Morumbi: O Orgulho de São Paulo

Calendário 22/03/2016 - 17:58
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O São Paulo Futebol Clube e os torcedores são-paulinos lutaram muito, e por muito tempo, para ver o sonho da construção de um gigante como o Estádio Cícero Pompeu de Toledo finalizada. Foram longos 18 anos de obras, suor e sacrifícios.

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O torcedor tricolor que vivenciou o Morumbi sendo erguido, entre 1952 e 1970, deixou um pouco de si no estádio, seja com um pequeno pacote de cimento, na Campanha Pró-Estádio, seja com a aquisição de uma promessa, a futura cadeira cativa, ou ainda não deixando de apoiar o time em campo, mesmo com os poucos bons resultados obtidos.  

Foi nessa fase que o time de futebol amargurou o maior período de jejum de títulos da história do clube: 13 anos (entre 1957 e 1970) – curiosamente, mesmo assim, o menor intervalo de tempo sem conquistas, se comparado aos tradicionais rivais.

“SE É UM SONHO, QUE SEJA GRANDE”

Os são-paulinos que se engajaram nesse projeto audacioso – levantar, no meio do nada e longe de tudo, o maior estádio particular do mundo, à época –, deixaram ali o próprio sangue e, quase sempre, sem o auxílio de mais ninguém, de nenhuma esfera de poder.

As dificuldades surgiram ainda no começo. No início dos anos 50, o Tricolor planejava construir sua casa na região do Ibirapuera, mas, mesmo em troca de terrenos no Canindé, para a retificação do Rio Tietê, a Câmara e a Prefeitura de São Paulo impediram a empreitada.

O Tricolor, contudo, perseverou e encontrou o local “ideal” para a realização deste sonho. Entre aspas, pois, a região do Morumbi, então propriedade da Imobiliária Aricanduva, era em uma área alagadiça, de mata fechada, afastada da cidade e inóspita.  

A empresa, interessada em lotear a gleba, concordou em utilizar a imagem do novo estádio são-paulino como um chamariz para o público, facilitando a comercialização dos terrenos. Em troca, em 4 de agosto de 1952, o Tricolor conseguiu junto à imobiliária uma área de 99.873m².

Nessa área adquirida estava prevista, de acordo com o projeto de original da Aricanduva, uma praça pública. Para a construção do estádio foi preciso, então, a anuência da prefeitura sobre a questão. A lei nacional nº 58 de 1937, que regulamentava loteamentos particulares, afirmava que cabia à Prefeitura somente a aprovação dos lotes, conforme planejamento do dono das terras. Até a publicação do Decreto-Lei 271 de 1967 e o Artigo 22 da Lei 6.766 de 1979, nenhum terreno destinado às vias ou praças públicas era de propriedade do Munícipio.

Ou seja, a área do Morumbi, com escritura de 1952, nunca foi um terreno público. E a concordância do poder municipal somente foi obtida após muitos pernoites de Luiz Cássio dos Santos Werneck – que hoje batiza o Memorial do São Paulo Futebol Clube – na porta da sede da Prefeitura.

A primeira etapa fora concluída, mas o sofrimento e o trabalho somente haviam começado. O clube havia solicitado à Prefeitura isenção de emolumentos para aprovação das plantas do projeto. O pedido foi negado. Também pediu que a mesma executasse as obras de canalização do córrego Antonico, procedendo assim, também, com a terraplanagem da região. Obras certamente de caráter público, mas que foram negadas pelo poder municipal.

A Comissão Pró-Estádio traçou, então, um plano de aporte inicial às obras com a venda de três mil futuras cadeiras cativas, com títulos de uso válidos por 20 anos. Pouco depois, Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco, intermediou em favor do São Paulo um contrato de direitos exclusivos para a venda de produtos dentro do futuro estádio com a Companhia Antárctica Paulista. A cervejaria concederia Cr$ 5.000.000,00 ao Tricolor por 10 anos de exploração comercial no Morumbi (com opção de prorrogação por mais cinco).

Com fundo em caixa, o São Paulo garantiu os primeiros estágios do grande projeto (limpeza do terreno, terraplanagem, canalização, galeria de águas pluviais, fundações, etc). Contudo, a descrença da população em “construir um estádio no meio do mato”, aliada à contra campanha de torcedores rivais e setores da imprensa, forçou o Tricolor a vender cadeiras como patrimônio definitivo.

Foi preciso então adentrar fortemente no mundo do “marketing”. Fora firmado, assim, um acordo com a Rádio Bandeirantes e Oswaldo Molles, produtor de Rádio e TV, que criou a personagem S.O. (sigla para Sócio-Olímpico, ou seja, sócio dono de cadeira cativa) que se tornou um sucesso radiofônico, aumentando consideravelmente as vendas.

Nessa campanha, as cativas foram vendidas, em média, a Cr$ 20.000,00 cada. Até a conclusão das obras, em 1970, o clube vendeu 12.000 cadeiras, representando uma receita aproximada de Cr$ 240.000.000,00, desconsiderando correções monetárias e a inflação.

Grande atrativo, as cativas foram cruciais não somente para a construção do Templo, mas também para o modo como fora construído. Preferiu-se erguer o Morumbi por seções, que compreendiam três níveis de arquibancadas, ao invés do tradicional “primeiro pavimento, segundo pavimento, etc”. Afinal, quando uma seção fosse finalizada, poderia ser capitalizada em ações de publicidade e suas cativas entregues a ao novos e felizes donos.

 

O COLOSSO DO MORUMBI

Entre 1956 e 1957, começou, de fato, a etapa mais complexa e densa da construção do Morumbi: levantar as colunas de sustentação e as próprias arquibancadas. Também foi a parte mais onerosa, o que muito explica que o Tricolor tenha conquistado o seu último título, até a finalização do estádio, justamente nesse ano. Faltou dinheiro para manter um elenco campeão…

Em 31 de outubro de 1956, a Prefeitura de São Paulo promulgou a lei nº 5.073 a qual concedia auxílio de até Cr$ 10.000.000,00 em apólices da dívida pública (com juros de 8% ao ano) às obras do Estádio do Morumbi. Os títulos foram negociados na bolsa de valores e renderam um valor líquido de Cr$ 5.473.000,00 ao clube, sendo o montante registrado em seu livro caixa diário sob o nome do Decreto nº 3.401 de 18 de dezembro de 1956 da Prefeitura de São Paulo.

Cabe ressaltar que a quantia em si é ínfima perto do despendido pelo São Paulo FC durante todo o processo de construção de seu estádio e que essa ação não teve validade somente para um único clube, como a lei de 5.066 de 22 de outubro do mesmo ano revela, ao promulgar o mesmo auxílio ao Corinthians (sob Decreto nº 3374, de 5 de dezembro de 1956). Em verdade, todos os clubes grandes da capital foram agraciados por medidas idênticas, e o Tricolor não foi o primeiro.

Longe de estar finalizado, a Comissão Pró-Estádio achou por bem inaugurar o estádio, mesmo incompleto, pois passaria a obter mais recursos provindos de bilheteria e também de ações publicitárias e promocionais, pelo destaque do Morumbi na imprensa. Além de, claro, saciar a vontade do são-paulino em ver e ocupar sua própria casa.

Com tudo preparado, marcou-se a data de inauguração: 2 de outubro de 1960. O convidado para repartir a honra desta festividade foi o Sporting de Lisboa. Sob a benção do Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelo Motta, a bola rolou pela primeira vez de modo oficial no Estádio Cícero Pompeu de Toledo. O primeiro gol do novo estádio foi marcado por Arnaldo Poffo Garcia, o Peixinho, aos 12′ da etapa inicial.

O período que se seguiu foi de grande estagnação. Os recursos financeiros líquidos rapidamente consumidos. Os valores obtidos pelos títulos patrimoniais e cadeiras cativas eram significativos, mas somente em longo prazo.

Sem o suficiente em caixa, o Morumbi nada avançou de 1961 a 1968.

 

FÉ E PERSEVERANÇA

Justamente neste período, o presidente do São Paulo, Laudo Natel, iniciou sua carreira política. Eleito Vice-Governador do Estado, por chapa independente, em 1962, assumiu o cargo majoritário por oito meses, entre 1966 e 1967. Após cumprir este mandato, não voltaria a desempenhar função pública até 1971, após a conclusão do Gigante, quando reassumiu o posto no Palácio do Estado.

Ou seja, Laudo Natel, enquanto governador, nada fez pelo Estádio do Morumbi. As fotos da expansão das obras atestam o fato.

Não contando com qualquer ajuda governamental, mesmo com o pretexto da realização dos Jogos Pan-Americanos na cidade de São Paulo, em 1963 – Os poderes públicos rejeitaram qualquer ajuda, como o PL 261 de 22/06/1960, da Câmara Municipal, bem ilustra – o Morumbi só voltou a crescer, e a passos largos, em 1968, com o advento do fantástico Carnê Paulistão.

“A Grande Jogada é Construir o Paulistão” foi uma campanha idealizada por Hélio Setti e Oswaldo Molles. Na TV Excelsior, nos intervalos das novelas, sorteava-se prêmios para aqueles que estivessem em dias com as suas mensalidades. Com tiragem inicial de 100.000 unidades, o carnê fez tanto sucesso que ganhou outras seis séries, totalizando 700.000 carnês, vendidos a NCr$ 5,00 (cada qual com 12 prestações no mesmo valor).

Outros clubes, posteriormente, adotaram a mesma prática, inclusive pressionando o São Paulo a romper sua patente. Os carnês concorrentes não vingaram, e o Tricolor, então, se comprometeu a repassar-lhes uma quota de seus ganhos.

Com as finanças em dia, o que o São Paulo não pôde realizar em oito anos, o fez em dois. Em 20 de dezembro de 1969 o estádio foi concluído. Só faltava a festa para a entrega da obra concluída, que aconteceu de 25 de janeiro de 1970, em amistoso contra o Porto.

Realmente, como diz Laudo Natel, a construção do Morumbi foi uma obra de igreja, realizada com o que se podia, aos poucos, pela venda de ideias, fazendo jus ao um belo mote: Fé e Perseverança.

Desde então, o Morumbi viu cerca de 50 decisões de títulos, 18 conquistas triunfais do Tricolor, 2231 partidas realizadas (das quais, 1598 jogos do São Paulo), 6018 gols (3017 são-paulinos) e 161 grandes apresentações musicais, “abrigando” quase 55 milhões de pessoas em todos esses eventos.

Definitivamente, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, é um orgulho para São Paulo!

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