16 de dezembro de 1935: a refundação do Tricolor

16 de dezembro de 1935: a refundação do Tricolor

Calendário 16/12/2014 - 01:00

Grêmio Tricolor – A directoria do Grêmio Tricolor convida
todos os srs. conselheiros e consócios para uma nova reunião a fim
de tratar de assumptos do interesse geral que terá lugar hoje, ás
20 horas, na rua 11 de Agosto, 9-A.

Foram essas poucas linhas publicadas no jornal Correio de São
Paulo do dia 16 de dezembro de 1935 que convidaram os são-paulinos
a se reunirem e a reerguerem o São Paulo Futebol Clube, que poucos
meses antes, por desarranjos políticos internos, teve suas
atividades suspensas temporariamente. 

Fundado em 1930 por dissidentes do Clube Athlético Paulistano e
pela própria Associação Athlética das Palmeiras, embora inativo
dentro das quatro linhas entre maio e dezembro daquele ano, o
Tricolor Paulista não havia abandonado o coração da torcida por um
segundo sequer. Aqueles aficionados se concentraram em frente ao
local anunciado com antecedência e, às 19h, grande multidão já
aguardava a reunião que daria novos rumos ao Clube da Fé. 

Às 20 horas teve início a assembleia mais intensa e emocionante
da história do São Paulo. A sessão magna foi aberta pelo Tenente
Porphyrio da Paz, cujas palavras de abertura fizeram vibrar a todos
na casa. Terminado o discurso, o próprio Porphyrio foi indicado
pelos colegas ali presentes a presidir os trabalhos da
noite. 

Entre exclamações e muita animação foram propostos o estudo e
aprovação dos estatutos, trabalho esse que durou mais de duas
horas. Aprovados que foram os mesmos, deu-se início então à eleição
da primeira nova Diretoria, que ficou assim constituída:

  • Presidente, Manoel Carmo Mecca;
  • 1º Vice-Presidente, Alcides Borges;
  • 2º Vice-Presidente, Francisco Pereira Carneiro;
  • 1º Secretário, Éolo Campos;
  • 2º Secretário, Luiz Felipe Paula Lima;
  • 1º Tesoureiro, Manoel Arruda Nascimento;
  • 2º Tesoureiro, Izidoro Narvaes;
  • Diretor Geral de Esportes: Tenente Porphyrio da Paz.

Mecca, o aclamado Presidente, não estava presente no início da
assembleia em que foi honrado pois, justamente no dia anterior ao
momento tão esperado por todos os são-paulinos, seu filho falecera.
Ainda assim, sob luto, compareceu no decorrer da reunião e foi o
primeiro signatário da ata que batizou o Tricolor.

A continuidade do clube atribuída pelos fundadores desta segunda
fase está demonstrada no registro da própria ata datada de 16 de
dezembro de 1935, quando o presidente Manoel Carmo Mecca prometeu
que “os membros da diretoria não mediriam sacrifícios para que o
Pavilhão Tricolor voltasse a tremular glorioso nos campos
esportivos do Brasil, elevando cada vez mais o nome do São Paulo
Futebol Clube, cognominado o Esquadrão de Aço”, apelido este
concedido ao Tricolor pelo time de Friedenreich.

Por volta da meia-noite, debaixo de salva de palmas e urras de
vivas ao Clube, a São Paulo e ao Brasil, foi finalizada a sessão
que trouxe de volta ao mundo o time que futuramente se tornaria um
bastião do futebol arte e da competitividade, refletidos na vasta
gama de jogadores exemplares e de conquistas obtidas. 

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