“Compromisso com a verdade”

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Calendário 15/10/2015 - 14:34
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Rubens Chiri / saopaulofc.net
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Quis o destino que hoje eu estivesse aqui, na condição de presidente interino, com a incumbência de conduzir, neste momento delicado, o processo que definirá o futuro político do nosso querido São Paulo Futebol Clube. Ninguém, muito menos eu, ignora a gravidade do quadro que nos trouxe até aqui. Mas muitos, como eu, estão convictos de que o São Paulo é forte o suficiente para dar a volta por cima e retomar o caminho da tranquilidade. Caminho este, acredito eu, que neste momento já começa a ser percorrido.  

Tenho conversado nas últimas semanas com inúmeros companheiros, de praticamente todos os grupos que representam o São Paulo no Conselho Deliberativo. Percebo em todos um sentimento que vai do desconforto à aflição indignada diante dos desmandos ocorridos. Mas percebo sobretudo, em cada um deles, a genuína vontade de colaborar no processo de pacificação o nosso clube.

Essa palavra, “pacificação”, eu a tenho ouvido quase todos os dias, de todas as bocas. É ela que me serve de norte. É ela que me leva a postular a presidência do São Paulo em um momento em que eu já não me imaginava mais candidato. As manifestações de apoio que recebi nos últimos dias das lideranças mais expressivas do clube só reforçam em mim a convicção de que temos, juntos, a missão histórica de reconduzir o São Paulo à sua condição de exemplo no futebol brasileiro e a seu lugar de destaque no futebol mundial.

A pacificação, porém, não pode significar conivência com malfeitos. Tranquilidade não pode ser sinônimo de acordão para acobertar eventuais atos lesivos ao São Paulo. Tudo deve e será esclarecido pelas instâncias competentes do clube. Sem açodamento, sem juízos precipitados, mas com o rigor necessário, dentro da normalidade de uma instituição saudável.  Não tenho nem terei compromisso com o erro.

O São Paulo precisa avançar. Precisa enfrentar seus problemas e recobrar a respeitabilidade perante seus milhões de torcedores homens, mulheres e crianças apaixonados por esse clube, que têm orgulho de ser são-paulinos e carregam a bandeira tricolor entre as coisas mais valiosas de suas vidas.  

Avançar, neste momento, significa também enfrentar com serenidade e firmeza os problemas financeiros que atormentam o clube. É preciso criar condições de uma gestão sustentável, profissional e austera, à altura do que exige de nós o mundo contemporâneo. O futebol não pode mais se dar ao luxo de ser o abrigo do atraso e da irresponsabilidade. É preciso romper com as práticas clientelistas, é preciso dar um basta à cultura do compadrio e dos favores, é preciso dizer não definitivamente às falcatruas.

Estamos assistindo em toda parte que as pessoas estão fartas da política feita em benefício próprio. O São Paulo, sob o meu comando, estará comprometido com esse sentimento de mudança, por uma gestão mais eficaz e transparente, verdadeiramente voltada à coletividade.

A minha vida no clube é antiga. Sou desde criança um torcedor apaixonado, e tive a felicidade de transmitir esse amor ao São Paulo a meus dois filhos e à minha neta querida. Sou conselheiro há mais de 30 anos. Fui diretor de futebol e vice-presidente do clube na última década. Exerci até aqui com altivez e firmeza o honroso cargo de Presidente do Conselho Deliberativo, para o qual fui eleito há um ano e meio. Na vitória e na derrota, sempre fui leal aos amigos e fiel a princípios. Vocês da imprensa sabem melhor do que ninguém que não sou uma pessoa de duas caras.

Não esperava hoje estar aqui. Mas estou mais preparado do que nunca para enfrentar o maior desafio da minha vida. O São Paulo é maior do que todos nós. E o que ele exige de nós agora é grandeza. Conclamo meus companheiros a participar dessa jornada.

Antes de concluir, quero dizer que nosso projeto é devolver ao São Paulo a confiança no relacionamento, a objetividade no trato das coisas, a assunção de compromisso com a verdade, sem subterfúgios. Apesar dos problemas, o São Paulo é um clube sério. Nosso projeto é devolver a confiança ao São Paulo, com objetividade nos tratos e compromisso com a verdade.

Quero devolver ao São Paulo a alegria de sempre. Quero falar do Rogério Ceni, nosso M1TO, e relembrar nossas conquistas e glórias. Não quero falar de problemas políticos, e sim falar do orgulho que todo são-paulino sente pelo clube. Sem arrogância ou prepotência, mas nós temos motivos para nos orgulhar. Vamos partir para um novo São Paulo. E é nisso que acredito.

Muito obrigado a todos!

Carlos Augusto Barros e Silva

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