A conquista do terceiro título brasileiro

A conquista do terceiro título brasileiro

Calendário 9/06/2020 - 11:22
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Dois anos antes, em 1989, bateu na trave. No ano seguinte, em 1990, novamente não deu. O Tricolor foi vice-campeão brasileiro nessas duas temporadas. O título tão almejado pela torcida tinha que ser conquistado em 1991.

Telê Santana, que havia chegado do São Paulo no decorrer do Brasileirão de 1990 e que levou o time à final – mesmo após o esquecível primeiro semestre, em que o clube terminou o Paulistão em 15º lugar – acertou novo contrato, permanecendo à frente da equipe em 1991.

O elenco era praticamente o mesmo do semestre anterior, visto que o Brasileirão começou logo após ter se finalizado o predecessor. Somente foram contratados dois novos atacantes: Rinaldo, que veio do Fluminense, e Macedo, revelação do Rio Branco de Americana, justamente para os lugares de Alcindo e Aguirre, que deixaram o Tricolor. Carrasco, meio-campista, também não renovou: para a posição Telê apostou em pratas-da-casa.

O CAMPEONATO

O Brasileirão de 1991 foi disputado por 20 clubes, em um sistema de todos contra todos em turno único, classificando-se os quatro melhores colocados para às semifinais, em sistema eliminatório, com jogos de ida e volta. Os vencedores fizeram a final, também em duas partidas. A vantagem do empate, ou de resultados inversamente iguais, coube ao clube com melhor campanha acumulada.

Após uma curta pré-temporada no Paraná (em que obteve vitórias nos amistosos contra Apuracana, 1×0, e Foz do Iguaçu, 2×1). O Tricolor começou bem o campeonato, vencendo o Atlético Mineiro – que avançaria também à semifinal –, por 3 a 0, mesmo jogando no Mineirão! Mas nas cinco rodadas seguintes o São Paulo tropeçou três vezes, com derrota para Flamengo (0x1 na Gávea), Santos (1×2 no Morumbi) e Náutico (1×2 nos Aflitos). A irregularidade, entretanto, acabou aí.  

Raí, Müller e Macedo comandaram a reação são-paulina que deixou o clube invicto por 12 jogos (8 vitórias e 4 empates), só voltando a conhecer a derrota na última rodada da fase inicial do torneio (0x1 Internacional, no Beira Rio). Ainda assim, o Tricolor terminou essa etapa no primeiro posto, com 26 pontos – mesmo número do Bragantino, mas com duas vitórias a mais –, herdando assim a “vantagem do empate” no confronto semifinal contra o Atlético Mineiro.

Dito e feito. O São Paulo empatou os dois jogos contra os mineiros. A partida de ida acabou em 1 a 1, com o gol de Mário Tilico – o primeiro grande gol decisivo do ponta –  tricolores atuaram com um jogador a menos por quase todo o jogo (Antônio Carlos havia sido expulso aos 16 minutos do primeiro tempo). Na partida de volta, 0 a 0 no Morumbi e Tricolor na final!

Mas a classificação mediante dois empates teve um ônus. O Tricolor, que havia sido o melhor colocado durante o “turno”, foi superado na somatória de pontos da campanha geral pelo Bragantino, que chegou à final vencendo e empatando contra o Fluminense. A vantagem de dois empatee, ou de dois resultados inversamente iguais, agora era do time do interior, que, aliás, decidiria a partida final em casa.

A DECISÃO

No Morumbi, com 67.759 pagantes presentes à primeira partida da final do Brasileiro de 1991, o Tricolor começou arrasador, desperdiçando duas boas oportunidades logo nos minutos iniciais, com Bernardo, que chutou em cima do goleiro Marcelo, e com Macedo, em lance incrível e após bela jogada de Raí. O atacante driblou o arqueiro, tranquilamente, mas arrematou na trave!

Aos 27 minutos ocorreu o fato que decidiria o título: Mário Tilico, o talismã, entrou no lugar de Elivélton, contundido. A primeira etapa, porém, acabou da mesma forma que começou, 0 a 0, com o Bragantino controlando melhor o meio de campo e impedindo a velocidade dos ataques de Müller, Macedo e Tilico. Em verdade, até perdendo chances claras de gol, salvas por Zetti e Ricardo Rocha, este, em cima da linha.

A fase complementar se deu como o início do primeiro tempo, com o Tricolor dominando e partindo para cima. A defesa bragantina ruiu e sucumbiu à pressão aos quatro minutos. Bola no alto da área do ataque são-paulino e Bernardo cabeceou no travessão. Müller tentou o voleio, mas a bola passou direto, chegando aos pés certeiros de Mário Tilico, que estufou às redes com força – mandando a bola junto ao pé da trave direita do goleiro –, marcando o gol que daria a vitória ao São Paulo FC. A comemoração esfuziante de Mário Tilico refletiu a sensação de que aquele seria o gol do título!

Até a realização da primeira partida, não estava definido o local da realização do segundo embate. Ficou decidido que o confronto final seria mesmo no acanhado Estádio Marcelo Stéfani – atual Nabi Abi Chedi. Apesar de contar com a torcida rival quase dentro do campo, os jogadores tricolores não se intimidaram. Sem Elivélton, contundido, Telê avançou Cafu para meia-direita e colocou Zé Teodoro na lateral, não permitindo que o Bragantino encontrasse espaço para jogar. Curiosamente, a decisão de atuar em um campo pequeno em nada ajudou ao time da casa.

Em verdade, as melhores chances do jogo foram do Tricolor. Aos 11 minutos do primeiro tempo, Cafu lançou Zé Teodoro, que chutou forte. No rebote do goleiro, Leonardo cruzou para Bernardo cabecear na trave e Müller arrematar a sobra por cima do gol. O Bragantino somente rompeu a fortaleza são-paulina aos 30 minutos do segundo tempo, quando Luiz Müller chutou, Zetti rebateu e Sílvio quase marcou no rebote. Perto do fim do jogo (44min.), a pá de cal nas pretensões bragantinas veio após o belo lançamento de Raí para Flávio, que da entrada da área chutou forte e no travessão!

Mas nada a lastimar. Ao apito final do árbitro José Roberto Wright, o São Paulo Futebol Clube se sagrou Campeão Brasileiro de 1991, então o terceiro título nacional do Tricolor do Morumbi! Feito que abriu os portões de uma nova e inesquecível era vencedora sob comando de Telê Santana, que culminaria com a conquista do mundo por dois anos consecutivos!

O JOGO DO TÍTULO

09.06.1991
Bragança Paulista (SP)
Estádio Marcelo Stéfani
Clube Atlético BRAGANTINO 0 X 0 SÃO PAULO Futebol Clube

CAB: Marcelo; Gil Baiano, Júnior, Nei (capitão) e Biro Biro; Mauro Silva, Ivair (Luiz Müller), Alberto e João Santos (Franklin); Mazinho e Silvio. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

SPFC: Zetti; Zé Teodoro, Antônio Carlos, Ricardo Rocha e Leonardo; Ronaldão, Bernardo, Cafu e Raí (capitão); Macedo e Müller (Flávio). Técnico: Telê Santana.

Árbitro: José Roberto Ramiz Wright
Renda: CR$ 64.650.000,00
Público: 12.942 pagantes


A CAMPANHA

Primeira Fase
02.02.1991 – 3 X 0 – Clube ATLÉTICO MINEIRO (MG)
06.02.1991 – 0 X 1 – Clube Regatas do FLAMENGO (RJ)
17.02.1991 – 1 X 2 – SANTOS Futebol Clube (SP)
23.02.1991 – 1 X 0 – FLUMINENSE Football Club (RJ)
03.03.1991 – 2 X 1 – Clube ATLÉTICO PARANAENSE (PR)
06.03.1991 – 1 X 2 – Clube NÁUTICO Capibaribe (PE)
09.03.1991 – 1 X 0 – Esporte Clube BAHIA (BA)
16.03.1991 – 1 X 1 – GOIÁS Esporte Clube (GO)
22.03.1991 – 2 X 0 – GRÊMIO Foot-Ball Porto Alegrense (RS)
31.03.1991 – 2 X 1 – Clube Atlético BRAGANTINO (SP)
04.04.1991 – 0 X 0 – Sociedade Esportiva PALMEIRAS (SP)
07.04.1991 – 1 X 1 – Sport Club CORINTHIANS Paulista (SP)
14.04.1991 – 1 X 0 – Associação PORTUGUESA de Desportos (SP)
20.04.1991 – 2 X 2 – Club de Regatas VASCO DA GAMA (RJ)
28.04.1991 – 2 X 0 – SPORT Clube do RECIFE (PE)
01.05.1991 – 2 X 1 – Esporte Clube VITÓRIA (BA)
05.05.1991 – 1 X 0 – BOTAFOGO de Futebol e Regatas (RJ)
12.05.1991 – 3 X 1 – CRUZEIRO Esporte Clube (MG)
18.05.1991 – 0 X 1 – Sport Club INTERNACIONAL (RS)
Semifinais
25.05.1991 – 1 X 1 – Clube ATLÉTICO MINEIRO (MG)
02.06.1991 – 0 X 0 – Clube ATLÉTICO MINEIRO (MG)
Finais
05.06.1991 – 1 X 0 – Clube Atlético BRAGANTINO (SP)
09.06.1991 – 0 X 0 – Clube Atlético BRAGANTINO (SP)

CLASSIFICAÇÃO FINAL

C Time PG J V E D GM GS SG AP
1 São Paulo FC (SP) 31 23 12 7 4 28 15 13 62.3%
2 CA Bragantino (SP) 30 23 10 10 3 29 16 13 58.0%
3 C Atlético Mineiro (MG) 26 21 8 10 3 30 20 10 54.0%
4 Fluminense FC (RJ) 25 21 10 5 6 29 21 8 55.6%
5 SC Corinthians P (SP) 24 19 8 8 3 23 17 6 56.1%
6 SE Palmeiras (SP) 22 19 7 8 4 20 19 1 50.9%
7 SC Internacional (RS) 20 19 5 10 4 19 16 3 43.9%
8 Santos FC (SP) 19 19 7 5 7 23 20 3 45.6%
9 CR Flamengo (RJ) 19 19 7 5 7 20 24 -4 45.6%
10 A Portuguesa D (SP) 19 19 5 9 8 14 15 -1 42.1%
11 CR Vasco da Gama (RJ) 19 19 4 11 4 22 26 -4 40.4%
12 Botafogo FR (RJ) 18 19 6 6 7 19 21 -2 42.1%
13 EC Bahia (BA) 18 19 5 8 6 16 18 -2 40.4%
14 C Náutico C (PE) 17 19 7 3 9 19 25 -6 42.1%
15 Goiás EC (GO) 17 19 6 5 8 27 24 3 40.4%
16 Cruzeiro EC (MG) 16 19 5 6 8 23 28 -5 36.8%
17 C Atlético Paranaense (PR) 15 19 5 5 9 27 29 -2 35.1%
18 Sport CR (PE) 13 19 4 5 10 15 30 -15 29.8%
19 Grêmio FBPA (RS) 12 19 3 6 10 15 24 -9 26.3%
20 EC Vitória (BA) 12 19 3 6 10 17 27 -10 26.3%

OS CAMPEÕES

Jogador P J V E D GM GS CV CA
Zetti GL 23 12 7 4 0 15 0 0
Raí MC 22 12 7 3 7 0 0 3
Leonardo LE 22 12 6 4 1 0 0 4
Cafu LD 21 11 7 3 1 0 1 4
Antônio Carlos ZG 21 12 5 4 1 0 1 5
Macedo AT 20 11 7 2 6 0 0 1
Bernardo VL 19 10 6 3 1 0 0 6
Elivélton AT 19 10 5 4 1 0 1 0
Ronaldão ZG 18 10 6 2 1 0 0 1
Ricardo Rocha ZG 18 10 7 1 0 0 0 4
Mário Tilico AT 17 9 6 2 2 0 0 0
Flávio VL 14 7 4 3 1 0 0 0
Eliel AT 11 5 3 3 2 0 0 0
Zé Teodoro LD 9 5 2 2 0 0 0 2
Rinaldo AT 9 4 1 4 1 0 0 1
Müller AT 7 5 2 0 3 0 0 0
Ivan LE 5 1 1 3 0 0 0 1
Vítor LD 4 1 1 2 0 0 0 1
Sídnei VL 4 1 3 0 0 0 0 0
Márcio Flores AT 3 1 0 2 0 0 0 1
Cláudio Moura AT 2 1 1 0 0 0 0 0
Vizolli VL 1 0 1 0 0 0 0 0

Também foram inscritos na competição, mas não chegaram a jogar uma partida sequer: Gilmar Popoca (MC), Marcos (GL), Amadeu, Gefferson (ZG), Alexandre (GL), Andrey (MC), Doriva (VL), Menta (ZG) e Gilmar (ZG). Apesar de Marcelo Conte posar na foto oficial dos campeões, não consta que ele estivesse oficialmente inscrito (e apto a jogar) no torneio.

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