23 gols do Tricolor no Pacaembu em um único dia

23 gols do Tricolor no Pacaembu em um único dia

Calendário 8/10/2017 - 06:32

Foi no estádio do Pacaembu que, há 73 anos, o Tricolor conseguiu a aplicar a maior goleada da história do clube em um clássico. Naquela tarde de 18 de junho de 1944, o São Paulo foi implacável contra o time do Santos, goleando o rival por incríveis 9 a 1!

O público presente ao Municipal para esse Sansão, que valeu pelo Campeonato Paulista daquela temporada, saiu satisfeito não somente por ver os gols da partida principal, mas também por presenciar outra impiedosa goleada são-paulina para cima do time do litoral: 14 a 0 na rodada preliminar, dos aspirantes! Ao todo, o São Paulo marcou 23 gols em cima dos alvinegros praianos em um único dia!

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O time são-paulino, antes desse massacre, queria fazer valer a condição de atual campeão do certame e recuperar o bom desempenho no campeonato, onde já havia goleada o SPR por 8 a 2, o Jabaquara por 6 a 2 e a Portuguesa Santista por 7 a 4 – os tricolores vinham de uma vitória mirrada contra o Juventus (1 a 0) de um empate em 3 a 3 com o Palmeiras (quando o Tricolor chegou a vencer por 3 a 1).

 

Os confrontos

Tudo começou muito bem. No tradicional confronto preliminar, envolvendo os aspirantes das duas equipes, o Expressinho Tricolor passou por cima do oponente com estrondosos 14 gols, anotados por Yeso (6), Teixeirinha (2), Américo (2), Ministro (2), Leopoldo (2). Ou seja, toda a linha de frente do time anotou no mínimo dois tentos no confronto.

Vale ressaltar que essa equipe aspirante do São Paulo foi pentacampeã consecutiva no Estado de São Paulo entre 1943 e 1947.

O profissional, contudo – e talvez pela goleada inicial ter mexido com o brio santista – começou o jogo perdendo. Aos 13 minutos, Soler bateu uma falta com precisão no gol de King. Mas o Tricolor acordou e, aos 20 minutos, com Pardal, empatou a partida após passe de Tim. O jogo seguiu então parelho, até o ataque rival perder um gol incrível, com Ruy, cara a cara com o goleiro. A partir daí só deu São Paulo!

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Aos 32 minutos, Alberto pôs a mão na bola: pênalti marcado. Pardal foi lá a bateu certeiro, embaixo de Joãozinho, o defensor da meta santista, anotando o segundo gol dele na partida. Pouco tempo depois, outro passe açucarado de Tim e gol de Remo, aos 37 minutos. E assim encerrou-se a primeira etapa da peleja.

O jogo recomeçou com Tim endiabrado: Aos 4 minutos, ele tabelou com Sastre e disparou em corrida, isolando-se dos adversários e chutando com precisão: 4 a 1 para o São Paulo! Começou a cair então uma chuvinha fina, daquelas chatas, que só deixam gramado e bola escorregadios. Aproveitando-se do fato, Sastre, aos 11 minutos, cruzou a pelota de couro para Luizinho, que, sem receio algum, testou com categoria para o fundo do gol: 5 a 1!

Mas os são-paulinos queriam mais e continuavam pressionando. Acuado, Jaú chutou em falso e perdeu a bola para Tim, que comodamente ampliou o placar, aos 16 minutos. Não perca a conta, já são seis! A categoria e técnica dos tricolores era tanta, que espantava os cronistas da época. O jornal A Gazeta Esportiva, no dia seguinte, registrou: “É tão certa e completa a supremacia tricolor que seu ataque se limita a zombar do adversário com a bola nos pés, fazendo a delícia da torcida. São lances e mais lances embriagadores e todos eficazes que nascem no campo santista”.

O Tricolor começou a perder gols a rodo! Remo atingiu uma bola na trave. Tim resolveu driblar, de última hora, o goleiro, e deixou escapar um tento. Já sofrendo em demasia, o santista Ari Silva perdeu o controle e atingiu violentamente Luizinho: o juiz o expulsa de campo. Com um a mais no gramado, não tardou e o São Paulo elevou a contagem. O sétimo gol veio de cobrança de falta de Sastre para Luizinho, que, de cabeça e antecipando-se ao goleiro, novamente balançou as redes, aos 27 do segundo tempo.

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A chuva apertou e os refletores foram acessos, mas os tricolores queriam mais. 33 minutos: Pardal avançou até a linha de fundo e cruzou curto para Sastre, que surpreendeu Joãozinho, chegando antes – era o oitavo gol! E, quando quase não havia tempo para mais nada, aos 44 minutos, passe de Sastre para Remo e o placar foi finalizado em 9 a 1! Talvez a torcida são-paulina tenha deixado o Municipal um tanto quanto desgostosa por não ter sido alcançada a dezena, mas nove estava de bom tamanho.

 

Destino Cruel

O goleiro do Santos nessa goleada, Joãozinho, ficou marcado pelo resultado e deixou a equipe praiana ao final da temporada. Permanecendo em Santos, passou a jogar pelo Jabaquara em 1945 e lá, no dia 8 de julho, sofreu outra avalanche de gols do São Paulo, também no Pacaembu, na maior goleada da história do Tricolor até hoje (junto a outra ocorrida em 1933): 12 a 1.

Vida dura… Estima-se que Joãozinho, em 11 jogos contra o São Paulo (defendendo Comercial da Capital, SPR, Santos e Jabaquara), tenha sofrido nada menos que 52 gols, média de quase 5 a cada jogo.

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Ficha do Jogo

18.06.1944 Campeonato Paulista
São Paulo (SP). Estádio Municipal de São Paulo – Pacaembu
SÃO PAULO Futebol Clube 9 x 1 SANTOS Futebol Clube

SPFC: King; Piolim e Florindo; Zezé Procópio, Ruy e Noronha; Luizinho, Antonio Sastre, Tim, Remo e Pardal
Capitão: Luizinho
Técnico: Joreca

Gols: Pardal, 20/1; Pardal (pênalti), 32/1; Remo, 37/1; Tim, 4/2; Luizinho, 11/2; Tim, 16/2; Luizinho, 26/2; Sastre, 33/2; Remo, 44/2

SFC: Joãozinho; Jaú e Gradim; Ari Silva, Soler e Alberto; Cláudio, Fierro, Teleco, Eunápio e Ruy.
Técnico: Ricardo Diez

Gols: Soler (falta), 13/1

Árbitro: Rodolfo Wenzel
Renda: Cr$ 75.367,00

Preliminar

SÃO PAULO Futebol Clube 14 x 0 SANTOS Futebol Clube
Gols: Ieso (6), Teixeirinha (2), Américo (2), Ministro (2), Leopoldo (2)

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Fotos: A Gazeta Esportiva

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