Ao longo da história, cinco treinadores do São Paulo foram levados a comandar seleções nacionais durante ou imediatamente após dirigirem o Mais Querido. São exemplos da tradição e importância do Tricolor no cenário do futebol nacional e internacional, como também de modelos de trabalho considerados bem feitos e que, por isso, despertaram o interesse geral.
Confira os cinco nomes:
1. Joreca
O português Jorge Gomes de Lima, o Joreca (*Lisboa, 07/01/1904 — †São Paulo, 05/12/1949), fez história no Tricolor ao vencer a lendária disputa da “Moeda que caiu em pé”. Treinador do time são-paulino de maio de 1943 a outubro de 1947, Joreca conquistou os primeiros títulos do São Paulo após refundação: os estaduais de 1943, 1945 e 1946. Foi a famosa era do Rolo Compressor, de Leônidas da Silva, Sastre e cia.
As campanhas de Joreca pelo Tricolor renderam ao técnico português a oportunidade de comandar a Seleção Brasileira, ao lado do treinador Flávio Costa, em duas partidas amistosas em maio de 1944: 6 a 1 no Uruguai, em São Januário, e 4 a 0 no mesmo adversário, no Pacaembu.
Joreca, vitimado precocemente por um ataque cardíaco em 1949, não teve outra oportunidade de dirigir alguma seleção, depois que deixou o Tricolor.
2. Vicente Feola
Vicente Ítalo Feola (*São Paulo, 01/11/1909 — †São Paulo, 07/11/1975) foi o técnico da Seleção Brasileira na conquista da primeira Copa do Mundo, em 1958. Feola, com amplo currículo pelo Tricolor (é até hoje o treinador com mais jogos no comando da equipe, com 532 partidas), assumiu o comando técnico no São Paulo em junho de 1937 e, até o fim da trajetória esportiva dele, somente ficou longe do clube em poucos meses de 1938 (quando esteve no CA Estudantes Paulista).
Quando não foi o treinador efetivo do time, Feola esteve à frente de cargos administrativos. Mesmo enquanto chefiou a Seleção Brasileira, permaneceu como funcionário são-paulino.
Com Feola no banco de reservas, o São Paulo foi bicampeão paulista em 1948 e 1949. O feito lhe valeu a chance de ser auxiliar técnico de Flávio Costa, na Seleção Brasileira, durante a Copa do Mundo de 1950. Em 1955, comandou o time canarinho pela primeira vez (único jogo: 2 a 1 no Chile). Tornou-se o treinador oficial da CBD em maio de 1958 e permaneceu no posto até 1960 – extraoficialmente até 1962.
A última passagem do técnico pela seleção nacional foi no período de 1964 a 1966, em que disputou novamente uma Copa do Mundo. Aliás, Feola também chefiaria a Seleção na Copa do Mundo de 1962, mas, adoentado, deu espaço para outro técnico do Tricolor comandar o time brasileiro: Aimoré Moreira.
3. Aymoré Moreira
Apesar de comandar a Seleção Brasileira em 1961 interinamente, depois de dirigir o selecionado paulista e o time do Taubaté em 1960, Aymoré Moreira (*Miracema, 24/01/1912 — †Salvador, 26/07/1998) somente foi confirmado como o treinador do time brasileiro para a Copa do Mundo de 1962 após o impedimento de Vicente Feola e o vínculo de Aymoré com o São Paulo FC (em janeiro de 1962). Desta maneira, é possível afirmar que o Tricolor e o bom relacionamento do treinador com o antigo técnico e com Paulo Machado de Carvalho levaram Moreira à conquista do bicampeonato mundial com a seleção canarinho.
Aymoré Moreira comandou o Tricolor em poucos jogos, justamente no primeiro trimestre de 1962, até deixar o clube sob os cuidados de Caxambu e ir para a disputa da Copa do Mundo no Chile.
Ainda nos preparativos da Seleção para o torneio, Aymoré entrou em choque com a diretoria são-paulina ao cortar o craque tricolor Benê da disputa. Já campeão mundial com a seleção, no dia 1 de julho de 1962, Aymoré teve o contrato rescindido com o São Paulo, muito em motivo dessa divergência anterior.
4. Juan Carlos Osorio
O trabalho desenvolvido pelo colombiano Juan Carlos Osorio Arbeláez (*Santa Rosa de Cabal, 08/06/1961) à frente do Atlético Nacional entre 2012 e 2014 chamou a atenção do São Paulo FC, que o apontou como o treinador do clube em 26 de maio de 2015.
Com um estilo ofensivo e defensor de métodos de trabalho considerados inovadores ou no mínimo muito distintos dos modelos amplamente encontrados no Brasil, Osorio caiu nas graças da torcida e também despertou o interesse de terceiros.
Assim, apesar do curto período de permanência, em 6 de outubro de 2015, a Seleção Mexicana contratou o então técnico do Tricolor, sendo o primeiro ex-comandante são-paulino a assumir uma seleção estrangeira.
5. Edgardo Bauza
O técnico argentino bicampeão da Copa Libertadores, por LDU e San Lorenzo, Edgardo Bauza (*Granadero Baigorria, 26/01/1958), chegou ao Tricolor com a missão de resgatar a tradição do clube na maior competição sul-americana.
Embora o título tenha escapado, o São Paulo fez uma campanha condizente com a história são-paulina, chegando a semifinal da competição e consagrando o artilheiro máximo da disputa, o argentino Calleri, com nove gols.
Patón, como também é conhecido, despertou assim o interesse da AFA – Asociación del Fútbol Argentino – que o elegeu para comandar a seleção daquele país, se tornando, dessa maneira, o segundo ex-técnico são-paulino a treinar um selecionado estrangeiro.