422 jogos de muito trabalho

Calendário 25/07/2014 - 09:12

No próximo domingo, quando começar o jogo entre São Paulo e
Goiás, pelo Campeonato Brasileiro, em Goiânia, o técnico Muricy
Ramalho chegará a uma marca importantíssima: pela 422ª vez, ele
estará no comando do Tricolor na beira do gramado.

Esse número é tão expressivo pois faz com que Muricy chegue ao
segundo lugar no ranking de técnicos que mais dirigiram o São Paulo
na história, empatando com José Poy, um dos icônicos treinadores do
São Paulo e mais importantes para o atual comandante
são-paulino.

“Me emociona chegar a esse número, pois quando se fala dessas
pessoas como o Poy, o Telê, a gente volta ao passado e lembra dos
momentos muito bons que passamos com eles. O Poy foi meu treinador
no juvenil, depois no profissional, e aprendi muita coisa com ele.
Não é importante bater recordes por bater, mas porque seguimos o
caminho de pessoas que a gente gosta. Se ele e o Telê estivessem
vivos, com certeza estariam muito contentes por eu estar chegando
nesse número”, afirma o treinador tricolor.

Para Muricy, alguns fatores o ajudaram a chegar nessa marca
impressionante. “Um profissional bater recordes como o próprio Poy,
Feola, essas pessoas, tem que ter a competência do profissional. E
também tem que ter dedicação, esses caras todos tinham muita. Só se
chega nesses números pela forma com que se se entrega porque é
muito difícil permanecer muito tempo no clube assim”, completa.

E é óbvio que Muricy tem muita história pra contar em tantos
jogos à frente do Tricolor. Mas sobre a primeira partida que fez
como técnico, no dia 23 de janeiro de 1994, goleada de 4×1 sobre o
Santo André, ele confessa que a lembrança não é mais tão clara, mas
que a sensação de frio na barriga nunca será esquecida.

“Faz muito tempo isso, mas acho que eu ainda não era o treinador
titular, eu assumia quando o Telê já estava cansado, fim do ano,
ele tirava uns dias a mais de férias e eu que começava os
Campeonatos Paulistas. Na época era muito difícil pra mim,porque eu
era muito novo pra ser técnico e só dirigia cara estrela, tudo
campeão do mundo, bicampeão, gente de Seleção Brasileira, só cara
famoso”, diz.

“Era muito difícil você parar na frente dessas pessoas pra
comandar. Eu lembro muito bem disso, um dia antes do jogo era
complicado, tinha muita ansiedade da minha parte mesmo com a
experiência como jogador. O mais difícil era isso, parar na frente
desses caras e fazerem eles entenderem que eu era técnico naquele
momento”, lembra.

De lá pra cá foram centenas de jogos à frente não só do São
Paulo, o que deu muito, mas muito mais experiência para o
treinador. E o que mudou desde aquele dia?

“Ah, muda muito, muda a experiência, você muda demais como
pessoa, você muda em todo sentido como técnico, você passa a
estudar mais, olhar mais o futebol, porque no começo a gente acha
que é uma coisa, bate muito de frente às vezes e vamos mudando,
tendo mais cintura, paciência, um pouco mais de calma com
jogadores”, cita.

“Também tem a experiência da vida. Hoje a gente olha muito o
lado do jogador como pessoa também. O Poy e o Telê insistia muito
nisso, que é nossa obrigação orientar os jogadores pro futuro
deles, a gente vê muitos ex-jogadores financeiramente muito mal e a
gente tenta orientar, passar isso. Vamos mudando, tendo outros
focos na vida.”

Faltando mais 110 jogos para chegar a Vicente Feola como o
técnico que mais dirigiu o clube, Muricy sabe que esse caminho não
será fácil, mas tem uma certeza: será incrível poder ser lembrado
como o técnico que mais vezes comandou a equipe são-paulina.

“Seria maravilhoso, claro, eu nem pensava nisso, sinceramente
esses recordes que bato vocês que me falam. Tenho algum tempo de
contrato com o clube ainda, e se ficar até o final do contrato eu
posso alcançar o Feola. Pra cumprir meu contrato sei que preciso
estar ganhando, melhorando meu trabalho, seria uma marca expressiva
e muito difícil de ser alcançada. Espero que a diretoria do São
Paulo tenha paciência comigo (risos) e que eu consiga bater esse
recorde, seria algo muito importante pra mim, por ter nascido aqui,
ter me criado aqui, e quem sabe encerrar minha carreira batendo
esse recorde”, finalizou.

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