80 anos da estreia de Leônidas no Tricolor

80 anos da estreia de Leônidas no Tricolor

Calendário 24/05/2022 - 08:55

Continuando a saga dos 80 anos de Leônidas da Silva no São Paulo (os capítulos sobre a contração e a chegada ao clube estão online no site), o Arquivo Histórico relembra, hoje (24), a primeira partida do Diamante Negro pelo Tricolor, realizada no dia 24 de maio de 1942, contra o Corinthians.

 

A PREPARAÇÃO

Passada a inesquecível recepção que teve junto aos torcedores no dia 10 de abril de 1942, Leônidas teve muito trabalho para voltar a ter condições de jogo. O diretor Roberto Gomes Pedroza havia contratado, pouco depois da chegada do ídolo (no dia 14), o uruguaio Conrado Ross para a posição de técnico do time.  A diretoria do Tricolor, aliás, estabeleceu uma nova comissão técnica completa, reformulando o departamento médico, promovendo palestras e concursos científicos e contratando até uma nutricionista, até então novidade entre clubes de futebol do Brasil.

O sargento Ariston de Oliveira estava à frente do preparo físico dos jogadores. Em janeiro de 1942, aliás, Ariston estabeleceu uma série de normas rígidas como plano de trabalho para a temporada, com tópicos que regravam treinos, alojamento, recursos médicos, higiene, disciplina, medidas socioeducativas sobre fumo e bebida e até mesmo remuneração extra de acordo com desempenho em atividades extrajogos.

O ineditismo e investimento eram justificados porque Leônidas, como era de se esperar (apesar dos discursos), estava fora de forma e longe de ter condições para estrear tão prontamente pelo clube. A comissão preparou, então, um cronograma, um plano de metas e uma dieta especial para recuperar o físico do atleta que deveria estrear a partir da segunda quinzena de maio. Por mais de um mês, o craque passou por um forte condicionamento, que envolvia até mesmo treinamento com pesadas malhas de lã e uma alimentação controlada e vigiada de perto.

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No dia 14 de abril, Feola comandou o time pela última vez antes de Ross assumir (o uruguaio ainda precisava de liberação do Conselho Nacional de Desportos – CND – para exercer o ofício, por ser estrangeiro), e o Tricolor goleou o SP Railway por 6 a 1. Antes de começar o jogo, Leônidas foi oficialmente apresentado à torcida são-paulina, no Estádio do Pacaembu.

Depois de um curto bate-volta ao Rio de Janeiro (ele precisava acertar as últimas pendências por lá e trazer a família a São Paulo), Leônidas realizou o primeiro treinamento pelo Tricolor no dia 23, no Municipal, sob o comando de Conrado Ross, do mesmo modo ali estreante. A atividade para o craque foi individual, composta apenas de ginástica leve.

Leônidas, naquele momento, pesava 71 quilos e desejava perder seis. A comissão técnica, por outro lado, trabalhava com a meta dele alcançar 66 ou 67. Como o jogador possuía 1,65 metro de altura, o índice de massa corporal dele apontava, de fato, sobrepeso (IMC de 26,07).

Naquela atividade, também esteva presente Waldemar de Brito, que regressou ao Tricolor após oito anos (e que fora companheiro de ataque do “Diamante Negro” na Seleção Brasileira, em 1934 e no Flamengo, entre 1938 e 1939); Doutor, goleiro adquirido junto ao Ypiranga; e Pardal, ponta vindo do Pelotas, do Rio Grande do Sul, no final de 1941. Os três eram as outras grandes apostas do clube para a temporada.

Contudo, e em pouco tempo, a forma física e o regime alimentar de Leônidas, começaram a chamar a atenção e a gerar piadas de rivais e da imprensa. Com apenas dois exercícios diários realizados pelo jogador, até então, o jornal O Esporte, de 25 de abril, brincou com a dieta “forçada” do atleta: “Um aparelho de captar a onda do pensamento registrou a frase que Leônidas não disse: ‘só quero comer essa banha’”.

Leônidas realmente sofreu um bocado para se readaptar e ter condições de jogo, mas conseguiu. Em 7 de maio já foi capaz de carregar o time reserva nas “costas” em embates contra os titulares (na ocasião, 2 a 2, com os dois gols dele). A partir dessa data, inclusive, o ídolo poderia ter se entrosado melhor com o elenco, atuando em partidas menores.

O clube chegou a convidar o Atlético Paranaense para um amistoso no dia 13 de maio, mas todos os envolvidos queriam mostrar logo que Leônidas estava totalmente apto e nada melhor que um clássico para tirar quaisquer resquícios de dúvidas ou suspeitas sobre a qualidade e o empenho do atleta. O amistoso, assim, foi cancelado no dia 10 e o time do Paraná, para não perder a viagem, acabou enfrentando o Ypiranga, no Pacaembu.

Com o cancelamento, cresceu a expectativa de que Leônidas estreasse na partida seguinte, marcado pela tabela do Campeonato Paulista para o domingo, 24 de maio, contra o Corinthians. Finalizado o treinamento coletivo da tarde da quinta-feira anterior a esse jogo, a comissão técnica são-paulina informou à imprensa que sim, e enfim, o atacante faria o primeiro jogo com a camisa do Tricolor no clássico!

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A Gazeta Esportiva

 

O CLIMA PRÉ-JOGO

Não foi necessária muita divulgação para que em pouco tempo os melhores ingressos disponíveis ao público para o jogo no Municipal se esgotassem. Chama a atenção, também, que mesmo em 1942, um problema comum que assola os arredores de estádios nos tempos atuais, já ocorria e causava espanto e revolta: o cambismo de ingressos. Com a iminência da partida da década, a tão aguardada estreia de Leônidas em um clássico “São Paulo versus Corinthians”, no Pacaembu, a prática de cambistas de ingressos atingiu o auge.

“O interesse que o encontro São Paulo-Corinthians vem despertando e a estreia de Leônidas tiveram o condão de movimentar os nossos aficionados do futebol e isso chamou, desde logo, a atenção dos agenciadores e cambistas de entradas, que organizaram um perfeito ‘trust’, talvez com a colaboração de algum elemento prestigioso nas esferas esportivas.

“O que mais assombrou não foi a atividade dos cambistas e a ganância evidenciada no ágio com que se locupletavam coma revenda das entradas, mas na incrível rapidez como agiram, adquirindo, em menos de uma hora, em vários pontos, todo o ‘stock’ posto à venda.

“E uma vez esgotada a lotação do estádio, os cambistas, numa orgia de agiotagem desenfreada, chegaram a decuplicar os preços das localidades no oferecimento ao público…

“A agiotagem na venda dos ingressos dos campos de futebol vem de longa data, desde os tempos do ‘amadorismo-marrom’, sem que se tomassem providencias aconselháveis para extirpar-se esse cancro”.

Se nem os organizadores do evento e nem os poderes públicos previram ou reverteram essa grave situação, é certo imaginar, também, que teriam problemas com o grande afluxo de pessoas ao Pacaembu, dotados de ingressos ou não, horas antes de se iniciar a contenda.

Sabedores da superlotação do estádio, a Diretoria do Municipal, a Federação Paulista e a Força Pública dispararam comunicado conjunto à imprensa alertando que “no sentido de se tornar possível atender à maior afluência prevista para o espetáculo esportivo de hoje, nas gerais e na parte das arquibancadas, onde ainda não existem banco, deverão os espectadores manter-se de pé durante o transcorrer do jogo”.

No dia do jogo ainda existiam ingressos à venda. Duas bilheterias para arquibancadas e duas para as gerais, destinadas aos sócios dos clubes, foram abertas às 8h30 na avenida Pacaembu. Como o mando da partida era do Corinthians, o rival tinha direito a uma cota social gratuita, destinada aos associados do clube com as obrigações internas em dia, conforme regulamentação da época. Aos associados do São Paulo, time visitante, foram cobrados os preços normais das entradas.

Às 10 horas, as demais bilheterias do Municipal foram abertas ao público geral, com os seguintes preços, por tipo de ingresso (80 mil foram confeccionados e postos à venda):

Arquibancadas
– Comum: 5$000 (cinco mil réis);
– Menores, senhoras e militares: 2$000 (dois mil réis);

Gerais
– Comum: 3$000 (três mil réis);
– Menores, senhoras e militares: 1$000 (mil réis);

O único setor “esgotado” dias antes da partida foi o da cadeira numerada, que custava 20$000 (vinte mil réis), mas que, pouco antes do cerrar dos portões do estádio, chegou aos 200$000 (duzentos mil réis) na mão dos cambistas na rua, arcando o “desavisado” comprador com o risco desses ingressos serem falsos. Havia sido cogitado instalar assentos à frente da concha acústica do estádio, para a ocasião, mas a ideia foi descartada por ser inviável.

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Como esperado, nas primeiras horas da manhã o Pacaembu já fervilhava de gente por todos os lados. Não foram raros aqueles que aproveitaram o bom tempo para lanchar e fazer um pic-nic por lá mesmo. Às 10 horas os portões do Municipal foram abertos para a entrada das torcidas e o movimento se avolumou entre 11 e 14 horas. Consta nos registros que por volta das 13 horas já era praticamente impossível achar um bom lugar para assistir ao jogo, marcado para ter o pontapé inicial às 15h30.

A multidão à espera da partida se contentou com jogos preliminares enquanto a peleja de fundo ainda estava distante. Às 11h30, os amadores de Corinthians e São Paulo se enfrentaram e os alvinegros venceram por 3 a 2. Duas horas depois, foi a vez do confronto profissional, do Campeonato Paulista, entre o Comercial, da capital, e o Espanha, de Santos, que terminou com a vitória do primeiro por 4 a 2.

Conforme o tempo passava, o espaço sumia. O Pacaembu lotou uma hora e meia antes da peleja começar e os portões foram fechados. “Somente faltou quem subisse até a estátua do atleta olímpico, si bem que o pedestal tivesse sido também tomado!”. Os então desocupados morros em volta do estádio também estavam apinhados de gente, embora não se saiba se era possível enxergar alguma coisa de lá.

O time mandante subiu ao gramado inteiramente trajado de preto. Já o São Paulo, depois de ter sido recebido com uma chuva de confetes e serpentinas pelo Grêmio Sampaulino, alinhou-se com seu conjunto tradicional: camisa e calção brancos, com as faixas tricolores, e meias predominantemente pretas. Antes da bola rolar, os são-paulinos homenagearam Porphyrio da Paz, que havia sido promovido de tenente a capitão.

 

LEÔNIDAS EM CAMPO

Às 15h50, o árbitro Jorge Gomes de Lima, o Joreca (que no ano seguinte seria o treinador do Tricolor) soou o apito e Leônidas deu o primeiro toque na bola, começando o jogo.

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Leônidas e Joreca – Esporte Ilustrado

O São Paulo escalado por Conrado Ross foi ao campo com Doutor, no gol; Fiorotti e Virgílio, na defesa; Záclis, Lola e Silva, na linha média; e com a ofensiva formada por Luizinho, Waldemar de Brito, Leônidas, Teixeirinha e Pardal.

A partida transcorreu muito aguerrida e movimentada, e foi o Corinthians que saiu na frente do placar, logo aos dez minutos de jogo, com gol de Jerônimo, graças ao rebote cedido pelo goleiro Doutor. O adversário seguiu firme no ataque, forçando a defesa são-paulina a rechaçar as investidas do modo que podiam. As primeiras ações ofensivas do Tricolor vieram com Luizinho, em jogadas combinadas com Leônidas, mas o novo centroavante, sempre marcado de perto por Brandão, não conseguia realizar as proezas que todos esperavam.

Até que, aos 30 minutos, Leônidas conseguiu encontrar espaço para desequilibrar o confronto: Luizinho cobrou escanteio, o “Diamante Negro” tocou de cabeça e a bola ficou aos pés de Lola, na entrada da área, que escolheu o canto a bateu para o gol, com perfeição, para anotar o primeiro gol são-paulino no jogo. 1 a 1 no placar, que marcou o fim do primeiro tempo.

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A Gazeta Esportiva

“O Estádio fica em brasas”.

Na segunda etapa do confronto, o Corinthians encontrou um gol logo aos três minutos, com Servílio, mas os tricolores não desanimaram. Aos 15, Leônidas, fortemente marcado, iniciou jogada com Pardal, dentro da área. Esse atacante devolveu rapidamente a pelota para o “Magia Negra”, que ameaçou um drible, mas bateu forte para o gol com o pouco espaço que tinha. O médio corintiano Dino o interceptou, desviando a bola para escanteio. Nessa cobrança, Pardal encontrou Luizinho junto ao poste. O atacante não desperdiçou e, de cabeça, estufou as redes: 2 a 2 no marcador!

“Estoura outra vez o estádio”.

Com o empate, a partida volta a se acirrar, e ambas as equipes se puseram ao ataque, arriscando-se na defesa. Pelo Tricolor, destacaram-se as jogadas trabalhadas entre Leônidas e Pardal, que perdeu algumas chances. De tanto bater em cima, a linha ofensiva são-paulina furou o bloqueio rival aos 36 minutos: Luizinho escapou pela ponta direita e encontrou o “Homem-Borracha” pelo centro. O craque domou a bola, levantou a cabeça, escolheu o canto e chutou com precisão, mas o goleiro Joel conseguiu alcançar a pelota, sem, contudo, encaixá-la. Pingando na pequena área, o couro encontrou os pés do ponta Teixeirinha, que não teve dificuldade alguma em virar o jogo em favor do São Paulo! 3 a 2 no Pacaembu!

“Enlouquecem os adeptos tricolores”.

Apesar da vantagem no placar, o time são-paulino ficou inferiorizado em campo. Faltando pouco menos de dez minutos para o fim do jogo, o atacante Waldemar de Brito se contundiu e teve que abandonar a partida (na época, não eram permitidas substituições em jogos de campeonato). Sob forte pressão, a zaga são-paulina não resistiu à ofensiva corintiana. Aos 43 minutos, depois de uma saída desencontrada de Doutor e Fiorotti, a bola sobrou para Servílio tocar de cabeça e, mais uma vez, marcar o tento para o adversário. 3 a 3 no confronto.

Os últimos minutos foram dramáticos, por conta do número de jogadores em campo e pela desvantagem física que aquela situação propiciava. Para piorar, o árbitro Joreca deu cinco minutos e meio de acréscimo. Ainda assim, as chances finais de gol foram do Tricolor, com Pardal e Leônidas travados no momento derradeiro. E ficou por isso mesmo.

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Esporte Ilustrado

24 de maio de 1942. Campeonato Paulista
São Paulo (SP), Estádio Municipal de São Paulo – Pacaebu
Sport Club CORINTHIANS Paulista 3 x 3 SÃO PAULO Futebol Clube

SPFC: Doutor; Fiorotti e Virgílio; Waldemar Zaclis, Lola e Silva; Luizinho, Waldemar de Brito, Leônidas, Teixeirinha e Pardal. Capitão: Fiorotti. Técnico: Conrado Ross. Gols: Lola, 30/1; Luizinho, 15/2; Teixeirinha, 36/2

SCCP: Joel; Agostinho e Chico Preto; Jango, Brandão e Dino; Jerônimo, Milani, Servílio, Eduardinho e Hércules. Técnico: Rato. Gols: Jerônimo, 10/1; Servílio, 3/2; Servílio, 43/2

Árbitro: Jorge Gomes de Lima “Joreca”
Renda: Rs 244:414$000
Público: 71.281 pagantes

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A Gazeta Esportiva

 

PÓS-JOGO

O Estádio Municipal, que esteve lotado com mais de 70 mil pessoas, foi, então, se esvaziando na penumbra da noite, com a multidão de torcedores saindo sem choques ou confusões. A presença massiva do público bateu recorde:

“Eis o formigueiro humano que parecia o estádio do Pacaembu […]. Mais de 70.000 pessoas assistiram o prélio entre o Corinthians e o São Paulo F.C., isto é, a maior assistência já registrada em jogos de foot-ball realizados no Brasil”.

O número de pessoas presentes ao confronto, naquele dia 24 de maio, também é a maior presença de torcedores no Estádio do Pacaembu até os dias de hoje. A renda bruta alcançada pela bilheteria, também recorde nacional, foi de 244:414$000 (duzentos e quarenta e quatro contos e quatrocentos e catorze mil réis) e a líquida, de 151:857$500 (cento e cinquenta e um contos e oitocentos e cinquenta e sete mil e quinhentos réis), a ser dividida igualmente entre os dois clubes.

Desta forma, com apenas um jogo, o São Paulo arrecadou 38% (75:928$700 – setenta e cinco contos e novecentos e vinte e oito mil e setecentos réis) daquilo que investiu na contratação de Leônidas da Silva: 200:000$000 (duzentos contos de réis).

Apesar da boa estreia de Leônidas, em termos de movimentação e participação em gols (foi importante para a criação dos três tentos!), parte da imprensa condenou a atuação e a contratação do craque. Rapidamente, espalhou-se pela cidade a manchete do tabloide A Hora, que estampou em letras maiúsculas que o atacante era um “bonde de 200 contos” e que, por isso, o Tricolor tinha sido ludibriado e caído em uma espécie de golpe. Os torcedores adversários não perderam tempo, também, brincando e satirizando que se Leônidas era um diamante negro, este teria sido roubado e encontrado no bolso de Brandão, zagueiro do Corinthians.

Já o jornal O Esporte ponderou que Leônidas deveria ser “o fenômeno, o mágico da ‘cancha’, o faquir que engoliria a bola, para ir depositá-la nas redes de Joel, como a hóstia com que se comungaria junto à multidão”, mas que foi, na realidade, apenas “um bom jogador”. Contundo, viu também alguns outros atributos positivos:

“Leônidas foi corajoso como poucos. Expôs as pernas para que elas fossem agredidas a pontapés e se Brandão não fosse um futebolista-mestre, mas sim um futebolista-magarefe, ontem nos açougues haveria à venda também ‘pernas de Leônidas’. Leônidas lutou, insistiu, procurou ser útil. Apenas não fez tudo o que cabe dentro de 200 contos”.

Essa reação generalizada enervou tanto Leônidas que ele guardou um rancor profundo no âmago, prometendo a si mesmo que jamais seria questionado novamente por uma partida contra aquele rival. Nas palavras do próprio: “Se, de um lado, essas críticas me atingiram, certamente serviram-me de estímulo maior, tocando em meus brios de atleta e de homem e fazendo-me reagir para contraria os incrédulos e justificar a confiança dos que me haviam contratado”.

Dito e feito! Até aposentar-se dos gramados, Leônidas voltou a atuar em 19 clássicos contra o Corinthians, do qual saiu vitorioso em dez, sem perder em outros quatro e marcando 11 gols!

Na segunda-feira após o jogo, outro destaque digno de nota veio do jornal A Gazeta Esportiva, 503que estampou na capa o título “Choque Majestoso!”, como referência à partida, pelo fato de que qualquer um dos dois times poderia ter vencido aquele certame, disputado com galhardia, combatividade e com viradas no placar. Vale registrar que essa foi a primeira vez que se referiam ao confronto entre São Paulo e Corinthians desta maneira.

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