É bem notório que o Estádio do Morumbi foi inaugurado ainda incompleto, em 2 de outubro de 1960. Quase metade dele ainda precisava ser construída, mas desde o primeiro jogo algo se manteve presente até hoje, apesar das constantes melhorias tecnológicas sofridas ao longo desses 57 anos: o placar.
Originalmente, o placar do Cícero Pompeu de Toledo era um grande painel erguido sobre três colunas de concreto em uma seção ainda em obras, que hoje pode ser entendida como o espaço entre as cadeiras térreas do setor amarelo e azul.
Esse primeiro placar, mais analógico impossível, era servido de letreiros cambiáveis para indicar não somente o jogo e o resultado da peleja, mas também os marcadores de cada gol. Havia espaço para seis nomes em cada time, com contagem de tentos para cada um.
Nunca foi necessário usar mais do que isso. Se o jogo 7 a 1 da Alemanha no Brasil tivesse lá ocorrido, naquela época, não seria necessária uma barra de rolagem…
Qualquer alteração nele tinha que ser realizada manualmente através de uma escada, do tipo de eletricista, que fazia tremer de medo pela queda o rapaz encarregado dessa missão (Jerson da Costa Ramos, o qual trabalhou no Arquivo Histórico do São Paulo muitos anos depois e contou essa história aqui reproduzida).
Por sorte, o garoto só teve que alterar o placar uma única vez, na partida inaugural: 1 a 0, acrescentando o nome do marcador: Peixinho.
Naquele tempo, não havia ainda cronômetro ou relógio. Este, só foi inaugurado em 1962 e situado abaixo do placar principal. Causou certo orgulho tamanha modernidade quando estreado. “Cedido pela Companhia Tagus de Relógios, o modelo é de controle remoto, o que permite ‘acertar as horas’ de todos os outros relógios presentes no estádio automaticamente”. Vangloriava-se, assim, uma revista são-paulina da época.
Uma década se passou, e no dia 25 de janeiro de 1970, o São Paulo comemorou, enfim, a conclusão da casa. Com todos os anéis finalizados, não havia mais espaço para aquele grande painel. O novo, mais simples, ocupa exata área do placar atual, o espaço central, em lados opostos.
Apesar de possuir cronômetro, a mudança do resultado do jogo continuava sendo manual e não havia mais menção a autores dos gols. Só existia espaço para os nomes dos times, nos letreiros. E no caso da inauguração, ficou assim: São Paulo FC 1 x 1 FC do Porto.
Outros dez anos se foram, quando uma revolução tecnológica ocorreu. No dia 26 de janeiro de 1980, em um amistoso contra o Flamengo (0 a 0), o São Paulo estreou o primeiro placar eletrônico do Estádio do Morumbi. O clássico. O tradicional. O saudoso placar eletrônico que tanto emocionou os são-paulinos a cada gol do Tricolor.
Naquela altura, era um placar só, situado atrás da trave mais próxima à Praça Roberto Gomes Pedroza. Somente anos depois o segundo placar eletrônico foi inaugurado e posto na direção oposta ao mais antigo.
De modo geral, não era uma novidade no futebol: desde o final dos anos 60 já haviam outros, dessa categoria, pelo Brasil.
Essa versão eletrônica foi a que mais perdurou no Morumbi: 28 anos. Despediu-se dos são-paulinos, porém, com muito estilo: no dia 7 de junho de 2008, o São Paulo goleou o Atlético-MG por 5 a 1. Ao final daquela noite, esse luminoso foi apagado para sempre.
Antes disso, porém, chegou a coexistir, já perto do fim do aproveitamento dele, com outro mais moderno, instalada no alto da arquibancada situada junto a fachada do Estádio.
Inaugurado em 2004, este modelo de 112 m² era digital e articulável: durante jogos, a tela ficava voltada para o campo, nos demais momentos, girava 180º e o placar exibia propagandas para o lado externo do Estádio. Não durou muito tempo, contudo: em 2006 foi desativado.
O atual placar eletrônico do Morumbi foi inaugurado em 21 de junho de 2008, na vitória por 1 a 0 do Tricolor sobre o Sport, em partida válida pelo Brasileirão daquele ano. O jogo marcou a despedida de Adriano, o Imperador, do clube.
De lá, para cá, 548 gols são-paulinos tiveram os autores identificados pela torcida no Morumbi por meio desse letreiro eletrônico. E muitos outros ainda hão de vir.