Há exatamente 80 anos, o Tricolor absorveu oficialmente o Clube Atlético Estudantes Paulista após famosa assembleia em que o voto de Minerva de Piragibe Nogueira decidiu pela manutenção do nome São Paulo Futebol Clube. Agora, que clube era esse, incorporado pelos são-paulinos, em 1938, e por que foi necessária tal decisão?
No conturbado ano do renascimento do São Paulo Futebol Clube, em 1935, um clube irmão de sangue também veio ao mundo em decorrência do entrevero político que se alastrou pela Chácara da Floresta, antiga sede do Tricolor, no início daquela temporada: O Clube Atlético Estudantes de São Paulo, uma agremiação dissidente do São Paulo Futebol Clube fundado em 1930.
Esse clube, também tricolor, foi criado em 11 de fevereiro de 1935 pelos são-paulinos Cássio Villaça e José de Godói, e rapidamente herdou vários jogadores do Esquadrão de Aço, apelido do time campeão paulista de 1931. Estabilizou-se como uma entidade forte quando se uniu, em 2 de junho de 1937, com o CA Paulista (passando a se chamar Clube Atlético Estudantes Paulista* e a jogar no Estádio Antônio Alonso, campo da Companhia Antárctica Paulista, na Rua da Mooca), terminando o Campeonato Paulista na quarta colocação.
O Clube da Fé
Por esse vínculo histórico entre os dois clubes, e pelo fato de passarem por dificuldades similares referentes à juventude das entidades, sócios, dirigentes e torcedores sempre foram muito próximos. Nos primórdios, o Tricolor ainda lutava para se reerguer como um grande clube paulista.
Em 1938, particularmente, passava por uma crise institucional decorrente de aspectos técnicos (dentro de campo), mas também administrativos (a incessante busca por um campo ou terreno para a construção de um estádio próprio). A diretoria havia fracassado nas negociações pelo Campo da Água Branca, do Ypiranga, de terrenos no Bom Retiro e mesmo pelo já citado estádio da Cia. Antárctica Paulista.
Por isso, em 14 de junho, o presidente Frederico Menzen renunciou ao cargo. No lugar dele, assumiu Cid Mattos Vianna, que se manteve como presidente do São Paulo por apenas uma semana, também renunciando. O Conselho Deliberativo do clube formou então, no dia 21, uma junta governadora de nove dirigentes chefiada por Menzen para administrar o Tricolor. Em verdade, a solução tratou-se de uma coalizão para apaziguar os ânimos no clube.
A temporada oficial do esporte na cidade de São Paulo naquele momento estava paralisada devido à Copa do Mundo da França. Sem os jogos do Campeonato Paulista, somente eram disputadas as partidas de um torneio tampão, o Extra, organizado pela Liga e que não atraia os torcedores. Foi nesse cenário político e esportivo que, em julho de 1938, o São Paulo Futebol Clube organizou um festival de futebol a fim de manter as atividades e compensar parcialmente os fundos financeiros.
A Taça Augusto Mundell Jr
Correio Paulistano de 2 de julho de 1938
O evento, realizado em um único dia (3 de julho) no Parque Antártica – estádio que o mesmo Tricolor ajudou a construir -, se tratava de um torneio envolvendo os quatro maiores times da capital em jogos eliminatórios de 30 minutos cada (ou seja, não eram partidas oficiais). Mas, para chamar mais atenção do público, nenhum jogo foi tabelado previamente. Somente minutos antes de a bola rolar é que foram sorteadas as chaves (a saber: São Paulo x Portuguesa e Corinthians x Palestra Itália, avançando os vencedores à final).
Ou seja, quem foi ao estádio presenciar as partidas nem sabia que jogos encontraria. E os Tricolores tinham motivo para comparecer em peso: King, goleiro que revolucionou a posição, defenderia o São Paulo mais uma vez (estava longe do clube desde o final de 1937, quando se transferiu para o Flamengo).
A entrada era gratuita somente para sócios do Corinthians, Palestra e Portuguesa que estivessem em dia com as contribuições sociais (Correio Paulistano, 03/07/1938), embora a estes fosse possível colaborar com ingressos de “meia-entrada”, como retribuição pela participação destes clubes na competição (Correio Paulistano, 02/07/1938, acima). Dos sócios e torcedores do São Paulo foi cobrado o valor integral. A Liga de Futebol do Estado de São Paulo, para valorizar a iniciativa do Tricolor, não cobrou taxas.
A loja de materiais esportivos “Ao Esporte Nacional” ofertou a Taça Augusto Mundell Jr(ou Augusto Henrique Mundell Jr, secretário da Liga) aos organizadores do torneio como prêmio ao campeão da disputa. O Corinthians, após superar o Palestra em número de escanteios, 2 a 0, venceu a Portuguesa (que havia derrotado o Tricolor por 3 a 0), por 2 a 1, e conquistou o caneco.
03.07.1938. Festival do São Paulo FC – Taça Augusto Mundell Jr
São Paulo (SP). Estádio Palestra Italia – Parque Antarctica
Associação PORTUGUESA DE ESPORTES (SP) 3 X 0 SÃO PAULO Futebol Clube (SP)
SPFC: King; Annibal e Horácio; Cozinheiro, Damasco e Felipelli; Ministrinho; Pixe, Elyseo (Carioca), Milani e Dentinho (Osvaldo). Técnico: Tito Rodrigues.
APD: Rodrigues; Sordi e Osvaldo; Albino, Duílio e Barros; Arnaldo, Frederico, Guanabara, Pascoalino (Mário) e Machadinho.
Gols: Frederico, Guanabara e Machadinho
Árbitro: Leon Wowar
Um entre muitos
Festivais como este eram comuns, mais ainda em épocas de recesso de competições oficiais. Também em 1938, a Portuguesa organizou um evento batizado com o nome do time. O Corinthians fez o mesmo em 1941, em partida contra o São Paulo, que também participou de outro, do Palmeiras, em 1931: o Festival da APEA, que valeu a Taça General Isidoro Dias Lopes. Naquela vez, por sinal, o clube alviverde fez até excursão pelo interior realizando jogos com rendas totalmente destinadas às obras no Parque Antártica.
Os clubes “se viravam como podiam”, nada demais. E se guardaram os valores coletados em malas, maletas, baldes ou barricas, pouco importava.
Cabe dizer também que nunca houve qualquer jogo ou torneio em benefício do Tricolor sem que o mesmo também tomasse parte da disputa.
Lendas sobre esse festival e a situação financeira do São Paulo FC naquele período surgiram posteriormente, precisamente por difamação de torcedores rivais, que, como tais, inventaram estórias, exageraram sobre a gravidade do caso e desvirtuaram o contexto da competição. Nunca houve um “Jogo das Barricas”. Houve uma competição esportiva envolvendo quatro equipes, uma delas, o próprio São Paulo, cujos sócios e torcedores eram os únicos obrigados a pagar ingressos.
Fora o absurdo de se cogitar que um único evento, gratuito em sua maioria, poderia salvar ou deixar de salvar um clube de suposta falência… Ora, nem a renda de um jogo do Torneio Extra, da Liga Paulista, ou mesmo do próprio Campeonato Paulista, seria assim decisivo. Se fosse, tais torneios amistosos nem precisariam existir. Todas as lendas se resumem ao que são em essência, uma única coisa: folclore.
Pragmaticamente o que existe são registros comprobatórios da, se não posso dizer extremo bem-estar financeiro, regularidade das contas do Tricolor (afinal, o time não passou a ser conhecido como o Clube da Fé à toa – e dificuldades dentro da normalidade certamente existiram).
Esta passagem presente em ata oficial do São Paulo FC, datada de 5 de agosto (um mês depois da realização do festival), retrata bem:
Ora, vejam! Como dito, não seria somente um jogo que transformaria um cenário catastrófico (tal qual detratores pregam), em algo beirando as mil maravilhas. É algo incoerente por pura lógica.
Outro fato que atesta a saúde do São Paulo naquele período é a capacidade dos seus sócios e dirigentes em se mobilizarem financeiramente para ajudar outro clube, verdadeiramente irmão, e que, sem sombra de dúvidas, passava por sérios riscos, até de lixamento e depredação por falta de pagamentos. Essa é a história do Tricolor com o Clube Atlético Estudantes Paulista.
O outro clube tricolor
Em junho de 1938, dirigentes do CA Estudantes Paulista procuraram conselheiros do São Paulo FC com a proposta de fusão das duas equipes. Até então, os pretextos para essa união eram meramente históricos, esportivos e técnicos (mesma origem, elenco de melhor qualidade e estádio), e o mesmo já havia sido tentado em 1936.
(No dia 25 de novembro de 1936, na Congregação Mariana da Consolação, dirigentes do São Paulo FC, do então Estudantes de São Paulo e do CA Paulista se reuniram para tratar de uma possível fusão entre as equipes. O Estudantes, contudo, desistiu antes de começar o debate. As bases definidas conhecidas, até o momento, eram: 1) O São Paulo e o Estudantes seriam dissolvidos. 2) O CA Paulista mudaria o nome de registro de filiação na Liga para São Paulo Olímpico Clube (!!!). 3) Não haveriam mais fusões ou mudanças de nomes. 4). Os clubes deveriam estar com as dívidas zeradas no momento da fusão).
A coluna “Factos e Boatos”, do jornal “Folha da Noite” do dia primeiro de junho de 1938, afirmou:
No dia 11 de julho, o Conselho Deliberativo do Tricolor deu plenos poderes ao Tte. José Porphyrio da Paz para negociar os acertos preliminares com os dirigentes do Estudantes, em documento com 23 signatários e uma única condição: “o nome e cores do São Paulo FC, que deverão ser mantidos”.
Tudo parecia bem encaminhado. O jornal “Correio Paulistano”, no dia 15 daquele mês, escreveu:
Mas o processo, na realidade, demorou mais do que o esperado por inúmeros fatores, como a delegação principal do Estudantes estar em excursão pela América do Sul – veja a relação de jogos abaixo –, os acertos burocráticos quanto ao uso do campo da Cia Antárctica Paulista pelo “novo” clube e pelos funcionários da empresa e também pelo fato da contra-proposta estudantina demandar pontos “um pouco acima do aceitável”.
A turnê do CA Estudantes Paulista na América do Sul:
O clube ainda viajou para Mendoza, na Argentina, mas não realizou nenhuma partida por falta de datas disponíveis para os adversários. Regressou ao Brasil no dia 8 de agosto.
Porphyrio da Paz chegou a relatar no Conselho Deliberativo do São Paulo, em reunião no dia 5 de agosto, que “existem inimigos do clube que as escondidas tramam contra o congraçamento da família tricolor”, se referindo as dificuldades e a demora em aprovar a união.
Em 11 de agosto, o Estudantes Paulista enfim aprovou, em assembleia (por 34 votos a 13), a seguinte proposta de fusão, que foi apresentada à imprensa em 17 de agosto:
Posta essa decisão, caberia ainda ao Conselho do São Paulo (como também à Assembléia Geral do clube) a aprovação ou não dos termos sugeridos. E, mesmo que não houvesse nenhum entrave imposto nem pela Companhia Antárctica Paulista, detentora do campo da Rua da Moóca, nada levava a crer que o Tricolor aceitasse os pontos propostos – especialmente o último.
Com a iminente recusa, os dirigentes do Estudantes passaram a questionar o nome da futura associação, justamente o único ponto nevrálgico para todos os são-paulinos envolvidos. O jogo virou a favor dos são-paulinos quando uma rebelião de jogadores quase destruiu o CA Estudantes Paulista.
Acertando as contas do clube irmão
Lysandro foi um dos primeiros jogadores do Estudantes a jogar no Tricolor. Em verdade, Lysandro começou a jogar futebol ainda na Chácara da Floresta pelo São Paulo: somente retornou ao lar.
A situação financeira do clube da Moóca era grave há algum tempo (não se encontram registros exatos de quando ou como, mas em algum ponto entre julho e agosto de 1938, o empresário responsável pela viagem do Estudantes por Chile, Peru e Argentina, desapareceu com todos os ganhos do clube, deixando-o a beira da falência). O passivo da associação, que em dezembro de 1937 era de pouco mais de 82 contos de réis, saltou para quase 170 em meados de 1938.
Frederico Menzen, no “Álbum Comemorativo da Inauguração do Morumbi”, falou o seguinte sobre esse momento:
O ex-presidente são-paulino, que hoje dá nome ao Centro de Treinamento do Tricolor na Barra Funda, disse também que sanou a situação recorrendo a um empréstimo pessoal na Liga Paulista, no valor de 20 contos de réis, para acertar a maior parte do salário de alguns atletas.
Vale destacar: um dirigente do São Paulo, sozinho, era capaz de assumir créditos de montante considerável, e isto para ajudar outra agremiação. Qual seria o potencial financeiro dele, e de outros, em prol do próprio clube? Isto demonstra, mais uma vez, o quanto o pressuposto da lenda das barricas é estapafúrdio.
O time são-paulino que venceu o Corinthians por 3 a 0, contando com ex-estudantinos
Justamente quando o futuro dessa negociação de fusão ou incorporação passou a ficar nebuloso, no dia 25 de agosto (o mesmo em que o Tricolor bateu o Corinthians por 3 a 0, já alinhado com seis jogadores – Agostinho, Fiorotti, Lysandro, Mendes, Paulo e Carlos – provenientes do Estudantes, como resultado de lhes pagar os salários e assumir os respectivos passes), nova assembleia no clube da Rua da Mooca anulou, por 112 votos contra 4, o que havia sido proposto no dia 11. Os sócios do CA Estudantes Paulista se sentiam contrariados pelo presidente da agremiação, o Dr. Cássio Villaça.
Diz a “Folha da Noite” de 26 de agosto:
Desprestigiado, o presidente estudantino renunciou ao cargo.
O voto de Minerva
Com novos atores em negociação, três dias depois (28), reuniram-se na sede da Liga Paulista os dirigentes dos dois clubes tricolores a convite do presidente da federação, o sr. Arthur Tarantino. Desta conferência surgiu a seguinte nota divulgada à imprensa:
“Em reunião domingo realizada em que tomaram parte representantes de todas as facções que se encontram ligadas diretas ou indiretamente às negociações da união da família tricolor, ficou assentado, em definitivo, uma completa mudança na forma pela qual se vinham desenvolvendo essas negociações, a fim de que a mesma possa ser levada a efeito com êxito dentro do menor tempo possível”.
Assinaram: Frederico Menzen, Arual dos Santos, Porphyrio da Paz, Jayme Roso, Décio Pedroso, Cássio Villaça, José Machado Filho, Arthur Maudonnet, Mugnaine Filho, Gumercindo de Lucca, Arthur Tarantino e Paulo Meirelles.
Foi nessa fatídica reunião que ficou decidido que haveria um recadastramento geral dos sócios, não privilegiando associados de nenhuma das equipes. Também se acertou que os dois ex-presidentes das agremiações, Frederico Menzen e Cássio Villaça, abririam mão do cargo a partir de então, abrindo espaço para um terceiro nome, que agradou a todos os envolvidos: Piragibe Nogueira.
Sócio do CA Estudantes Paulista, o Dr. Piragibe acabou selando o futuro do Tricolor quando, por ser o último a palestrar sobre o nome do clube fruto da união das duas entidades, concedeu o voto de Minerva em favor de São Paulo Futebol Clube.
Sempre São Paulo
Sede do São Paulo à época das tratativas de incorporação do Estudantes
No dia 30 de agosto aconteceram três reuniões paralelas, em convocações extraordinárias dos Conselhos: na sede do São Paulo FC, na Av. São João, na sede do CA Estudantes, na Rua da Moóca, e na sede do clube detentor do estádio da Cia Antártica Paulista, o Antárctica FC (clube dos funcionários da empresa, também situado à Rua da Moóca), em decorrência de nova demanda dos jogadores estudantinos. A ata do Conselho Deliberativo do São Paulo retrata bem os acontecimentos:
O São Paulo destacou então o sr. Gumercindo de Lucca às negociações com os jogadores, levando uma proposta de pagamento em nome dos dois clubes. Após idas e vindas de dirigentes entre uma conferência e outra, já perto das 23h, o Conselho foi notificado que os atletas do Estudantes haviam rejeitado a proposta e que teriam até a meia-noite, daquele dia, para sanar tudo. A solução encontrada pelos presentes foi solicitar um empréstimo de cinco contos de réis junto a Liga (com o compromisso de saldá-lo após o jogo São Paulo e Corinthians, em 4 de setembro) e assim quitar a dívida com os jogadores.
Desde o ocorrido, os passes e contratos de todos os jogadores do Estudantes, não somente alguns, passaram a pertencer ao Tricolor Paulista – Que baita negócio! Com esse elenco, o São Paulo foi vice-campeão paulista naquela temporada, não faturando o título por causa de um gol de mão de Carlito, concedido irregularmente ao Corinthians, no jogo decisivo.
Resolvida a questão dos atletas, os Conselhos trataram de acordar, definitivamente, a fusão, ou melhor, a incorporação do CA Estudantes Paulista pelo São Paulo FC. Ficou decidido o seguinte, nas palavras de Manoel Corrochel, presidente do Corinthians, representante da Liga Paulista e intermediador das negociações:
Com tudo aprovado e encaminhado, foi concedido a ambos os clubes um prazo para averiguação dos balancetes, de tudo o que havia de receita ou despesa nas contas de cada associação. Esta é a história do fim do CA Estudantes Paulista e sua incorporação pelo São Paulo Futebol Clube, que se deu oficialmente em 12 de setembro 1938, na Assembleia Geral do Tricolor, ao custo de 700$000 réis mais o passivo do absorvido, no valor de 168.880$000 e compromissos firmados com a Companhia Antárctica Paulista para o uso de seu estádio na Rua da Moóca.
Ou seja: O Clube Atlético Estudantes Paulista é a prova definitiva da falácia que é o que dizem sobre essas tais de barricas.
Ata da Assembléia de 12 de setembro do Álbum Comemorativo da Inauguração do Morumbi.
Herança do Estudantes
Que tenham atuado ao menos uma única partida no time principal do Tricolor, os seguintes 15 jogadores chegaram (ou regressaram) ao clube provenientes do Estudantes:
Muitos outros, contudo, passaram a fazer parte do elenco são-paulino, em todas as categorias.
Mais do que vencer o Corinthians por 3 a 0, o Tricolor com o elenco reforçado também goleou o Palestra: 6 a 0! A maior goleada da história desse clássico.
Além da melhoria no aspecto técnico-esportivo – o time sagrou-se vice-campeão paulista e campeão de aspirantes de 1938 – o Tricolor também herdou o direito de uso (mediante pagamento) do Estádio da Rua da Moóca, pertencente a Companhia Antárctica Paulista. O São Paulo usufruiu desse alojamento do final de 1938 até pouco após a inauguração do Estádio Municipal, em 1940, e a mudança para a sede social do Canindé, em 1942 – quando o campo se tornou desnecessário.
Convém notar que a união com o Estudantes pôs fim a junção deles próprios com o CA Paulista. Este último, após a incorporação do clube tricolor pelo São Paulo, voltou a existir enquanto entidade autônoma, também com direito a uso do campo da Rua da Moóca, pertencente a Antárctica (pois tal entidade nada mais era que o clube da Antárctica mesclado ao tradicional SC Internacional).
A memória do Estudantes também foi homenageada em forma de uniforme. No dia 25 de agosto de 1940, exatamente dois anos após a vitória sobre o Corinthians por 3 a 0 (jogo que marcou a estreia de vários jogadores de lá encaminhados), o São Paulo estreou um novo uniforme.
Terceiro uniforme do São Paulo nos anos 40, uma homenagem à Seleção Paulista e também ao CA Estudantes Paulista, que usava um conjunto idêntico.
A camisa deu sorte ao Tricolor: novamente o time venceu o Corinthians, por 3 a 2, na estreia da vestimenta.
Por fim, residem no Memorial Luiz Cássio dos Santos Werneck, no Morumbi, os últimos resquícios físicos do Estudantes: duas taças herdadas na incorporação: a Taça Premio Ministro das Relaciones Exteriores de Chile (Colo Colo x Estudantes), de 1938, e a Taça Irineu Correia (Olympico x Estudantes), de 1935.
*Em documentos originais do citado clube, o timbre apresenta a nomenclatura no singular: Estudante Paulista, diferentemente do perpetuado historicamente.