Há 44 anos, Sérgio Bernardino vestiu a camisa do Tricolor pela primeira vez em um jogo profissional. Então com 19 anos e meio, ele era tão somente Serginho, mas em breve ganharia o apelido Chulapa, com o qual se consagrou o maior artilheiro da história do São Paulo em todos os tempos.
No dia 6 de junho de 1973, Serginho foi centroavante titular do Tricolor no amistoso contra o Bahia, na Fonte Nova. A partida acabou no zero a zero, mas o camisa nove não demoraria a dar alegria ao torcedor são-paulino. Na partida seguinte, estreando no Morumbi e de cara enfrentando o Corinthians, Serginho marcou o primeiro gol dele com o manto (o jogo, de 10 de junho, acabou em 1 a 1 pela Taça São Paulo).
Foi apenas o primeiro de 242 gols pelo Mais Querido, que ajudaram a ele e ao time a conquistarem o Campeonato Paulista de 1975, 1980 e 1981 e Campeonato Brasileiro de 1977.
O patamar de maior goleador da história do Tricolor foi conquistado por ele em 1982, quando superou Gino Orlando, que marcara 233 vezes. Desde então, já são 35 anos sem que sequer ameaçassem a posição por ele atingida.
Dos 242 gols marcados em 399 partidas, 229 foram em jogos de competição oficial – recordista. Contudo, é o segundo principal goleador do time no Brasileiro (83 gols) e no Paulistão (138 gols), atrás de Luis Fabiano, no primeiro (108 gols) e Gino Orlando (142 gols), no segundo.
Porém, é o maior goleador do Tricolor em clássicos estaduais em toda a história, com 42 gols. E o maior artilheiro são-paulino do SanSão, com 21 gols em 25 jogos; como também é o principal goleador do time no Majestoso, com 15 gols em 23 partidas.
Lidera também o número de gols marcados no Morumbi em vários aspectos: no geral (135), em jogos de competição (131), no Paulistão (87), em clássicos nacionais (45) e estaduais (31). No Brasileirão é o vice, com 39 gols (atrás de Luis Fabiano, com 68). Contra o Palmeiras, marcou apenas seis gols, mas uma foi inesquecível: na semifinal do Paulistão de 1978, quando, de cabeça, marcou o gol que levou o São Paulo à final no último minuto da prorrogação.
Em termos de competições, Serginho foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1975 e de 1977. Contudo, é o recordista do clube em número de temporadas como o principal artilheiro do time. Foram sete! 1975, 1976, 1977, 1979, 1980, 1981, 1982. A sequência somente foi quebrada em 1978, cujo artilheiro foi Milton Cruz, por estar suspenso pelo tribunal de justiça.
Do mesmo modo, o centroavante foi o principal goleador do Tricolor no Brasileiro por seis vezes (1974/75/77/80/81/82) e no Paulistão por oito (de 1975 a 1982)!
O máximo de gols que atingiu em uma só temporada foi 42, em 1977, o que lhe rende a sétima melhor marca da história do São Paulo (Dodô é aqui o recordista com 54 gols em 1997). Em um único Brasileirão? 20 gols em 1982, quarta melhor marca (recorde: Luis Fabiano, 29 gols em 2003). E no Paulistão? 32 gols em 1977, o melhor desempenho, igualado a Friedenreich, que balançou as redes também por 32 vezes no Paulistão de 1931.
De quebra, Serginho ainda foi o principal artilheiro do time na Libertadores de 1982, com quatro gols.
Serginho, ao todo, marcou três gols em um único jogo – o agora popular “hat-trick” – em 10 ocasiões. Somente França fez mais que ele (12). Serginho também chegou a fazer quatro gols em uma só partida, duas vezes (França apenas uma): 6 x 1 Marília, em 1977; e 4 x 0 Ferroviário, em 1982.
Os 242 gols de Serginho foram marcados em cima de 62 clubes diferentes, mesma marca de Rogério Ceni e atrás apenas de Gino Orlando, que fez anotou os tentos dele contra 63 equipes.
Uma das poucas marcas que Serginho não alcançou pelo São Paulo foi a de não ter conseguido fazer gols em todos os outros 11 grandes clubes do Brasil. Serginho não deixou o dele contra Cruzeiro (dois jogos) e Atlético-MG (quatro jogos). Somente quatro atletas realizaram essa proeza até hoje: França, Luis Fabiano, Rogério Ceni e Dagoberto.
A melhor sequência de jogos seguidos dele marcando gols é de sete partidas com 15 gols marcados nelas, em 1977. É a oitava melhor marca do clube, nesse quesito (o recordista é Waldemar de Brito, que marcou 28 gols em 11 jogos seguidos em 1933.)
Serginho levou 189 partidas para marcar os 100 primeiros gols dele pelo time (sétima melhor marca da história – o recordista é Friedenreich, que levou apenas 119). Se considerados os primeiros 200 gols, somente três atletas atingiram essa marca e Serginho precisou de 350 jogos para alcança-los – Luis Fabiano, o recordista, precisou de 314 e Gino Orlando, o terceiro posto, 373.
Agora, pelo prisma dos 100 primeiros jogos disputados, Serginho marcou neles 56 gols (oitava maior marca da história do clube – novamente Friedenreich é recordista, pois marcou 89 gols na primeira centena de partidas). Já entre os 200 primeiros jogos, Serginho é o quarto colocado, com 111 gols marcados (o líder, Luis Fabiano, marcou 148). Por fim, nas 300 primeiras pelejas, Serginho é o segundo principal artilheiro, com 169 gols, mais uma vez atrás de Luis Fabiano, com 194 gols.
Serginho possuía, contudo, um outro lado bem característico: ele é jogador mais vezes expulso de campo pelo Tricolor, 16 vezes, junto a Luis Fabiano (outra coincidência daquelas).
Chulapa era verdadeiramente insuperável quando partia para o gol. Desengonçado, parecia que ia cair, mas nunca caía. Recuperava o equilíbrio durante a corrida e marcava. Era gol na certa. Usava os braços e o corpo também com uma habilidade incrível. Bola na esquerda dele era gol, na direita meio gol. Alto, fazia ainda muitos gols de cabeça.
Era bom também para bater faltas e pênaltis. Tinha uma empatia especial com a torcida porque sabia provocar os adversários, quer com declarações fora de campo ou com atitudes “consagradoras”. A torcida adorava a mistura do jogo eficiente com o comportamento malandro. Não foi à Copa do Mundo de 78 por causa da fatídica suspensão de 14 meses, mas foi o centroavante titular do Brasil na Copa do Mundo de 82.