se a alterar o próprio nome (na divisão principal não eram aceitos clubes com nomes de empresas – Sílex e Cotonifício Crespi tiveram que mudar para América e Juventus, por exemplo).
Em 1931, o time foi vice-campeão da segundona e em 1932 não a disputou. Para não encerrar as portas, clube e empresa aceitaram a proposta do Sport Club Internacional, que passou a alugar o Estádio Antarctica Paulista e mudou nomenclatura da associação para Clube Athlético Paulista. Na prática, foi uma fusão, ocorrida em 6 de fevereiro de 1933, embora o clube de funcionários não tivesse deixado de existir, oficialmente.
17 – O Sport Club Internacional
Fundação: 19 de agosto de 1899
Estado: Extinto (Fundiu-se com o Antarctica em 6 de fevereiro de 1933)
Fundado por 25 homens de diversas nacionalidades: brasileiros, alemães, franceses, italianos, portugueses e ingleses. Por esse fato, o nome SC Internacional foi o escolhido, a contragosto do sr Hans Nobiling, que havia sugerido SC Germânia. Por ter sido voto vencido, Nobiling abandonou o SC Internacional, junto dos irmãos Wahnschaffe e, dezoito dias depois, fundaram o SC Germânia, que em 1938 tornou-se o EC Pinheiros.
O Internacional paulistano foi uma das equipes de crescimento mais rápido no início do século XX, pois, ao contrário dos demais clubes da época, não tinha restrição quanto a nacionalidade ou qualidade dos sócios.
O time que treinava na Chácara Dulley, onde é hoje a Avenida Tiradentes, foi bicampeão paulista: 1907 e 1928. O fim da Liga Amadora de Futebol foi o começo do fim do Internacional, que perdurou entre os grandes times paulistas até 1932, quando terminou o campeonato no último lugar. No começo do ano seguinte, alterou os estatutos e mudou de nome para Clube Athlético Paulista, graças a fusão com o Antarctica Football Club.
18 – O Clube Atlético Estudantes Paulista
Fundação: Desconhecida (1938 ou 1939)
Estado: Extinto
Em 12 de setembro de 1938, oficialmente, o CA Estudantes Paulista foi incorporado ao São Paulo FC, que passou a utilizar os jogadores da equipe e também a treinar e a jogar no campo da Rua da Mooca. Contudo, jornais em 1939 relatam a participação de um CA Estudantes Paulista no torneio da Federação Paulista de Futebol Amador, ao lado do SC Sírio, do EC Araguaia, do GA Alvares Penteado, da AA Guanabara e do CA Indiano. O clube também disputa a edição de 1940, além de terminar com o vice-campeonato do Torneio Experimental da mesma federação.
Em 1941, porém, desaparece das competições, ao menos, com o tradicional nome Clube Atlético. No campeonato varzeano, organizado pela Federação Paulista de Futebol pela primeira vez justamente naquele ano, aparece uma equipe denominada Esporte Clube Estudantes Paulista. Fazia parte da Série Azul da Sub-Liga Marechal Deodoro, ao lado de times dos bairros do Bom Retiro e da Casa Verde. Não é possível afirmar se havia alguma relação entre os Clube Atlético e o Esporte Clube, ainda que seja uma extrema coincidência a temporalidade de ambos.
SUB-RAMO DO PINHEIROS/YPIRANGA
19 – O Sport Club Germânia / Esporte Clube Pinheiros
Fundação: 7 de setembro de 1899
Estado: Ativo (mudou de nome de Germânia para Pinheiros em setembro de 1938)
Fundado por dissidentes do recém-criado SC Internacional, em setembro de 1899, o SC Germânia foi um dos criadores da Liga Paulista de Foot-Ball e esteve presente no primeiro campeonato realizado pela federação, em 1902 – o primeiro “Campeonato Paulista”. Bicampeão dessa competição, em 1906 e 1915, o Germânia se viu obrigado a abandonar a edição de 1916 e ficar fora dos campeonatos seguintes, até 1920, por causa da Primeira Guerra Mundial.
A Guerra, aliás, teve forte peso na perda do Parque Antárctica, o qual era locatário e com contrato de uso até 1921. Obrigado a se mudar, nesse ano, adquiriu um terreno na chamada “Chácara Itaim”, na altura dos “Pinheiros”, onde até hoje está sediado. Com o profissionalismo, em 1933, abandonou de vez o futebol de alto nível e, em 1938, devido aos decretos de nacionalização impostos por Getúlio Vargas, foi forçado a alterar o próprio nome. Nasceu assim, o Esporte Clube Pinheiros – o maior clube social do Brasil, em termos de desempenho esportivo nos chamados “esportes amadores”.
20 – O Clube Atlético Ypiranga
Fundação: 10 de julho de 1906
Estado: Ativo
Se o Germânia nasceu de uma dissidência do Internacional, por sua vez, o Ypiranga nasceu de uma dissidência do Germânia. Em 1906, sócios desse clube se uniram a outros do Vitória AC e do GDR Internacional para fundar o CA Ypiranga, que, quatro anos depois, venceu o primeiro protótipo de segunda divisão da história do futebol paulista, vencendo a AA Vila Buarque e o SC Savóia na classificatória para o campeonato da LPFB de 1910.
Na divisão principal do futebol estadual, o Ypiranga nunca conseguiu sagrar-se campeão, mas passou perto em três ocasiões, sendo vice em 1913, 1935 e 1936 – nas três vezes, muito devido cisões políticas das Ligas organizadoras. As campanhas de 1935 e 1936 também só foram possíveis graças as melhorias de elenco e patrimônio obtidas mediante a incorporação de três clubes do bairro do Ipiranga, em São Paulo, no ano de 1932: o Independência, o Nacional e o América. Essa incorporação, aliás, foi o fato que tirou o Ypiranga da região da Água Branca para o distrito da capital homônimo, a que presta referência.
Em 1958, após rebaixamento na primeira divisão estadual, o clube abandonou o futebol profissional, mas ainda é uma das principais entidades esportivas sociais da cidade de São Paulo.
21 – O Vitória Athletic Club
Fundação: desconhecida
Estado: Extinto (Fundou o Ypiranga em 10 de julho de 1906)
Os registros sobre o Vitória AC são escassos. Sabe-se apenas que integrantes do clube estiveram presentes na fundação do CA Ypiranga, em 1906.
22 – O Grêmio Desportivo e Recreativo Internacional
Fundação: desconhecida
Estado: Extinto (Fundou o Ypiranga em 10 de julho de 1906)
Da mesma forma que o Vitória AC, elementos do GDR Internacional ajudaram a fundar o CA Ypiranga, em 1906, e mais fatos sobre a história dessa associação são desconhecidos.
23 – O Clube Atlético Sílex / Clube Esportivo América
Fundação: 1921
Estado: Extinto (Mudou de nome de Sílex para América em 1930 e foi incorporado pelo Ypiranga em 1932)
Criado como o clube dos funcionários da Fábrica de Ferro Esmaltado Sílex, em 1921, o CA Sílex estreou no segundo nível da Associação Paulista de Esportes Atléticos em 1923 e já no ano de 1925 sagrou-se campeão da divisão. Participou por dois anos da liga principal do Estado e em 1928 conquistou novamente a segundona. Em 1930, devido a mudanças estatutárias na APEA, que não mais permitiria clubes com nomes de empresas na divisão principal da Liga, passou a chamar-se Clube Esportivo América.
Tanto na fase Sílex, quanto na fase América, o uniforme do time sempre foi listrado verticalmente em preto e branco, com golas da camisa vermelhas, tal qual o conjunto da seleção paulista.
Em 1932, ao lado do Independência e do Nacional, uniu-se ao CA Ypiranga, desaparecendo do cenário esportivo paulistano.
24 – O Nacional do Ipiranga
Fundação: desconhecida
Estado: Extinto (Incorporado pelo Ypiranga em 1932)
Nem ao menos o nome completo dessa agremiação é conhecido. Por relatos da história do Ypiranga, sabe-se que o Nacional foi um dos clubes incorporados pelo CAY em 1932, ao lado do América e do Independência. Nada mais.
25 – O Club Athlético Independência
Fundação: 7 de abril de 1918
Estado: Extinto (Incorporado pelo Ypiranga em 1932)
Um dos mais antigos times de futebol do bairro do Ipiranga, o CA Independência era situado na Rua dos Ituanos, onde, nos anos 30, o CA Ypiranga ergueu um estádio. Feito este que só foi possível graças a incorporação do Independência, em 1932. Antes disso, porém, o CAI esteve envolvido em outra fusão. Em 7 de agosto de 1928, a agremiação se uniu ao CA Sant’Anna para a disputa do campeonato da Liga dos Amadores de Futebol, nomeando-se CA Independência-Sant’Anna, mas a ação conjunta não vingou. A entidade voltou a se chamar CA Independência em 26 de setembro de 1928 e a união desfeita, definitivamente, no ano seguinte.
Os principais feitos esportivos do CA Independência foram as conquistas do Campeonato Municipal da APEA (terceira divisão) de 1919 e da Segunda Divisão em 1921 e 1924. No final dos anos 20, o clube balançou entre a LAF e APEA repetidas vezes, mas com o fim da primeira, em 1929, entrou em crise que facilitou a ideia de fusão com o Ypiranga, iniciada ainda naquele ano e concretizada três anos depois.
26 – O Club Athlético Sant’Anna / Estrela do Norte Football Club
Fundação: 25 de fevereiro de 1911 (originalmente como Estrela do Norte)
Estado: Extinto
Praticamente nada se sabe sobre o Estrela do Norte FC e quando esse pequeno time mudou de nome e se tornou o CA Sant’Anna. Sediado no bairro de Santana, na zona norte da capital paulista, o clube ganhou espaço no futebol com a criação da Liga dos Amadores de Futebol, em 1926. Neste ano, foi campeão do equivalente a segunda divisão dessa Liga e conquistou o acesso ao nível principal para o ano seguinte. Lá, terminou em último lugar. Para não fazer feio novamente frente a Paulistano, AA Palmeiras e etc. na temporada de 1928 (com o certame já em andamento), fundiu-se com o CA Independência em 7 de agosto de 1928, passando a se chamar CA Independência-Sant’Anna.
Ao que parece, o nome não agradou e em 26 de setembro daquele ano o clube voltou a ser nomeado apenas CA Independência. E em termos futebolísticos a união de nada adiantou: o CA Sant’Anna terminou na oitava posição entre 12 participantes e a fusão foi desfeita para o ano seguinte. Renascida, a entidade adotou outro escudo e outras cores: antes era alvinegra, depois tricolor, azul, branco e vermelho.
RAMO DA ASSOCIAÇÃO ALEMÃ DE ESPORTES
27 – A Associação Alemã de Esportes / Deutscher Sport Club
Fundação: 12 de julho de 1939
Estado: Extinto (Incorporado pelo São Paulo em 20 de março de 1942)
No dia 20 de março de 1942, o São Paulo Futebol Clube aprovou, em Assembleia Geral, a incorporação da Associação Alemã de Esportes, após decisão soberana da própria instituição, acertada também após Assembleia Geral realizada no dia 13 de março daquele ano. Foi a fase final do processo de nacionalização do Deutscher Sport Club, uma associação esportiva da colônia de imigrantes alemães da cidade de São Paulo.
Situada às margens do rio Tietê, na chamada “Ilha da Madeira”, no bairro do Canindé, a Associação Alemã era locatária de um terreno de propriedade de Aladino e Giuseppina Vanucci, o qual, com a incorporação, passou a ser alugado pelo São Paulo, que, em 1944, comprou do casal italiano toda a área em questão. Foi a época do Tricolor do Canindé, que perdurou até a mudança para o Morumbi, em meados dos anos 50.
A história da Associação Alemã, entretanto, é mais antiga e muito mais complexa. Foi tramada em uma rede de fusões e dissociações, abaixo contadas (e melhor explicadas neste link).
28 – O Schwimm Club Stern / Clube Estrela de Natação
Fundação: 1919
Estado: Extinto (Fundiu-se com a Sociedade Allemã de Sportes Aquáticos em 1 de junho de 1932)
Em 1919, mais uma associação esportiva nasceu ao norte do centro da cidade de São Paulo e na margem sul do rio Tietê. Esta se situava já defronte ao Canindé, no que hoje se encontra a alça de acesso da Av. Marginal para Av. Cruzeiro do Sul: o Schwimm Club Stern. Como o nome bem demonstra, era uma agremiação de imigrantes alemães. Desde a criação, contudo, também era conhecido como Clube Estrela de Natação.
O Estrela chegou a ser o terceiro principal time de natação da Capital – com atuações destacadas na Travessia de São Paulo a Nado e revelando nomes como Maria Lenk e Guilherme Schall (originalmente Wilhelm Schall, que também nadou e jogou polo aquático pelo Tricolor nos tempos da Floresta). Em termos de competitividade, a associação somente ficava atrás de Espéria e Tietê.
Contudo, com o avanço da poluição no rio Tietê e o surgimento de piscinas de água tratada para competições (a vizinha AA São Paulo inaugurou uma em 1929), a entidade foi perdendo espaço no cenário esportivo, visto que não podia arcar com investimentos semelhantes. A solução encontrada foi se unir a outra equipe: A Sociedade Allemã de Sportes Aquáticos.
29 – A Sociedade Allemã de Sportes Aquáticos / Sociedade Alemã de Esportes Aquáticos
Fundação: Data incerta entre 1920 e 1921
Estado: Extinto (Fundiu-se com o Stern em 1 de junho de 1932)
Curiosamente, a Sociedade Allemã de Sportes Aquáticos nasceu de uma dissidência do próprio Schwimm Club Stern, pouco tempo depois da fundação deste. O local que a entidade recém-criada escolheu para habitar? O Canindé. A Sociedade firmou um contrato de aluguel para o uso do terreno com Antônio Vannucci, então proprietário de uma grande parte do bairro. O convívio dos dois clubes da região, apesar da rivalidade natural, foi sadio. Em verdade, proveitoso a ambos.
Mas os tempos mudaram e o cenário esportivo acirrado nas águas do Tietê forçou que o Clube Estrela de Natação e a Sociedade Allemã de Sportes Aquáticos se unissem para se manterem vivos. A fusão foi acertada no final de maio de 1932 e a data de fundação do novo clube estabelecido foi firmada em 1º de junho daquele ano. O nome de batismo: Deutscher Sport Club, mas o nome fantasia com o qual ficou conhecido, mais comum para a nossa língua, foi Associação Allemã de Esportes – E sim, desde o primeiro dia essa nomenclatura já era utilizada.
Por causa da incorporação da AAE pelo São Paulo, em 1942, várias medalhas e troféus, tanto do Estrela, quanto da Sociedade, ainda se encontram no Memorial e no Arquivo Histórico do Tricolor.
30 – O Deutscher Sport Club / Associação Allemã de Esportes
Fundação: 1 de junho de 1932
Estado: Extinto (Fundiu-se com o Donau e o Turnerschaft em abril de 1938)
O Deutscher SC nasceu no Canindé, sucessora do contrato de locação da Sociedade Allemã de Sportes Aquáticos, e lá, perseverou. Disputava provas de natação, polo aquático, ginástica e atletismo. Mas destacou-se mesmo em uma modalidade nova: o handebol. O Deutscher foi campeão da “Liga Alemã” (torneio que deu origem ao Campeonato Paulista do esporte) em 1933 e 1939, além de vice-campeão em 1935, concorrendo contra os gigantes Sport Club Germânia, Deutscher Turnverein e Deutsch Turnerschaft von 1890.
Em 1937, porém, Getúlio Vargas deu um golpe de estado e implantou uma série de medidas despóticas que, em 1938, atingiu o Deutscher e todos os demais clubes estrangeiros ou de colônia, no Brasil. Em suma, o clube precisaria escolher se manter como uma entidade estrangeira (e vetar o acesso de brasileiros ao quadro social e dependências) ou tornar-se uma associação brasileira, nacionalizando-se (sendo proibido o uso de quaisquer nomes ou símbolos externos).
A princípio, o Deutscher permaneceu como um clube de colônia, unindo-se a outras duas agremiações da mesma estirpe e da mesma vizinhança, o Turnerschaft 1890 e o Donau. Nasceu, assim, em abril de 1938, o Deutscher Sport-Club D.T.D. (acrônimo de Deutscher, Turnerschaft e Donau).
31 – O Deutsch Turnerschaft von 1890 in São Paulo / Sociedade Alemã de Ginástica de São Paulo
Fundação: 11 de novembro de 1890
Estado: Extinto (Fundiu-se com o Deutscher e o Donau em abril de 1938)
O Deutsch Turnerschaft von 1890 in São Paulo era vizinho do Deutscher SC, abrigando-se na Chácara Couto Magalhães, também na margem sul do Rio Tietê, a caminho da Chácara da Floresta. O grêmio nasceu em 11 de novembro de 1890 de uma dissidência de um dos mais antigos clubes de imigrantes do Brasil, o Deutscher Turnverein. A entidade seguia os preceitos teutônicos do “turnen”, um modelo de preparo físico e mental através da ginástica (em modalidades aglutinadas hoje na ginástica olímpica) criado por Friedrich Ludwig Jahn em 1811.
Em abril de 1938, por causa do decreto nº 383, o Turnerschaft, o Deutscher e o Donau, se uniram em uma nova entidade chamada Deutscher Sport-Club D.T.D., proclamando-se, nos autos da lei, uma sociedade alemã no Brasil. Tal convenção, em teoria, obrigava a exclusão dos brasileiros natos do quadro social. Fato que levou ao surgimento de outras dissidências e a formação de novos clubes…
32 – A Deutscher Turnverein / Sociedade Alemã de Ginástica
Fundação: 2 de dezembro de 1888
Estado: Extinto
O Turnverein nasceu de uma convocação publicada no jornal Germania para o dia 2 de dezembro de 1988, na qual conclamavam “alemães afeiçoados da ginástica em São Paulo” a fundar uma nova entidade esportiva. Inicialmente este grupo usou as dependências de uma associação cultural alemã mais antiga (a Gesellschaft Germania, de 1868) como sede, mas logo cresceu. E com o crescimento vieram os desentendimentos internos, que levou a cisão e dissidência de um grande número de associados e dirigentes.
Estes descontentes fundaram, em 11 de novembro de 1890, o Deutsch Turnerschaft von 1890 in São Paulo.
33 – O Österreichischer Verein Donau / Sociedade Austríaca Danúbio
Fundação: 2 de dezembro de 1916
Estado: Extinto (Fundiu-se com o Turnerschaft e com o Deutscher, definitivamente com este)
Quanto a terceira participante do D.T.D, a Österreichischer Verein Donau (clube de imigrantes austríacos fundado em 1916 e residente da margem norte do Rio Tietê, no que hoje é nomeado como bairro da Coroa), é conhecido o fato de ter-se nacionalizada com o nome Sociedade Donau; Danúbio, em alemão.
O destino do Donau parece ter sido, simplesmente, a incorporação total pela D.T.D e decorrente Associação Alemã de Esportes. O registro de dívidas da entidade junto à Companhia Antártica Paulista e a Cervejaria Brahma indicam que a AAE assumiu todo o ativo e passivo da entidade. Já sobre o terreno no bairro da Coroa: o Donau era apenas locatário e nenhum resquício esportivo, tanto da propriedade, quanto das conquistas, sobreviveu ao tempo.
34 – O Deutscher Sport Club D.T.D.
Fundação: abril de 1938
Estado: Extinto (Repartiu-se entre março e dezembro de 1939 em três entidades, a última extinta em 1º de dezembro)
Na realidade, apesar da fusão que deu origem ao D.T.D., o que se via na prática eram os três clubes afiliados à entidade, Deutscher, Donau e Turnerschaft, com autonomia e gerenciando os próprios bens, reuniões e quadros sociais. E mesmo frente aos órgãos públicos a situação não era diferente. Tanto que o Turnerschaft chegou a ficar oficialmente inativo, por ordem da secretaria de segurança pública, de 1º de agosto de 1938 até 31 de julho de 1939, sem que a decisão afetasse os outros dois envolvidos.
Por conta desse período de inatividade e por não poderem tomar parte em uma sociedade alemã, de acordo com a lei, alguns sócios brasileiros, descendentes de alemães, deixaram o clube e, em 21 de março de 1939, fundaram a Associação Ginástico Esportiva. Por outro lado, em 12 de julho de 1939, o Deutscher SC assumia-se como clube de colônia alemão, nomeando-se Associação Alemã de Esportes, também deixando o D.T.D. Por fim, o Ministério da Justiça extingue a associação em 1º de dezembro de 1939.
35 – A Associação Ginástico Esportiva
Fundação: 21 de março de 1939
Estado: Extinto
Tinha sede à Rua São Bento, no centro, mas também utilizava o conjunto de ginástica da Turnerschaft, na Chácara Couto Magalhães e uma praça de esportes na Rua do Porto, no Canindé. Tal recinto foi obtido em acordo com o Deutscher SC. A AGE, em verdade, foi uma forma encontrada para contornar o decreto getulista que obrigava a separação de brasileiros e estrangeiros em clubes. Enquanto a Turnerschaft se mantinha como sociedade alemã, a AGE se declarava sociedade brasileira, mas os sócios de ambas as entidades, por acordo informal mútuo, tinham os mesmos direitos e deveres, usufruto dos mesmos bens, terrenos e tudo mais. Eram um clube só, ao menos, longe dos olhos de Getúlio Vargas.
Pouco se sabe do destino dessa agremiação. Muito provavelmente foi extinta ao fim do processo de nacionalização da Turnerschaft em Clube Ginástico Paulista, em 1930, sendo incorporada por este.
36 – A Sociedade Ginástica 1890 / Clube Ginástico Paulista
Fundação: 21 de dezembro de 1939
Estado: Ativo (Mudou de nome para Ginástico Paulista em 20 de janeiro de 1940)
O Deutscher D.T.D. perdurou até 1º de dezembro de 1939, quando o Ministério da Justiça deu ganho de causa a uma ala descontente de associados que questionavam a legalidade da entidade, afirmando que não foi executada uma Assembleia Geral para assentamento da mesma. Desgostosos há muito tempo, no dia 21 de dezembro de 1939, um conjunto de sócios brasileiros remanescentes e opositores, crentes que a diretoria do clube alemão descumpria o decreto nº 383, convocaram uma assembleia para se adequarem à lei. Dessa reunião nasceu a Sociedade Ginástica de 1890 – que se considerava herdeira, ou melhor, a verdadeira Turnerschaft, desde então.
Em 20 de janeiro de 1940, terminados dos os processos legais de nacionalização da entidade, provavelmente após a incorporação da AGE e do velho Turnerschaft, o clube toma outro nome, que utiliza até hoje: Clube Ginástico Paulista.