A Corrida de São Silvestre

A Corrida de São Silvestre

Calendário 30/12/2024 - 15:00

O São Paulo Futebol Clube possuiu um verdadeiro esquadrão no atletismo entre os anos 1940 e os anos 1960. Competidores de alto nível levaram o clube a um tetradecacampeonato seguido no Campeonato Estadual – 14 títulos –, a um hexacampeonato no Troféu Brasil (sendo pentacampeão de forma consecutiva e, tomando assim, a posse definitiva do gigante troféu, hoje exibido no Memorial Luiz Cássio dos Santos Werneck), e a centenas de outras competições nacionais e internacionais, culminando com a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1952, de Adhemar Ferreira da Silva e seus recordes mundiais no salto triplo, em 1952 e 1955 – nesse último, nos Jogos Pan-Americanos.

Mas é bom lembrar de outra grande façanha do atletismo tricolor: ser o clube mais vezes campeão da Corrida Internacional de São Silvestre, a mais tradicional e importante corrida do pedestrianismo nacional. Criada por Cásper Líbero, de A Gazeta, em 1925, tornou-se uma prova internacional em 1945.

A PROVA INTERNACIONAL

Nos dois primeiros anos nesta nova categoria, criada em 1945, um brasileiro sagrou-se vencedor. E, após essas duas primeiras conquistas, se deu uma incrível sequência de vitórias de estrangeiros. Até que, em 1980, um novo brasileiro subiu no ponto mais alto do pódio, enfim. O mais curioso nesta história: os campeões antes e após o jejum eram atletas do São Paulo!

Sebastião Alves Monteiro com a camisa são-paulina no topo do pódio de 1946 / A Gazeta Esportiva

O fato quase seria apagado da história, não fosse alguns poucos registros em livros, jornais e revistas antigas, mas Sebastião Alves Monteiro era filiado ao Tricolor quando de suas vitórias em 1945 e 1946 (embora, mesmo como atleta são-paulino durante a primeira edição, tenha se registrado na disputa como competidor da Força Policial por lá estar “servindo”, à época).

Sebastião era o recordista brasileiro dos 10 mil metros, o que talvez justifique o bicampeonato naquela prova de, então, somente 7km. Fora também campeão sul-americano de “cross country” de 1947, além de ter possuído inúmeras outras conquistas.

O outro bicampeão são-paulino (campeão de 1980 e 1985), José João da Silva, acabou com aquele incômodo jejum de maneira épica, em plena noite paulistana. José João relatou que demorou cerca de um ano para compreender a façanha que alcançara. E poderia ter alçado muito mais, não fosse uma fratura no braço que o impediu de participar das duas provas seguintes. Na reestreia foi vice-campeão, perdendo para o campeão olímpico, o português Carlos Lopes.

Em 1985, a reafirmação de um herói: José João foi campeão em cima daquele que se tornaria, nos anos seguintes, tetracampeão da São Silvestre, Rolando Vera – equatoriano.

COMPETIÇÃO COLETIVA

Não bastasse o São Paulo possuir quatro títulos individuais na São Silvestre, o clube também foi várias vezes campeão da disputa coletiva, entre clubes. Antigamente, grande maioria dos atletas que tomavam parte da prova eram federados à clubes, não sendo participantes independentes, como hoje.

O São Paulo fora campeão da Corrida de São Silvestre por equipes em 1948, 1954, 1955, 1956, 1957, 1960, 1963 e 1986. E ainda foi vice-campeão em 1949, 1950, 1951 e 1952.

CAMPEÕES

Fase Nacional – Individual Masculino

  • 1925      Clube Espéria (Alfredo Gomes)
  • 1926      CR Tietê (Jorge Mancebo)
  • 1927      Clube Espéria (Heitor Blasi)
  • 1928      AA das Palmeiras (Salim Maluf)
  • 1929      SS Palestra Itália (Heitor Blasi)
  • 1930      Voluntários da Pátria FC (Murilo de Araújo)
  • 1931      CA Paulistano (José Agnelo)
  • 1932      CA Paulistano (Nestor Gomes)
  • 1933      CA Paulistano (Nestor Gomes)
  • 1934      CA Franco Brasileiro (Alfredo Carletti)
  • 1935      CA Paulistano (Nestor Gomes)
  • 1936      AA Guarulhense (Mário de Oliveira)
  • 1937      AA Guarulhense (Mário de Oliveira)
  • 1938      AA Guarani (Armando Martins)
  • 1939      AA Ramenzoni (Luiz Del Grecco)
  • 1940      AA Guarani (Antônio Alves)
  • 1941      Minas Gerais (José Tiburcio dos Santos)
  • 1942      Força Policial (José Gonçalves da Silva)
  • 1943      Força Policial (José Gonçalves da Silva)
  • 1944      Força Policial (José Gonçalves da Silva) – vice: São Paulo FC (Emanuel da Silva Prado)

Fase Internacional – Individual Masculino

Sebastião Alves Monteiro, ao centro, rodeado por João Soares Oitica, Joaquim Gonçalves da Silva (futuro atleta são-paulino), Antônio Alves e Germano Belchior (também tricolor)

  • 1945      São Paulo FC (Sebastião Alves Monteiro)
  • 1946      São Paulo FC (Sebastião Alves Monteiro)
  • 1947      Uruguai (Oscar Moreira)
  • 1948      Chile (Raul Inostrosa)
  • 1949      Finlândia (Viljo Heino)
  • 1950      Bélgica (Lucien Theys)
  • 1951      Alemanha Ocidental (Erik Krucziky)
  • 1952      Iugoslávia (Franjo Mihalic)
  • 1953      Tchecoslováquia (Emil Zatopek)
  • 1954      Iugoslávia (Franjo Mihalic) – vice: São Paulo FC (Edgard Freire)
  • 1955      Grã-Bretanha (Kenneth Norris)
  • 1956      Portugal (Manoel Faria)
  • 1957      Portugal (Manoel Faria)
  • 1958      Argentina (Osvaldo Suarez)
  • 1959      Argentina (Osvaldo Suarez)
  • 1960      Argentina (Osvaldo Suarez)
  • 1961      Grã-Bretanha (Martin Hyman)
  • 1962      França (Hamoud Ameur)
  • 1963      Bélgica (Henry Clerckx)
  • 1964      Bélgica (Gaston Roelants)
  • 1965      Bélgica (Gaston Roelants)
  • 1966      Colômbia (Alvaro Mejia Flores)
  • 1967      Bélgica (Gaston Roelants)
  • 1968      Bélgica (Gaston Roelants)
  • 1969      México (Juan Martinez)
  • 1970      Estados Unidos (Frank Shorter)
  • 1971      México (Rafael Tadeo Palomares)
  • 1972      Colômbia (Victor Mora)
  • 1973      Colômbia (Victor Mora)
  • 1974      Costa Rica (Rafael Angel Perez)
  • 1975      Colômbia (Victor Mora)
  • 1976      Chile (Edmundo Warnke)
  • 1977      Colômbia (Domingo Tibaduiza)
  • 1978      França (Radhouane Bouster)
  • 1979      Estados Unidos (Herb Lindsay)
  • 1980      São Paulo FC (José João da Silva)
  • 1981      Colômbia (Victor Mora)
  • 1982      Sporting CP (Portugal, Carlos Lopes)
  • 1983      C Atlético M (João da Mata) – vice: São Paulo FC (José João da Silva)
  • 1984      Sporting CP (Portugal, Carlos Lopes)
  • 1985      São Paulo FC (José João da Silva)
  • 1986      Equador (Rolando Vera)
  • 1987      Equador (Rolando Vera)
  • 1988      Equador (Rolando Vera)
  • 1989      Equador (Rolando Vera)
  • 1990      México (Arturo Barrios)
  • 1991      México (Arturo Barrios)
  • 1992      Quênia (Simon Chemwoyo)
  • 1993      Quênia (Simon Chemwoyo)
  • 1994      Brasil (Ronaldo Costa)
  • 1995      Quênia (Paul Tergat)
  • 1996      Quênia (Paul Tergat)
  • 1997      Brasil (Émerson Iser Bem)
  • 1998      Quênia (Paul Tergat)
  • 1999      Quênia (Paul Tergat)
  • 2000      Quênia (Paul Tergat)
  • 2001      Etiópia (Tesfaye Jifar)
  • 2002      Quênia (Robert Cheruiyot)
  • 2003      CdeA BM&F (Marílson Gomes dos Santos)
  • 2004      Quênia (Robert Cheruiyot)
  • 2005      CdeA BM&F (Marílson Gomes dos Santos)
  • 2006      AA Pé de Vento (Frank Caldeira)
  • 2007      Quênia (Robert Cheruiyot)
  • 2008      Quênia (James Kipsang Kwambai)
  • 2009      Quênia (James Kipsang Kwambai)
  • 2010      CdeA BM&F (Marílson Gomes dos Santos)
  • 2011      Etiópia (Tariku Bekele)
  • 2012      Quênia (Edwin Kipsang)
  • 2013      Quênia (Edwin Kipsang)
  • 2014      Etiópia (Dawit Admasu)
  • 2015      Quênia (Stanley Biwott)
  • 2016      Etiópia (Leul Aleme)
  • 2017      Bahrein (Dawit Admasu)
  • 2018      Etiópia (Belahy Bezabh)
  • 2019      Quênia (Kibiwot Kandie)
  • 2020      não realizada por causa da pandemia de COVID-19
  • 2021      Etiópia (Belahy Bezabh)
  • 2022      Sporting CP (Uganda, Andrew Kwemoi)
  • 2023      Quênia (Timothy Kiplagat)

O tricolor José João da Silva cruza a linha de chegada em 1º lugar no ano de 1980 / A Gazeta Esportiva

Por Michael Serra / Arquivo Histórico João Farah

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