Diz o ditado que filho de peixe, peixinho é. Para Arnaldo Poffo Garcia, isso não poderia ser mais verdade. Ele é filho de Arnaldo Garcia Alves, famoso e antigo goleador do Santos e do Ypiranga nos anos 30 e 40. Por esse último clube, inclusive, foi artilheiro do Paulistão de 1940.
Dentro de campo, Arnaldo Garcia era conhecido como Peixe. Daí, nada mais natural que o filho dele, que seguiu os passos do pai, se tornando também jogador de futebol, se tornasse o Peixinho.
Desde pequeno, quando jogava no time do colégio em que estudava, na Lapa, Peixinho era ponta-direita. Em março de 1958, após o time juvenil são-paulino perder uma partida em que o atacante estava alinhado entre os adversários, os dirigentes o convidaram para fazer parte do elenco de base do Tricolor.
Pouco mais de um ano depois, em agosto de 1959, Peixinho assinou o primeiro contrato profissional da carreira dele. A estreia pelo Tricolor, contudo, só veio ocorrer em dezembro daquele ano, na vitória por 2 a 1 sobre o Nacional em um amistoso no Parque Antárctica. Peixinho, predestinado – claro – marcou gol na primeira partida que disputou, justamente o gol da vitória.
Ao todo, Peixinho defendeu a camisa são-paulina em 63 jogos, tendo marcado 17 gols. O mais importante deles, sem dúvida, foi o 10º: “Eu me lembro que o Fernando tocou para o Jonas, que cruzou. Estiquei-me inteiro para alcançar a bola, dando um verdadeiro mergulho”. Nas palavras do próprio jogador (em entrevista à Revista do São Paulo nº 36), este foi o primeiro gol da história do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi – o único daquela partida inaugural em que o Tricolor venceu o Sporting Lisboa, em 2 de outubro de 1960.
Peixinho foi o autor desse marco inicial tão importante para o clube e para todos os são-paulinos. O lance que originou o gol e a forma como o fez também entraram para a posteridade: até hoje a jogada em que o atleta se atira em direção à bola, acertando-a de cabeça em pleno ar, é conhecida como “peixinho” por causa desse tento anotado em 1960.
O feito de Peixinho foi muito comemorado pelos jogadores, dirigentes e torcedores. Após deixar o Morumbi, depois do festejo pela vitória sobre o time português, Peixinho tomou o ônibus que o levaria para o outro lado do rio Pinheiros, onde morava. Lá, sentado no coletivo, ouviu torcedores falando do gol que havia acabado de marcar, citando o apelido dele e a forma elástica como havia balançado as redes, sem, contudo, reconhecê-lo.
Peixinho, intimamente, comemorava como se tivesse aquele gol marcado novamente. Nada mais justo para uma cena e um fato que se tornou eterno.
Depois que deixou o Tricolor, em 1961, Peixinho se transferiu para a Ferroviária de Araraquara, onde se tornou o quarto maior goleador da história desse clube, com 95 gols em 186 jogos. O jogador, depois, ainda atuou por Santos, Coritiba, Comercial de Ribeirão Preto, Bangu, Deportivo Itália da Venezuela e First Portuguese do Canadá.
Hoje, Peixinho vive em Piracicaba, no interior do estado, onde mantém uma escolinha de futebol, formando novos “peixinhos”.