Se o dia 12 de dezembro deste ano é especial para os torcedores são-paulinos pelos 20 anos da conquista do Campeonato Mundial de Clubes de 1993 e também pelo primeiro aniversário do título na Copa Sul-Americana em 2012, o dia 13 desse mês não é diferente.
Nessa data, há 21 anos, o São Paulo já havia conquistado o estado (era o atual campeão paulista), o Brasil (fora o vencedor do Campeonato Brasileiro de 1991) e a América (Libertadores de 1992). Restava, apenas e tão somente, o mundo.
Em 1992, o adversário do Tricolor no Mundial Interclubes (organizado por FIFA, UEFA e CONMEBOL) foi o Barcelona, campeão europeu e bicampeão espanhol (e que futuramente se tornaria tetracampeão), detentor de um elenco recheado de craques, dos quais o mais destacado era o búlgaro Stoichkov. Comandados por Johann Cruijff, o Barça já havia apanhado do Tricolor por 4 a 1, em casa, no Torneio Tereza Herrera, alguns meses antes.
A goleada, contudo, havia ficado para trás e assim, naquele dia 13, quando o sol alcançou o topo do céu do Japão e o badalar da meia-noite soou na madrugada do Brasil, o mundo tomou conhecimento, assombrado, do São Paulo FC, do seu escudo, do manto e das cores do time que encantou a todos pelo modo de jogar.
Contudo, os primeiros minutos de jogo não anunciavam isso. Os europeus começaram a partida com absoluto domínio e tomaram conta do campo brasileiro, trocando e invertendo muitas bolas, o que atrapalhou o sistema defensivo do Tricolor e resultou no gol, aos 12′, de Stoichkov.
A situação parecia se complicar, até que, aos 27′, após um lançamento em profundidade, Müller driblou Ferrer duas vezes, pela esquerda, fazendo o marcador perder a noção de onde estava e depois alçando a bola para Raí que, de barriga, somente encostou para as redes. 1×1!
Pouco depois, quase o São Paulo virou o jogo. O antes humilhado Ferrer se redimiu e salvou um gol certo de Müller em cima da linha. O Barça, recuperado do baque, não tardou e revidou na mesma moeda. Aos 45′, Beriguistain driblou Vitor e Adilson, passou por Zetti e tocou para o gol, que só não ocorreu graças à intervenção quase milagrosa de Ronaldo Luís, o santo das jogadas salvas em cima da marca de cal.
No segundo tempo, o São Paulo se sobrepôs ao adversário, tanto física, quanto tecnicamente. Telê recuou um pouco Raí e o time catalão passou a não ameaçar tanto, principalmente após grande intervenção de Ronaldão, que em consequência de um belo desarme, quase mandou Stoichkov às placas de publicidade.
O lance capital do jogo veio aos 34′: Palhinha sofreu falta pela direita, na entrada da área. A cobrança seria em jogada ensaiada. Raí e Cafu foram em direção à pelota.
Raí rolou a bola para Cafu, que a aparou, deslocando-a da barreira para que o camisa 10 são-paulino chutasse com categoria por cima da linha de defensores. Em uma curva para a direita, perfeita, a bola caiu abruptamente e descansou, enfim, no fundo das redes. O goleiro nem se mexeu, aflito. Já Raí saiu correndo em direção ao Mestre Telê. Gol!!! O gol do título mundial!
Tal como o Morumbi, após o inesquecível título da Libertadores de 1992, o Estádio Nacional de Tóquio, em fato inédito, foi invadido por uma multidão a festejar uma das maiores conquistas do Tricolor. Juntos, jogadores e torcedores deram a volta olímpica da vitória.
Foi assim que o São Paulo FC, pela primeira vez, se tornou o melhor time de todo o planeta.