Há 71 anos, a maior goleada do clássico San-São: 9 a 1 para o Tricolor!

Há 71 anos, a maior goleada do clássico San-São: 9 a 1 para o Tricolor!

Calendário 18/06/2015 - 09:02

No estádio municipal, o Pacaembu, em uma tarde há 71 anos, o São
Paulo aplicou a maior goleada da história do clube no rival Santos:
um inesquecível 9 a 1, em jogo válido pelo Campeonato Paulista de
1944. Em verdade, naquele dia, o Tricolor marcou 23 gols na equipe
praiana, pois os aspirantes, na preliminar, também golearam o
adversário impiedosamente: 14 a 0! Nunca se viram tantos gols assim
na capital do Estado até hoje!

O São Paulo, naquele campeonato, já havia goleado outros clubes
antes (SPR, 8 a 2; Jabaquara, 6 a 2; Portuguesa Santista, 7 a 4),
mas vinha de uma vitória magra e decepcionante contra o Juventus, 1
a 0, além de um empate por 3 a 3 com o Palmeiras, após estar
vencendo o jogo por 3 a 1. Querendo provar o valor da equipe, os
são-paulinos não poupariam esforços contra o alvinegro
santista.

Tudo começou muito bem. No tradicional confronto preliminar,
envolvendo os aspirantes das duas equipes, o Expressinho Tricolor
passou por cima do oponente com estrondosos 14 gols, anotados por
Yeso (6), Teixeirinha (2), Américo (2), Ministro (2), Leopoldo (2).
Ou seja, toda a linha de frente do time anotou no mínimo dois
tentos no confronto.

 

O massacre

O profissional, contudo – e talvez pela goleada inicial ter
mexido com o brio santista – começou o jogo perdendo. Aos 13
minutos, Soler bateu uma falta com precisão no gol de King. Mas o
Tricolor acordou e, aos 20 minutos, com Pardal, empatou a partida
após passe de Tim. O jogo seguiu então parelho, até o ataque rival
perder um gol incrível, com Ruy, cara a cara com o goleiro. A
partir daí só deu São Paulo!

Aos 32 minutos, Alberto pôs a mão na bola: pênalti marcado.
Pardal foi lá a bateu certeiro, embaixo de Joãozinho, o defensor da
meta santista, anotando o segundo gol dele na partida. Pouco tempo
depois, outro passe açucarado de Tim e gol de Remo, aos 37 minutos.
E assim encerrou-se a primeira etapa da peleja.

O jogo recomeçou com Tim endiabrado: Aos 4 minutos, ele tabelou
com Sastre e disparou em corrida, isolando-se dos adversários e
chutando com precisão: 4 a 1 para o São Paulo! Começou a cair então
uma chuvinha fina, daquelas chatas, que só deixam gramado e bola
escorregadios. Aproveitando-se do fato, Sastre, aos 11 minutos,
cruzou a pelota de couro para Luizinho, que, sem receio algum,
testou com categoria para o fundo do gol: 5 a 1!

Mas os são-paulinos queriam mais e continuavam pressionando.
Acuado, Jaú chutou em falso e perdeu a bola para Tim, que
comodamente ampliou o placar, aos 16 minutos. Não perca a conta, já
são seis! A categoria e técnica dos tricolores era tanta, que
espantava os cronistas da época. O jornal A Gazeta Esportiva, no
dia seguinte, registrou: “É tão certa e completa a supremacia
tricolor que seu ataque se limita a zombar do adversário com a bola
nos pés, fazendo a delícia da torcida. São lances e mais lances
embriagadores e todos eficazes que nascem no campo santista”.

O Tricolor começou a perder gols a rodo! Remo atingiu uma bola
na trave. Tim resolveu driblar, de última hora, o goleiro, e deixou
escapar um tento. Já sofrendo em demasia, o santista Ari Silva
perdeu o controle e atingiu violentamente Luizinho: o juiz o
expulsa de campo. Com um a mais no gramado, não tardou e o São
Paulo elevou a contagem. O sétimo gol veio de cobrança de falta de
Sastre para Luizinho, que, de cabeça e antecipando-se ao goleiro,
novamente balançou as redes, aos 27 do segundo tempo.

A chuva apertou e os refletores foram acessos, mas os tricolores
queriam mais. 33 minutos: Pardal avançou até a linha de fundo e
cruzou curto para Sastre, que surpreendeu Joãozinho, chegando antes
– era o oitavo gol! E, quando quase não havia tempo para mais nada,
aos 44 minutos, passe de Sastre para Remo e o placar foi finalizado
em 9 a 1! Talvez a torcida são-paulina tenha deixado o Municipal um
tanto quanto desgostosa por não ter sido alcançada a dezena, mas
nove estava de bom tamanho.

 

O fato curioso

O destino pode ser muito cruel, às vezes. O goleiro do Santos
nessa goleada, Joãozinho, ficou marcado pelo resultado e deixou a
equipe praiana ao final da temporada. Permanecendo em Santos,
passou a jogar pelo Jabaquara em 1945 e lá, no dia 8 de julho,
sofreu outra avalanche de gols do São Paulo, na maior goleada da
história do Tricolor até hoje (junto a outra ocorrida em 1933): 12
a 1.

Vida dura… estima-se que Joãozinho, em 11 jogos contra o São
Paulo (quando defendeu Comercial da Capital, SPR, Santos e
Jabaquara), tenha sofrido nada menos que 52 gols, média de quase 5
a cada jogo.

 

Ficha do Jogo

18.06.1944 Campeonato Paulista
São Paulo (SP) Estádio Municipal de São Paulo – Pacaembu
SÃO PAULO Futebol Clube 9 x 1 SANTOS Futebol Clube

SPFC: King; Piolim e Florindo; Zezé Procópio, Ruy e Noronha;
Luizinho, Antonio Sastre, Tim, Remo e Pardal
Capitão: Luizinho
Técnico: Joreca

Gols: Pardal, 20/1; Pardal (pênalti), 32/1; Remo, 37/1; Tim,
4/2; Luizinho, 11/2; Tim, 16/2; Luizinho, 26/2; Sastre, 33/2; Remo,
44/2

Rival: Joãozinho; Jaú e Gradim; Ari Silva, Soler e Alberto;
Cláudio, Fierro, Teleco, Eunápio e Ruy.
Técnico: Ricardo Diez

Gols: Soler (falta), 13/1

Árbitro: Rodolfo Wenzel
Renda: Cr$ 75.367,00

Preliminar

SÃO PAULO Futebol Clube 14 x 0 SANTOS Futebol Clube
Gols: Ieso (6), Teixeirinha (2), Américo (2), Ministro (2),
Leopoldo (2)

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