Logo após Zetti defender o pênalti cobrado por Gamboa e decretar
a conquista da primeira Copa Libertadores da América da história do
São Paulo, a torcida são-paulina explodiu em festa. Boa parte dos
mais de 105 mil torcedores presentes ao Morumbi na noite de 17 de
junho de 1992 (público este que proporcionou um novo recorde de
arrecadação nacional, até então: CR$ 1.072.490.000,00) invadiu
o campo para comemorar ao lado dos ídolos, festejar com seus iguais
e tentar adquirir algum item de recordação desse inesquecível
dia.
Os torcedores levaram consigo as redes das duas traves, as
bandeirinhas de escanteio, tufos de grama, nacos de terra, partes
dos uniformes dos jogadores, mesmo dos suplentes e até mesmo um dos
bancos de reservas!!! A festa era generalizada. Os próprios
atletas pareciam extasiados pela vitória. Telê chorou. O entusiasmo
logo se espalhou por toda a cidade, ganhando as ruas, bares,
restaurantes. Onde quer que existisse um são-paulino, lá estaria
ele comemorando, buzinando e fazendo carreata, ou simplesmente
festejando.
Raí ergueu a Taça Libertadores sobre um palco montado na lateral
do campo. Raí comentou ao jornal Folha de São Paulo que o coração
dele quase parou quando o juiz apitou o pênalti sobre Macedo, que
decidiu a vitória do Tricolor no tempo normal. “A primeira imagem
que me veio foi a Libertadores de 74, quando São Paulo teve um
pênalti a seu favor no tempo normal, desperdiçou-o e perdeu o
título. Pensei internamente: a história não pode se repetir”. Disse
o capitão. Ao lado dele, Antônio Carlos, coberto com a bandeira do
São Paulo, e Zetti comemoravam.
Zetti, Alexandre e Valdir Joaquim de Moraes formaram uma
verdadeira equipe de espionagem. Valdir estudara e anotara cada
forma de bater pênaltis dos cobradores argentinos, que na semifinal
passaram por uma maratona de pênaltis (eliminaram o América da
Colômbia por 11 a 10, nesta modalidade). Já Alexandre “cantava” a
Zetti, do meio campo, o modo que cada jogador pegava na bola.
Contudo, tudo isso só foi possivel graças a providencial
intervenção de Macedo, o jovem entoado pela torcida e que entrou no
segundo tempo no lugar de Müller. Na primeira participação do
atacante, ele sofreu o pênalti que Raí cobrou e deu a vitória ao
São Paulo, levando o jogo para a decisão em penalidades. Macedo, um
tanto ingênuo, nem sabia o nome do time adversário. Para ele era
“Boys alguma coisa”. Por fim, Macedo meio que reconheceu que,
embora tenha sofrido o pênalti, colaborou um pouco também para que
o juiz apitasse a falta: “Fui travado e me joguei. Foi mais ou
menos pênalti”, disse ao jornal Estado de São Paulo.
Palhinha, que terminou o torneio como artilheiro, com 7 gols,
veio do América-MG por empréstimo e após essa conquista acabou
contratado por 400 mil dólares. Todos os jogadores, aliás, foram
premiados com cerca de US$ 10 mil.
A comemoração dos jogadores, comissão técnica, dirigente e
associados terminou no Gallery. Já a festa da torcida tomou os
quatro cantos da cidade, espalhando-se Brasil a fora, e desde então
nunca mais foi esquecida, para sempre na memória dos
são-paulinos.