Há exatamente 30 anos, o São Paulo venceu e comemorou o primeiro dos três títulos de Copa Libertadores da América que possui, feito que abriu o caminho para muitas outras conquistas na Era Telê Santana, em especial, no ano de 1992. Só naquela temporada, o Tricolor foi campeão, ainda, do Campeonato Paulista e do Mundial de Clubes, além de fazer sucesso, também, em campos europeus, de lá trazendo os troféus Teresa Herrera, Ramón de Carranza e Ciutat de Barcelona.
Em homenagem ao bem-sucedido período e a todos aqueles envolvidos nessas conquistas, o São Paulo Futebol Clube relembra a campanha do time na principal competição sul-americana e publica três especiais, no formato e-book, com todos os jogos, todos os jogadores e todos os troféus do inesquecível ano de 1992.
ESPECIAIS DE 30 ANOS DAS CONQUISTAS DE 1992
A CONQUISTA DA AMÉRICA
O dia 17 de junho de 1992 não sai da memória do torcedor tricolor. Foi nesta data, no Morumbi, que o São Paulo bateu o Newell’s Old Boys, da Argentina, nos pênaltis (3 a 2) e conquistou a Libertadores da América pela primeira vez – feito que se repetiria novamente em 1993 e 2005. Com gol de Raí, aos 22 minutos do segundo tempo, o time de Telê Santana venceu por 1 a 0 e levou a decisão para as penalidades máximas.
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A cobrança de Gamboa, defendida por Zetti, decretou a inédita conquista e garantiu a festa à multidão de torcedores presentes ao Morumbi e que invadiu o gramado para comemorar ao lado dos ídolos e festejar a noite inesquecível.
O eterno camisa 10 do São Paulo, Raí, ergueu a Taça Libertadores e coroou a entrega da equipe, que suou em campo para conquistar mais um título para o clube. A festa dos torcedores são-paulinos tomou conta da cidade que nunca para, mas que teve que cessar seu rítmo alucinado para ver o desfile dos campeões e dos torcedores entusiasmados. A comemoração dos jogadores, comissão técnica, dirigente e associados terminou em um restaurante da capital.
O sonho, que se iniciou ano antes com o tricampeonato nacional, quase se tornou pesadelo com a inusitada derrota por 3 a 0 para o Criciúma, na primeira rodada. O comandante Telê Santana não estimava o torneio, por décadas regido por violência e doping, e escalou um “misto”.
Porém, após muita pressão, a Conmebol adotou o controle de dopagem, ao menos em jogos do São Paulo FC (mesmo que o Tricolor tivesse que pagar os custos do procedimento). Após esses desafios políticos e internos, a altura dos Andes foi o próximo empecilho, superado graças ao desenvolvimento técnico e científico da comissão técnica, chefiada nesse departamento por Moracy Sant’Anna.
Os adversários foram caindo um a um. San José, Bolivar, Criciúma (o troco), Nacional de Montevidéu, Criciúma novamente (quem mandou provocar) e, depois do Barcelona de Guayaquil, a grande final contra o time argentino comandado por ‘El Loco’ Bielsa, o Newell’s Old Boys.
Na primeira partida da decisão, derrota pelo placar mínimo. Confiança plena no jogo de volta em um Morumbi fervilhante. Impiedosa, a equipe Tricolor, capitaneada por Raí, não perdoou os argentinos que, todavia resistiram, salvando até mesmo um lance em cima da linha.
Mesmo com todo o sufoco imposto, a equipe portenha somente vacilou aos 22 minutos do segundo tempo, quando Gamboa cometeu pênalti em Macedo, um dos grandes destaques no triunfo tricolor. A jovem promessa do São Paulo entrou no segundo tempo, no lugar de Müller, e logo na primeira participação sofreu o pênalti que Raí cobrou e deu a vitória ao São Paulo, levando o jogo para a decisão em penalidades.
A série de cobranças foi desigual. Os argentinos contaram somente com seus jogadores na disputa, já os são-paulinos com mais duas pessoas. Valdir de Moraes, preparador de goleiros, havia estudado o modo de cobrar dos adversários, e Alexandre, o goleiro reserva, repassou as informações à Zetti durante as penalidades.
Berizzo perdeu. Raí marcou novamente. Zamora venceu Zetti, mas Ivan também guardou. Llop empatou, e o placar permaneceu assim, pois Ronaldão errou. Então Mendoza retribuiu o favor e bateu por cima. Cafu pôs o São Paulo na frente, 3×2.
A última cobrança da série normal seria de Gamboa. Zetti foi magistral. Saltou para a esquerda e, de mão trocada, espalmou a bola para fora. Estava decidido. O São Paulo era, pela primeira vez, Campeão da Copa Libertadores da América!
CONFIRA OS MELHORES MOMENTOS DA PARTIDA
1º TEMPO
Renda e público divulgados: CR$ 1.072.490.000,00 de arrecadação bruta para um público pagante de 105.185 pessoas. Fontes não oficiais garantem que mais de 15 mil pessoas pularam catracas e também presenciaram a partida, além de uma multidão do lado de fora do estádio, nos arredores.
2º TEMPO
PÊNALTIS
O árbitro decide que as cobranças serão executadas na trave que se situa próxima a entrada principal do Morumbi. A primeira cobrança é do Newell’s Old Boys.
Logo após Zetti defender o pênalti cobrado por Gamboa e decretar a conquista da primeira Copa Libertadores da América da história do São Paulo, a torcida são-paulina explodiu em festa. Boa parte dos mais de 105 mil torcedores presentes ao Morumbi na noite de 17 de junho de 1992 (público este que proporcionou um novo recorde de arrecadação nacional, até então: CR$ 1.072.490.000,00) invadiu o campo para comemorar ao lado dos ídolos, festejar com seus iguais e tentar adquirir algum item de recordação desse inesquecível dia.
Os torcedores levaram consigo as redes das duas traves, as bandeirinhas de escanteio, tufos de grama, nacos de terra, partes dos uniformes dos jogadores, mesmo dos suplentes e até mesmo um dos bancos de reservas!!! A festa era generalizada. Os próprios atletas pareciam extasiados pela vitória. Telê chorou. O entusiasmo logo se espalhou por toda a cidade, ganhando as ruas, bares, restaurantes. Onde quer que existisse um são-paulino, lá estaria ele comemorando, buzinando e fazendo carreata, ou simplesmente festejando.
Raí ergueu a Taça Libertadores sobre um palco montado na lateral do campo. Raí comentou ao jornal Folha de São Paulo que o coração dele quase parou quando o juiz apitou o pênalti sobre Macedo, que decidiu a vitória do Tricolor no tempo normal. “A primeira imagem que me veio foi a Libertadores de 74, quando São Paulo teve um pênalti a seu favor no tempo normal, desperdiçou-o e perdeu o título. Pensei internamente: a história não pode se repetir“. Disse o capitão. Ao lado dele, Antônio Carlos, coberto com a bandeira do São Paulo, e Zetti comemoravam.
Zetti, Alexandre e Valdir Joaquim de Moraes formaram uma verdadeira equipe de espionagem. Valdir estudara e anotara cada forma de bater pênaltis dos cobradores argentinos, que na semifinal passaram por uma maratona de pênaltis (eliminaram o América da Colômbia por 11 a 10, nesta modalidade). Já Alexandre “cantava” a Zetti, do meio campo, o modo que cada jogador pegava na bola.
Contudo, tudo isso só foi possivel graças a providencial intervenção de Macedo, o jovem entoado pela torcida e que entrou no segundo tempo no lugar de Müller. Na primeira participação do atacante, ele sofreu o pênalti que Raí cobrou e deu a vitória ao São Paulo, levando o jogo para a decisão em penalidades. Macedo, um tanto ingênuo, nem sabia o nome do time adversário. Para ele era “Boys alguma coisa”. Por fim, Macedo meio que reconheceu que, embora tenha sofrido o pênalti, colaborou um pouco também para que o juiz apitasse a falta: “Fui travado e me joguei. Foi mais ou menos pênalti“, disse ao jornal Estado de São Paulo.
Palhinha, que terminou o torneio como artilheiro, com 7 gols, veio do América-MG por empréstimo e após essa conquista acabou contratado por 400 mil dólares. Todos os jogadores, aliás, foram premiados com cerca de US$ 10 mil. A comemoração da equipe, comissão técnica, dirigentes e associados terminou no Gallery. Já a festa da torcida tomou os quatro cantos da cidade, espalhando-se Brasil a fora, e desde então nunca mais foi esquecida, para sempre na memória dos são-paulinos e até dos adversários, que passaram a valorizar mais o torneio.
17.06.1992 – São Paulo (Brasil)
Estádio Cícero Pompeu de Toledo, Morumbi
SÃO PAULO Futebol Clube 1 x 0 Club Atlético NEWELL’S OLD BOYS
Nos pênaltis: 3 x 2 para o São Paulo
SPFC: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ronaldão e Ivan; Adílson, Pintado e Raí (capitão); Muller (Macedo), Palhinha e Elivélton.
Técnico: Telê Santana.
Gol: Raí (pênalti), 22’/2
CANOB: Scoponi, Saldaña, Gamboa (capitão), Pocchettino e Berizzo; Llop, Berti e Martino (Domizzi); Zamora, Lunari e Mendoza.
Técnico: Marcelo Bielsa.
Árbitro: José Joaquín Torres Cadenas (Colômbia)
Assistente 1: Jorge Zuluaga (Colômbia)
Assistente 2: John Redón (Colômbia)
Renda: Cr$ 1.072.490.000,00
Público: 105.185 pagantes
Campanha
Primeira Fase
06.03.1992 – 0 X 3 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)
17.03.1992 – 3 X 0 – Club SAN JOSE (Bolívia)
20.03.1992 – 1 X 1 – BOLÍVAR Independiente Unificada (Bolívia)
01.04.1992 – 4 X 0 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)
07.04.1992 – 1 X 1 – Club SAN JOSE (Bolívia)
14.04.1992 – 2 X 0 – BOLÍVAR Independiente Unificada (Bolívia)
Oitavas-de-Final
28.04.1992 – 1 X 0 – Club NACIONAL de Football (Uruguai)
06.05.1992 – 2 X 0 – Club NACIONAL de Football (Uruguai)
Quartas-de-Final
13.05.1992 – 1 X 0 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)
20.05.1992 – 1 X 1 – CRICIÚMA Esporte Clube (SC)
Semifinais
27.05.1992 – 3 X 0 – BARCELONA Sporting Club (Equador)
03.06.1992 – 0 X 2 – BARCELONA Sporting Club (Equador)
Finais
10.06.1992 – 0 X 1 – Club Atlético NEWELL’S OLD BOYS (Argentina)
17.06.1992 – 1 X 0 – Club Atlético NEWELL’S OLD BOYS (Argentina) 3 X 2 pen.
Artilharia
Palhinha – 7 gols
Raí – 3 gols
Müller – 2 gols
Elivélton – 2 gols
Antônio Carlos – 2 gols
Macedo – 2 gols
Ronaldão – 1 gol
Rinaldo – 1 gol