O mundo tricolor pela primeira vez

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Calendário 13/12/2015 - 08:04
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Naquele fim de ano de 1992, o São Paulo havia acabado de vencer o Palmeiras, no primeiro jogo da final do Campeonato Paulista de 1992 por 4 a 2 (em um show de Raí, que marcou três gols). No dia seguinte à decisão, a delegação viajou rumo ao Japão para, pela primeira vez, disputar a mais importante competição de clubes do planeta.

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No Brasil, Suélio e Cuca ficaram, cortados. Na terra do sol nascente, outros dois jogadores, Lula e Macedo, também não foram relacionados para a partida. A responsabilidade pela vitória ficaria dividida entre 16 jogadores (os 11 titulares e mais os 5 tricolores no banco de reserva, como era o regulamento na época) e, claro, o técnico Telê Santana.

Responsabilidade talvez seja uma palavra acima do tom correto. O adversário são-paulino, o Barcelona, era o franco favorito – ao menos, para a imprensa mundial. Liderados pelo gênio da “Laranja Mecânica”, o holandês Cruyff, o time catalão também possuía jogadores de alto nível, cujo principal expoente era o búlgaro Stoichkov, que em 1994 se tornaria um dos destaques da Copa do Mundo.

O JOGO

Nervosismo, ansiedade ou até mesmo respeito ao adversário em demasia. Tudo isso pode justificar o fato dos europeus terem começado a partida com absoluto domínio sobre os são-paulinos, tomando conta do campo brasileiro, trocando e invertendo muitas bolas, e atrapalhando o sistema defensivo do Tricolor. Assim, aos 12 minutos, Stoichkov – justo ele – abriu o marcador em favor dos espanhóis. 

A situação parecia se complicar, até que, aos 27 minutos, após um lançamento em profundidade, Müller driblou Ferrer duas vezes, pela esquerda, fazendo o marcador perder a noção de onde estava e depois alçando a bola para Raí que, de barriga, somente encostou para as redes. 1 a 1!

Pouco depois, quase o São Paulo virou o jogo. O antes humilhado Ferrer se redimiu e salvou um gol certo de Müller em cima da linha. O Barça, recuperado do baque, não tardou e revidou na mesma moeda. Aos 45 minutos, Beriguistain driblou Vitor e Adilson, passou por Zetti e tocou para o gol, que só não ocorreu graças à intervenção quase milagrosa de Ronaldo Luís, o santo das jogadas salvas em cima da marca de cal.

No segundo tempo, o São Paulo se sobrepôs ao adversário, tanto física, quanto tecnicamente. Telê recuou um pouco Raí e o time catalão passou a não ameaçar tanto, principalmente após grande intervenção de Ronaldão, que em consequência de um belo desarme, quase mandou Stoichkov às placas de publicidade.

O lance capital do jogo veio aos 34 minutos: Palhinha sofreu falta pela direita, na entrada da área. A cobrança seria em jogada ensaiada. Raí e Cafu foram em direção à pelota.

Raí rolou a bola para Cafu, que a aparou, deslocando-a da barreira para que o camisa 10 são-paulino chutasse com categoria por cima da linha de defensores. Em uma curva para a direita, perfeita, a bola caiu abruptamente e descansou, enfim, no fundo das redes. O goleiro nem se mexeu, aflito. Já Raí saiu correndo em direção ao Mestre Telê. Gol!!! O gol do título mundial!

Tal como o Morumbi, após o inesquecível título da Libertadores de 1992, o Estádio Nacional de Tóquio, em fato inédito, foi invadido por uma multidão a festejar uma das maiores conquistas do Tricolor. Juntos, jogadores e torcedores deram a volta olímpica da vitória.

Ah, sim! De volta ao Brasil, e de ressaca pela festa do título mundial, o São Paulo ainda venceu o Palmeiras por 2 a 1 e venceu o Campeonato Paulista.

 

13.12.1992
Tóquio (Japão)
Estádio Nacional de Tóquio

Fútbol Club BARCELONA 1 X 2 SÃO PAULO Futebol Clube

FCB:  Zubizarreta; Ferrer, Ronald Koeman, Guardiola e Eusébio; Bakero (Goicoechea, 6′/2), Amor, Stoichkov e Michael Laudrup; Richard Witschge e Beguiristain (Nadal, 34′/2). Técnico: Johan Cruyff.
Gol: Stoichkov, 12′/1.

SPFC: Zetti; Vítor, Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho, 38′/2), Raí (capitão) e Cafu; Palhinha e Müller. Técnico: Telê Santana.
Gols: Raí, 27′/1; Raí, 34′/2.

Árbitro: Juan Carlos Loustau (Argentina)
Assistentes: Park Hae Yong (Coréia do Sul) e Shinichiro Obata (Japão)
Renda: US$ 2.500.000,00
Público: 60.000 pagantes

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