O São Paulo, que havia nascido em berço de ouro, foi reconstruído ao custo de muito trabalho e perseverança. De inquilino em um porão no centro da cidade, em 1936, a detentor de um dos maiores patrimônios do Brasil, atualmente, o caminho percorrido pelo clube foi árduo e repleto de histórias curiosas.
Em meados dos anos 40, o Tricolor batalhava para reconquistar o posto de grande potência no futebol paulista, outrora alcançado com o Esquadrão de Aço e o título do Campeonato Paulista de 1931. A contratação de Leônidas, em 1942, foi o primeiro passo. Com ele, Luizinho, King e outros grandes jogadores, o São Paulo passou a ser visto como favorito ao certame. Mas não na opinião de todos…
Reza a lenda que na reunião do conselho arbitral que definiria o regulamento do Campeonato Paulista de 1943, os presidentes dos times debateram normas e mais normas, detalhes após detalhes quando, encerrada a discussão, um dirigente ou repórter teria afirmado que tudo aquilo não seria necessário, que bastaria jogar ao ar uma moeda para definir o vencedor daquele ano. Se ao cair desse cara, o campeão seria o candidato alvinegro, se desse coroa, o postulante alviverde – até então os tradicionais favoritos.
– “Mas e o São Paulo?” – Questionaram-se, levando a dúvida também ao representante do Tricolor. Como toda mitologia que se preze, muitas versões diferentes existem a partir daqui. Alguns dizem que esse homem foi Décio Pedroso, presidente eternizado no momento graças aos desenhos de Nino Borges, em A Gazeta Esportiva. Outros contam que era Frederico Menzen ou ainda Porphyrio da Paz (sabe-se que este não foi, pois prestava serviço militar em Natal, no período).
Em uma das histórias, um dos cartolas rivais ou dos jornalistas presentes teria afirmado: “Só se a moeda cair em pé!”. E os dirigentes tricolores compraram a idéia, afinal éramos o Clube da Fé: “A moeda vai cair em pé!”. O São Paulo tratou de se reforçar mais ainda. Trouxe Zezé Procópio, Noronha, Ruy, Zarzur e Sastre – que os rivais chamavam de “Desastre”, por considerá-lo velho – e o time deslanchou.
No dia 3 de outubro de 1943, após uma belíssima campanha e um empate em 0x0 com o Palmeiras, pois bem, a moeda caiu em pé e o São Paulo sagrou-se pela segunda vez campeão paulista em sua história, a primeira desde 1935. Há exatos 70 anos!
SÃO PAULO Futebol Clube 0 X 0 Sociedade Esportiva PALMEIRAS
SPFC: King; Piolim e Virgílio; Zezé Procópio, Zarzur e Noronha; Luizinho (capitão), Antonio Sastre, Leônidas, Remo e Pardal. Técnico: Joreca.
SEP: Oberdan, Junqueira e Osvaldo; Brandao, Og Moreira e Dacumo; Caxambu, Gonzales, Cabeção, Villadoniga e Canhotinho. Técnico: Del Debbio.
Árbitro: Carlos de Oliveira Monteiro “Tijolo”
Renda: Cr$ 552.577,00
Público: 42.143 pagantes
Fase única – Returno
04.07.1943 – 2 X 1 – SPR – SÃO PAULO RAILWAY Athletic Club (SP)
18.07.1943 – 2 X 1 – COMERCIAL Futebol Clube (São Paulo – SP)
24.07.1943 – 3 X 2 – JABAQUARA Atlético Clube (SP)
01.08.1943 – 2 X 1 – Clube Atlético YPIRANGA (SP)
07.08.1943 – 3 X 0 – Associação PORTUGUESA de Desportos (SP)
14.08.1943 – 9 X 0 – Associação Atlética PORTUGUESA (Santos – SP)
22.08.1943 – 3 X 2 – Clube Atlético JUVENTUS (SP)
05.09.1943 – 2 X 0 – Sport Club CORINTHIANS Paulista (SP)
12.09.1943 – 4 X 1 – SANTOS Futebol Clube (SP)
03.10.1943 – 0 X 0 – Sociedade Esportiva PALMEIRAS (SP)
P |
Time
|
PT | JG | V | E | D | GM | GS | SG |
1 | São Paulo FC | 33 | 20 | 15 | 3 | 2 | 63 | 22 | 41 |
2 | SC Corinthians P | 32 | 20 | 15 | 2 | 3 | 71 | 28 | 43 |
3 | SE Palmeiras | 31 | 20 | 14 | 3 | 3 | 53 | 20 | 33 |
4 | CA Juventus | 23 | 20 | 9 | 5 | 6 | 49 | 31 | 18 |
5 | CA Ypiranga | 23 | 20 | 11 | 1 | 8 | 41 | 40 | 1 |
6 | Santos FC | 21 | 20 | 10 | 1 | 9 | 45 | 39 | 6 |
7 | A Portuguesa D | 21 | 20 | 9 | 3 | 8 | 39 | 34 | 5 |
8 | Comercial FC (São Paulo) | 12 | 20 | 5 | 2 | 13 | 37 | 53 | -16 |
9 | AA Portuguesa (Santos) | 10 | 20 | 4 | 2 | 14 | 32 | 81 | -49 |
10 | São Paulo Railway AC | 9 | 20 | 4 | 1 | 15 | 38 | 77 | -39 |
11 | Jabaquara AC | 5 | 20 | 2 | 1 | 17 | 30 | 73 | -43 |