Foi no dia 12 de dezembro de 1993 que o São Paulo conquistou o bicampeonato mundial de clubes. Ao derrotar o Milan de Baresi e Maldini por 3 a 2, em uma das partidas mais marcantes e com o final mais inusitado e festivo da história de qualquer são-paulino. O Tricolor não somente se manteve no topo do mundo, como o melhor time de futebol do planeta, como ainda fechou um ano inesquecível, onde levou para o Morumbi nada menos que quatro troféus internacionais – algo muito maior que uma tríplice coroa e jamais igualado: o Mundial de Clubes, a Copa Libertadores, a Supercopa da Libertadores e a Recopa Sul-Americana.
Foi na noite de ontem, 11 de dezembro de 2015, na despedida de Rogério Ceni do Tricolor, que os saudosos ídolos Zetti, Ronaldo Luís, Ronaldão, Gilmar, Jura, Válber, Dinho, Toninho Cerezo, André Luiz, Doriva, Müller, Cafu, Luis Carlos Goiano, Juninho, Valdeir, Guilherme, Leonardo, Matosas, Palhinha e o próprio detentor da camisa 01 foram agraciados com uma majestosa homenagem, no jogo #PraSempreM1TO, que reuniu campeões do mundo de 1992, 1993 e 2005.
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A jornada para o domínio do mundo em 1993 começou com o São Paulo trucidando a Universidad Católica na final da Copa Libertadores – a goleada por 5 a 1, no Morumbi, a favor do Tricolor é, até hoje, a maior da história da competição em decisão de título. Já o Milan chegou ao mundial como vice-campeão europeu. O campeão, Olympique de Marseille, foi punido e impedido de participar do torneio por caso de corrupção entre seus dirigentes. Contudo, nada que desabonasse os “russoneri” de Milão, que era, em verdade, a base da seleção italiana que seria vice-campeã mundial em 1994.
Ao final de duas horas, o Tricolor venceu os italianos por 3 a 2 e ergueu a sua segunda taça do torneio. Palhinha, Toninho Cerezo e Müller marcaram os gols são-paulinos no sonoro (como esquecer o som daquelas “vuvuzelas”?) Estádio Nacional de Tóquio. O último tento, de Müller, nasceu em uma jogada inesperada e despretensiosa – quando o jogo se encaminhava para a prorrogação – em que o atacante só queria se esquivar da intervenção do goleiro, que saltara aos seus pés, mas que acabou resultando em um gol de calcanhar sem querer, com a bola entrando nas redes, marota, quase sem forças.
Como se deu com os catalães do Barcelona, em 1992, o Tricolor impôs seu ritmo de jogo e, com melhor qualidade tática e técnica, trouxe mais uma conquista para a torcida são-paulina, mesmo após sofrer dois gols de empate no decorrer da partida.
O zagueiro Ronaldão, logo após o apito final, exprimiu o sentimento dos tricolores em campo: “Ano passado, o supertime era o Barcelona. Este ano, o supertime era o Milan. Agora eu pergunto, se eles eram supertimes, o que é o São Paulo, afinal?“, questionou. Zetti foi além: “Vencer o Milan foi mais complicado que o Barcelona. Pois tínhamos a responsabilidade de defender o título do ano anterior. Em 92, o nosso time entrou como coadjuvantes. O São Paulo era mais um time sul-americano e teve um menosprezo aí. Isso nos motivou demais“, ressaltou Zetti.
O JOGO
Meio-dia no horário local (meia-noite no Brasil), a bola rolou. A pressão inicial foi implacável, os rossoneri começaram melhor o jogo. Aos 13′, acertaram o travessão e Zetti defendeu o rebote quase por sorte ou instinto. Somente aos 19′ o São Paulo teve a primeira chance – abençoada chance -, em contra-ataque. Bastou.
André Luiz, marcado por dois, acertou um lançamento para Cafu no outro lado campo. A bola quicou, se amaciou na medida certa e então o lateral, de prima, a cruzou para a área onde lá encontrou os pés do camisa 10, Palhinha, que a chutou para o fundo do gol. Foi aberto o placar, 1 x 0 São Paulo!
Os milanistas somente reagiram no segundo tempo. Aos 3′, empataram com Massaro. Sem mudar o padrão de jogo, o Tricolor novamente contra-atacou. 14′, Palhinha encontrou Leonardo livre pela esquerda, que driblou e tocou para Cerezo, dentro da pequena área, concluir. 2×1, Tricolor!
No desespero, a equipe italiana partiu para as jogadas áreas. Com 36′ do segundo tempo, assim conseguiram o empate. Lástima? Tudo levava a crer que a decisão ocorreria na prorrogação. O time que jogou quase 100 partidas no ano suportaria?
A resposta veio aos 41′ em forma de prova definitiva de que, se existe uma força maior no universo, ela era São Paulo Futebol Clube naquele dia. Müller, em jogada quase inofensiva, ao saltar para escapar de um choque contra o goleiro, tocou de calcanhar a bola rebatida para o gol! São Paulo 3 x 2!
O São Paulo era o melhor time de todo o planeta, indiscutivelmente.
12.12.1993
Tóquio (Japão)
Estádio Nacional de Tóquio
Associazione Calcio MILAN 2 X 3 SÃO
PAULO Futebol Clube
ACM: Rossi; Panucci, Baresi, Costacurta e
Maldini; Albertini (Orlando, 34’/2), Desailly e Donadoni; Massaro,
Papin e Raducioiu (Tassotti,
34’/2). Técnico: Fabio Capello.
Gols: Massaro, 3’/2; Papin, 35’/2
SPFC: Zetti; Cafu, Válber, Ronaldão e André
Luiz; Doriva, Dinho, Toninho Cerezo (capitão) e Leonardo; Palhinha
(Juninho, 19’/2) e Müller.Técnico: Telê
Santana.
Gols: Palhinha, 19’/1; Toninho Cerezo, 14’/2;
Müller, 41’/2
Árbitro: Joël Quinou (França)
Assistente 1: Park Hae Yong (Coréia do
Sul)
Assistente 2: Yamaguchi Morihisa (Japão)
Público: 52.275 pagantes