A Copa do Mundo de Leônidas da Silva

A Copa do Mundo de Leônidas da Silva

Calendário 27/06/2014 - 01:30

O Tricolor não contou com jogadores na Copa do Mundo de 1938.
Recém refundado, em 1935, o São Paulo ainda engatinhava, buscando
novamente se estabelecer como um grande clube do futebol
brasileiro.

Contudo, Argemiro, Hércules e Luizinho eram os ex são-paulinos
na disputa. Todos eles tricolores até o aliciamento de 1934 ou o
fechamento temporário do clube, em 1935.

O que certamente vale apresentar, entretanto, é a história de
Leônidas da Silva nessa Copa do Mundo. O Diamante Negro, quatro
anos depois dessa atuação sem precedentes, foi contratado pelo
Tricolor e transformou o São Paulo Futebol Clube.

 

O JOGADOR

Maior jogador do Brasil até o surgimento de Pelé, Leônidas da
Silva era um atleta veloz, extremamente técnico e que possuía ótima
impulsão e elasticidade, característica que lhe rendeu o seu
segundo apelido mais famoso: Homem Borracha – criado pelo
jornalista francês Raymond Thourmagem, da revista Paris Match
justamente durante a Copa do Mundo de 1938.

Tradicionalmente é considerado pelos cronistas nacionais como o
inventor da bicicleta – fato controverso, pois teria realizado o
movimento pela primeira vez em 1932. Se não inventou, certamente
imortalizou e consagrou a jogada. Leônidas da Silva jogou futebol
de 1930 a 1950, passando por São Cristóvão, Sírio Libanês, Sul
América, Bonsucesso, todos do Rio de Janeiro, Peñarol (Uruguai),
Vasco da Gama, SC Brasil, também carioca, Botafogo, Flamengo e, por
fim, São Paulo.

Defendeu a Seleção Brasileira com extremo sucesso entre 1932 e
1946, pela qual disputou duas Copas do Mundo, sendo inclusive
artilheiro de uma delas. Poderia ter disputado outras duas Copas,
enquanto defendia a camisa tricolor, mas a 2ª Guerra Mundial
impediu a realização das edições de 1942 e 1946.

Foi contratado pelo São Paulo junto ao Flamengo, em 1942, na
transação mais cara da história do futebol sul-americano até então,
no valor de 200 contos de réis (em valores convertidos e
corrigidos, aproximadamente 195 mil reais).

Por causa de sua idade e tempo sem jogar, os rivais contavam
piadas dizendo que o Tricolor tinha comprado um bonde por 200
contos. A história, hoje, ri. Pelo São Paulo, Leônidas foi
pentacampeão paulista (1943, 1945, 1946, 1948 e 1949), marcando 144
gols em 212 jogos.

 

A CAMPANHA

A Copa do Mundo de 1938, realizada na França, seguiu os moldes
da anterior e adotou o sistema eliminatório simples, desde a
primeira fase. Nessa, o Brasil enfrentou a Polônia, em Strasbourg,
no dia 5 de junho. Um grande jogo que terminou empatado no tempo
normal em 4 a 4, com vitória brasileira na prorrogação por 6 a
5.

Leônidas marcou três gols na primeira partida. O tento inicial e
os mais importantes, os dois gols no decorrer da prorrogação. Tinha
estrela, tanta, que um dos gols é atribuído que tenha feito
descalço, após perder a chuteira em um lance.

Até a FIFA adotar cobranças de pênaltis após o fim da
prorrogação do tempo regulamentar como critério imediato de
desempate de partidas, em meados dos anos 70, o que acontecia em
situações assim era repetir a disputa do jogo. E foi o que
aconteceu nas quartas de final da Copa do Mundo de 1938.

A Seleção Brasileira enfrentou a Tchecoslováquia no dia 12 de
junho, em Bordeaux, e empatou em 1 a 1, com gol dele, Leônidas da
Silva. Sem alteração no score durante a prorrogação, o
jeito foi enfrentar novamente a seleção eslava no dia 14. Desta
vez, vitória brasileira por 2 a 1, novamente com um gol do Diamante
Negro, o primeiro do time no jogo. Leônidas, terminada a partida,
teve de deixar o campo carregado, extenuado.

Sem condições de jogar, na única partida em todo o Mundial em
que o craque não esteve em campo, o Brasil perdeu. Na semifinal,
jogada em Marseille, no dia 16 de junho, a seleção brasileira
perdeu para a italiana por 2 a 1. Era o fim do sonho do título, mas
não da Copa do Mundo. Leônidas, recuperado, ainda marcou 2 gols na
decisão de terceiro e quarto lugares, contra a Suécia (4 a 2), em
Bordeaux, no dia 18.

Leônidas da Silva, o maior jogador brasileiro antes de Pelé, não
pôde ser campeão do mundo pela Seleção Brasileira, mas regressou ao
país com a medalha de bronze no peito e o título de artilheiro da
maior competição de futebol do mundo, com 7 gols.

 

A DELEGAÇÃO

  • Chefe: Dr. José Maria Castello Branco;
  • Técnico: Adhemar Pimenta;
  • Tesoureiro: Irineu Rodrigues Chaves;
  • Secretário: Dr. Célio Negreiros de Barros;
  • Jornalistas: Afrânio Vieira e Everardo Lopes;
  • Locutor: Leonardo Gagliano Netto;
  • Médicos: Dr. José Maria Castello Branco e Dr. Álvaro Lopes
    Cansado;
  • Massagista: Carlos Volante (contratado na França).

 

OS INSCRITOS

  • Goleiros: Batatais (Fluminense) e Walter (Flamengo);
  • Defensores: Domingos da Guia (Flamengo), Jahu (Vasco da Gama),
    Machado (Fluminense) e Nariz (Botafogo);
  • Meio-campistas: Affonsinho (São Cristóvão), Argemiro
    (Portuguesa Santista), Brandão (Corinthians), Britto (América-RJ),
    Martim Silveira (Botafogo) e Zezé Procópio (Botafogo);
  • Atacantes: Hércules (Fluminense), Leônidas (Flamengo), Luizinho
    (Palestra Itália), Niginho (Lazio), Patesko (Botafogo), Perácio
    (Botafogo), Roberto (São Cristóvão), Romeu (Fluminense) e Tim
    (Fluminense).

 

FICARAM DE FORA

  • Cortados na pré-convocação: Álvaro (Botafogo), Waldemar de
    Brito (Flamengo)
  • Pré-convocados: Thadeu (América-RJ), Del Nero (Palestra
    Itália), Fausto (Flamengo), Caxambu (São Cristóvão), Plácido
    (América-RJ), Juvenal (América-MG), Geninho (Villa Nova-MG), Lopes
    (Corinthians), Jurandyr (Palestra Itália), Carnera (Palestra
    Itália), Junqueira (Palestra Itália) e Carvalho Leite
    (Botafogo).
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