Campeão Brasileiro de 1977 contra o Atlético Mineiro

Campeão Brasileiro de 1977 contra o Atlético Mineiro

Calendário 12/02/2013 - 18:27

A crítica esportiva fazia coro uníssono durante o Campeonato
Brasileiro de 1977: “O São Paulo é a zebra”. Afinal, o clube havia
terminado o Paulistão daquela temporada em 3º lugar e o bicampeão
Internacional, de Falcão, o Atlético Mineiro, de Cerezo, o
Fluminense, de Rivellino e o Flamengo, de Zico, eram mais cotados
ao título.

Contudo, quem entrou em campo naquele dia 5 de março de 1978
para enfrentar o Atlético Mineiro, favorito na final do Campeonato
Brasileiro de 1977, foi o Tricolor. O Mineirão estava em ebulição
com 102.974 pessoas. O Galo decidia o título em casa, em um jogo
único, pelo fato de ter melhor campanha acumulada nas fases
anteriores.

O clima nos bastidores era tenso. Se o São Paulo não teria
Serginho, suspenso pelo STJD, o Atlético não teria também Reinaldo,
pelo mesmo motivo. A guerra psicológica foi adotada por ambos os
lados e ameaças de efeitos suspensivos eram as pautas do dia.
Rubens Minelli então ousou, mandou que, de última hora, Serginho
fosse à Belo Horizonte com o restante do grupo e que aparecesse no
vestiário paramentado com o uniforme de jogo. Foi aquele alvoroço!
A imprensa achou que o Tricolor havia de fato conseguido o efeito
suspensivo.

Desconcentrados pelo diz-que-me-diz dos corredores, os mineiros
subiram ao campo e foram surpreendidos pela melhor postura dos
jogadores do São Paulo, que tiveram as melhores chances de gol
durante o jogo: Viana acertou o travessão durante o tempo
regulamentar e o zagueiro Márcio salvou em cima da linha um
cabeceio de Chicão, na prorrogação.

Como o placar não foi alterado no tempo regulamentar, a decisão
seria então sob a pressão dos pênaltis. O primeiro a bater foi o
tricolor Getúlio, ex-jogador do Atlético. Resoluto, correu devagar,
tocou forte na bola, mas veio a defesa de João Leite. A decisão não
começou bem para o São Paulo…

Foi a vez, então, de Toninho Cerezo bater, apoiado por mais de
cem mil vozes aos gritos de “Galô, Galô, Galô”. Chutou, chutou
alto, acima de Waldir Peres, acima do travessão: para fora!

A esperança tricolor de sair à frente agora estava na cobrança
de Chicão, o capitão do time, o “Deus da Raça” são-paulino. Chicão
correu e… escorregou. João Leite defendeu. O título parecia
escapar por entre os dedos… Ziza colocou o time de Minas à
frente. Peres depois empatou, 1 a 1. Alves recolocou, a seguir, o
Atlético na liderença.

Antenor, na sequência, acertou o gol para o Tricolor. Se
Joãozinho Paulista marcasse a cobrança seria muito difícil para o
São Paulo recuperar. Waldir Peres então se destacou, herói, quando
o adversário ajeitava a bola para a cobrança: deixou sua meta e foi
ter-se com ele, tirou a bola do lugar e o provocou. Pressionado,
Joãozinho mandou a bola nas alturas e manteve o empate…

Bezerra, são-paulino, marcou o seu. Que virada! Que reviravolta
na decisão. Agora Márcio, aquele que salvara o galo durante a
partida, teria a responsabilidade de manter o Atlético vivo na
disputa. Waldir Peres então pegou pesado: deu um tapinha nas
nádegas do zagueiro como se o eximisse da responsabilidade – o que
obviamente teve o efeito contrário. Cobrança executada e…
Novamente, bola lá em cima, fora do gol!

Chicão ergueu a taça e o São Paulo assim sagrou-se Campeão
Brasileiro pela primeira vez. A primeira de muitas vezes do maior
campeão da competição. Um bom retrospecto para aquele que largara
como zebra… Uma zebra tricolor.

 

05.03.1978 Belo Horizonte (MG) Estádio Governador
Magalhães Pinto
Clube ATLÉTICO MINEIRO 0 X 0 SÃO PAULO Futebol
Clube
Tempo normal: 0 x 0; Prorrogação: 0 x 0;
Pênaltis: 3 x 2 para o SPFC.

SPFC: Waldir Peres; Getúlio, Tecão, Bezerra e
Antenor; Chicão (capitão), Teodoro (Peres) e Darío Pereyra; Viana
(Neca), Mirandinha e Zé Sergio. Técnico: Rubens Minelli.

CAM: João Leite, Alves, Márcio, Vantuir e
Valdemir, Toninho Cerezo, Ângelo e Marcelo (Paulo Isidoro),
Serginho, Caio (Joãozinho Paulista) e Ziza. Técnico: Barbatana.

Árbitro: Arnaldo David Cezar Coelho
Renda: CR$ 6.857.080,00
Público: 102.974 pagantes

Pênaltis:

  • Getúlio – perdeu (João Leite) / Toninho Cerezo – perdeu (por
    cima)
  • Chicão – perdeu (João Leite) / Ziza – gol
  • Peres – gol / Alves – gol
  • Antenor – gol / Joãozinho Paulista – perdeu (cima)
  • Bezerra – gol / Márcio – perdeu (por cima)

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