Campeão Paulista de 1971

Campeão Paulista de 1971

Calendário 27/06/2024 - 06:14

No dia 27 de junho de 1971, no Morumbis, o campeão estadual de 1970 venceu o Palmeiras por 1 a 0, gol de Toninho Guerreiro aos cinco minutos do primeiro tempo, e conquistou o 10º Campeonato Paulista da história do Tricolor, e o terceiro bicampeonato de modo consecutivo do clube (como ocorrido em 1945/1946 e 1948/1949), após 22 anos.

Relembre esse título especial.

AS PUBLICAÇÕES DA CONQUISTA

     

Com a conclusão do Estádio do Morumbis, em 1970, o São Paulo retomou a rotina de vitórias e títulos instaurada nos anos 1940 e 1950. Sem obras para bancar e com casa cheia, o Tricolor trouxe grandes ídolos para o elenco, como Gérson, Pedro Rocha e Pablo Forlán. O investimento deu resultado lodo de cara: o São Paulo foi campeão paulista ainda em 1970.

Para defender o posto de campeão, em 1971, os são-paulinos não contaram com reforços de contratações vultuosas (os principais reforços da temporada, Nelsinho, Samuel e Teodoro, chegariam apenas no segundo semestre). Não fora necessário.

O time, composto basicamente por Sérgio no gol; Forlán, Jurandir, Arlindo (Lima na maior parte do torneio) e Gilberto Sorriso na defesa; Edson, Gérson e Pedro Rocha no meio de campo; e Terto, Toninho Guerreiro e Paraná (ou Toninho II), era muito forte, apesar do resultado abaixo do esperado obtido na Taça de Prata no final de 1970.

Nas primeiras rodadas do Paulistão de 1971, o grupo sofreu um único susto, a derrota por 3 a 2 para a Portuguesa logo na segunda ronda, no dia 7 de março, no Pacaembu. Algo prontamente superado com a vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras duas semanas depois (21), no Morumbi, com dois belos gols em cobranças de faltas de Pedro Rocha.

O Tricolor logo emplacou, então, sete jogos invictos, sofrendo outro acidente de percurso apenas contra o Santos, de Pelé, na Vila Belmiro (derrota por 1 a 0 no dia 21 de abril). Seguiu-se, então, nova série sem conhecer algum revés. Dessa vez, de oito jogos e rompida no clássico contra o Corinthians no Pacaembu, no dia 6 de junho (1 a 0).

Para o São Paulo, líder em pontos somados (30), faltavam apenas três rodadas para o fim do campeonato, realizado em pontos corridos, mas com tabela dirigida (com as rodadas do segundo turno confeccionadas ao final do primeiro turno, de modo que os jogos derradeiros envolvessem as equipes da ponta da tabela naquela altura). Assim, o Tricolor ainda teria como oponentes o Paulista de Jundiaí, a Portuguesa (segunda colocada e adversária direta, com 26 pontos) e o Palmeiras: todos no Morumbis, podendo alcançar 36 pontos na classificação.

Jurandir, Sérgio, Gilberto Sorriso, Lima, Edson e Forlán; Terto, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro, Gérson e Paraná em jogo contra o Paulista de Jundiaí no dia 12 de junho de 1971

Contudo, parte dos os oponentes na luta pelo título tinham jogos a mais por fazer. Palmeiras, com 24 pontos, Corinthians, com 22 pontos, teriam ainda cinco e quatro jogos, respectivamente, a disputar, com pontuações máximas de 34 e 30 pontos. O Santos, com 24 pontos, mas com apenas mais três partidas a realizar, tal qual o Tricolor, poderia chegar na mesma pontuação são-paulina…

A derrota no Majestoso não abateu os tricolores. Os resultados seguintes também ajudaram a eliminar adversários da disputa. No dia 10 de junho, o Santos empatou com a Portuguesa e deu adeus à contenda e prejudicou a Lusa. A situação com o Corinthians se resolveu no dia 13 de junho, quando o time preto e branco empatou por 0 a 0 com os verdes do Palmeiras, alijando-se da competição e ainda tirando um ponto do rival.

Ali, o São Paulo já havia vencido o Paulista de Jundiaí por 3 a 2 e chegado aos 32 pontos. O Palmeiras somava 31 e já não possuía jogos a mais, em relação ao Tricolor, por fazer. Pelo arranjo da tabela, ambos os clubes se enfrentariam apenas na última rodada. Antes, porém, os são-paulinos teriam a partida contra a Portuguesa no caminho, enquanto os palmeirenses pegariam o São Bento, em casa. Os dois times fizeram a lição de casa, os dois por meio de goleadas. 4 a 1 na Portuguesa, carta fora do baralho, e 7 a 0 no São Bento. Desta maneira, no Choque-Rei decisivo do dia 27 de junho, apenas uma vitória interessaria ao lado verde, enquanto um empate bastava para os tricolores comemoraram o bicampeonato.

O Morumbis no dia da decisão do título de 1971

Mais de 100 mil pessoas eram esperadas no Morumbis para o clássico. O adversário estaria com força máxima em campo, enquanto o são-paulino Osvaldo Brandão ainda possuía dúvidas na escalação do time, pois Edson retornava de contusão.

Com o Cegonha escalado, entretanto, o São Paulo também foi ao campo com a melhor formação possível. O cara e coroa foi auspicioso: o capitão Gérson venceu e escolheu o campo – o Tricolor começaria atacando para o lado das sociais do clube.

Às 16h03, a bola rolou. E o Tricolor partiu para cima da defesa adversária logo de cara, forçando o rival a parar a jogada com falta, cobrada com perigo por Gersón. O Palmeiras reagiu na sequência, quase abrindo o marcador com uma tentativa de gol olímpico. O São Paulo não esmoreceu: Paraná disparou pela esquerda e cruzou para área. O zagueiro Minuca afastou, de qualquer forma, mas no jeito para Toninho Guerreiro pegar o rebote no peito e arrematar a bola para o fundo do gol! São Paulo 1 a 0!

O gol do título, de Toninho Guerreiro

Faltando 85 minutos para o fim da partida, o Morumbis reverberava, uníssono: “É campeão, é campeão!”

Com o placar amplamente favorável, o Tricolor passou a cadenciar o jogo quando de posse da bola na metade adversária do campo, ou a apostar em contra-ataques quando a pelota era recuperada na defesa.

Aos 16 minutos, Paraná fez boa jogada, mas desperdiçou o gol deixando a bola escapar e parar nas mãos de Leão. Logo depois, Terto por pouco não acertou o ângulo, mandando a bola junto à trave, com força. Faltando uma hora para o fim do jogo, “a torcida palmeirense está muda”, relatou o jornal A Gazeta Esportiva, de 28 de junho. O time de verde pouco fez e nada ameaçava a meta de Sergio – só alcançara o segundo escanteio no jogo perto do fim da primeira etapa.

Aos 39 minutos, o São Paulo martela novamente. Cruzamento na área, a bola quicou de maneira inesperada, passou por todo mundo, Pedro Rocha não a alcançou e ela terminou por sair pela linha de fundo tirando tinta da trave. O primeiro tempo acabou com o Tricolor vencendo e dominando o jogo.

Após o intervalo, o sistema de alto-falantes do Morumbis informou um novo recorde de público no futebol paulista: 103.887 pagantes, 11.548 menores e Cr$ 913.196,00 de renda.

No campo, partindo para o tudo ou nada, o Palmeiras se jogou ao ataque, ainda que de sobremaneira infrutífera: Sérgio permanecia com o uniforme praticamente limpo – havia feito apenas uma defesa no primeiro tempo. No contra-ataque, o Tricolor assustava. Aos 17 minutos, Paraná foi derrubado por Eurico e reclamou pênalti, não anotado pelo árbitro Armando Marques.

Perto dos 20 minutos, enfim, Sergio executa a primeira grande intervenção na partida, executando uma bela ponte em chute de Dudu. Pouco depois, porém, o lance de maior perigo adversário é anulado pela arbitragem: Leivinha mandara a bola para o gol são-paulino, mas com a mão. “Gol com a mão não vale. E não valeu, mesmo”, pontuou A Gazeta Esportiva.

Como não poderia deixar de ser, os 15 minutos finais foram muito nervosos, com o Tricolor praticamente inteiro dentro da própria área, e com os palmeirenses ao redor, zanzando pra lá e pra cá, tentando invadir a muralha são-paulina. Só Leão e Minuca permaneciam no meio de campo do rival.

Para dar novo gás aos tricolores, Osvaldo Brandão muda o time: aos 31 minutos, Pedro Rocha foi substituído por Carlos Alberto. Pouco depois, Luis Pereira atingiu Paraná de maneira violenta: o ponta teve que deixar o campo para ser atendido. Com um a menos, o Tricolor quase sofreu o empate com um cabeceio de César, após chute de Fedato, que acertou o travessão.

A fim de esfriar o ritmo nos minutos finais, os são-paulinos retardam o recomeço do jogo. César, Luis Pereira, Fedato e Eurico deixam a civilidade e o desportismo de lado e partem para a agressão física de são-paulinos. Cenas lamentáveis que terminam com a expulsão dos dois últimos mencionados. Postos para fora, Armando Marques deixa o cronômetro correr mais 30 segundos e apita: fim de jogo! São Paulo Bicampeão Paulista!

O JOGO DO TÍTULO

27.06.1971
São Paulo (SP)
Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbis)

Sociedade Esportiva PALMEIRAS 0 X 1 SÃO PAULO Futebol Clube

SEP: Leao; Eurico, Luis Pereira, Minuca e De; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, Cesar e Pio (Fedato). Técnico: Mário Travaglini. Expulsões: Fedato e Eurico, 43’/2

SPFC: Sergio; Pablo Forlán, Jurandir, Arlindo e Gilberto Sorriso; Édson Cegonha e Gérson; Terto, Toninho Guerreiro, Pedro Rocha (Carlos Alberto) e Paraná. Técnico: Osvaldo Brandão.
Gol: Toninho Guerreiro, 5′/1.

Árbitro: Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques
Renda: Cr$ 913.196,00
Público: 103.887 pagantes, 11.548 menores

Jurandir, Sérgio, Gilberto Sorriso, Arlindo, Edson e Forlán; Terto, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro, Gérson e Paraná

A CAMPANHA

Fase única – Turno
28.02.1971 – 3 X 1 – Clube Atlético JUVENTUS (SP)
07.03.1971 – 2 X 3 – Associação PORTUGUESA de Desportos (SP)
12.03.1971 – 4 X 2 – PAULISTA Futebol Clube (SP)
21.03.1971 – 2 X 1 – Sociedade Esportiva PALMEIRAS (SP)
28.03.1971 – 2 X 1 – Associação FERROVIÁRIA de Esportes (SP)
31.03.1971 – 1 X 0 – Associação Atlética PONTE PRETA (SP)
04.04.1971 – 1 X 1 – Sport Club CORINTHIANS Paulista (SP)
10.04.1971 – 3 X 1 – Esporte Club SÃO BENTO (SP)
17.04.1971 – 1 X 0 – BOTAFOGO Futebol Clube (Ribeirão Preto – SP)
21.04.1971 – 0 X 1 – SANTOS Futebol Clube (SP)
25.04.1971 – 1 X 0 – GUARANI Futebol Clube (SP)

Fase única – Returno
01.05.1971 – 1 X 0 – Clube Atlético JUVENTUS (SP)
08.05.1971 – 2 X 0 – GUARANI Futebol Clube (SP)
16.05.1971 – 0 X 0 – SANTOS Futebol Clube (SP)
23.05.1971 – 2 X 1 – BOTAFOGO Futebol Clube (Ribeirão Preto – SP)
26.05.1971 – 3 X 0 – Esporte Club SÃO BENTO (SP)
30.05.1971 – 1 X 0 – Associação Atlética PONTE PRETA (SP)
02.06.1971 – 2 X 1 – Associação FERROVIÁRIA de Esportes (SP)
06.06.1971 – 0 X 1 – Sport Club CORINTHIANS Paulista (SP)
12.06.1971 – 3 X 2 – PAULISTA Futebol Clube (SP)
19.06.1971 – 4 X 1 – Associação PORTUGUESA de Desportos (SP)
27.06.1971 – 1 X 0 – Sociedade Esportiva PALMEIRAS (SP)

Jurandir, Gérson, Tenente, Wanderlei, Paulo, Darío, Arlindo, Everaldo, Sérgio, Pedro Rocha e Forlán; Picasso, Lucas, Toninho II, Paraná, Carlos Alberto, Gilberto Sorriso, Téia, Lima, Roberto Dias e Terto

A CLASSIFICAÇÃO FINAL

TimePTJGVEDGMGSSG
1São Paulo FC (SP)36221723391722
2SE Palmeiras (SP)33221534552233
3SC Corinthians P (SP)28221084362115
4Santos FC (SP)2822108429236
5A Portuguesa D (SP)28221246402812
6AA Ponte Preta (SP)222294922193
7A Ferroviária E (SP)222278731292
8Guarani FC (SP)19225982229-7
9CA Juventus (SP)162264122136-15
10Botafogo FC (Ribeirão Preto-SP)132237121938-19
11Paulista FC (Jundiaí-SP)112235141937-18
12EC São Bento (Sorocaba-SP)82224161448-34

O TROFÉU

Por Michael Serra / Arquivo Histórico João Farah

Compartilhe esse conteúdo

Deixe seu comentário