O São Paulo se despediu da Copa Libertadores da América de 2006 de cabeça erguida, em pé e lutando, honrando a camisa e a tradição adquirida nessa competição em que o Tricolor é o time brasileiro que mais vezes disputou o torneio (18 vezes), mais vezes chegou a fase semifinal (10), mais presente em finais (seis) e, principalmente, o maior campeão, com três conquistas: 1992, 1993 e 2005.
Hoje (14), o Tricolor celebra 11 anos da conquista do Tricampeonato da América. Neste dia, em julho de 2005, o São Paulo goleou o Atlético Paranaense por 4 a 0 (a segunda maior goleada em finais na história da competição – somente atrás de outra goleada são-paulina: o 5 a 1 sobre a Universidad Católica, em 1993) e faturou novamente o título de Rei da América.
Bicampeão sul-americano na era Telê Santana, com Raí, Müller e cia, o Tricolor deixou escapar a chance do tri em 1994, em uma fatídica decisão por cobrança de pênaltis, e sofreu duros 10 anos até voltar a disputar a competição preferida da torcida são-paulina. O título de 2005 nasceu dessa sede de vitória acumulada por uma década.
A história recomeçou em 2004. Após tropeços na busca pela vaga em 1999, 2000 e 2002, o São Paulo, com a 3ª colocação obtida no Campeonato Brasileiro de 2003 – o primeiro da história realizado no sistema de pontos corridos – enfim reconquistou o direito de disputar a Taça Libertadores da América.
Provando ter um gosto todo especial por ela, a média de público da torcida são-paulina em jogos no Morumbi foi superior a 56 mil pessoas. Motivado, o Tricolor chegou às semifinais, sendo eliminado no último minuto pelo Once Caldas, da Colômbia, futuro campeão.
Deixou água na boca. O Tricolor não se contentou. Ao fim do Brasileirão de 2004, novo 3º lugar e vaga mais uma vez garantida na competição internacional. Agora era preciso ser campeão! Em 2005, o São Paulo apostou em nomes experientes, como Mineiro e Josué, volantes, e o centroavante Luizão. O time engrenou. Liderou o Paulistão invicto por 15 rodadas, perdendo a invencibilidade para a Lusa. O título veio a seguir, contra o Santos (0x0), com três rodadas de antecipação.
A equipe são-paulina já havia realizado quatro partidas na primeira fase da Libertadores de 2005 (2 vitórias, 2 empates), quando ocorreu uma troca no comando da equipe: Emerson Leão deixou o cargo de treinador e o auxiliar Milton Cruz chefiou a equipe no quinto jogo (empate fora de casa contra o Universidad de Chile). O São Paulo, então, apostou em um nome de peso para levar o Tricolor ao título. Ele veio, e chegou com absoluta moral: logo de cara, no Pacaembu, 5×1 no Corinthians, que não tinha nada a ver com a história. Paulo Autuori levou o São Paulo a avançar a passos largos para a conquista do tricampeonato sul-americano.
Na fase decisiva, o São Paulo desbancou um tradicional freguês no torneio. O Palmeiras caiu frente ao Tricolor com duas derrotas (1×0 no Palestra Itália e 2×0 no Morumbi). Nas quartas-de-final, em casa, partida sensacional do capitão Rogério Ceni (dois gols marcados e ainda um pênalti perdido), 4×0 no Tigres, do México. O jogo de volta foi a passeio, mas custou a invencibilidade no torneio. A semifinal, contudo, contra o River Plate, parou toda a América Latina.
O que o Tricolor desconhecia era um esquema envolvendo o árbitro do jogo para favorecer a equipe portenha. De nada adiantou, com Amoroso, recém contratado, o São Paulo faturou: 2×0 em casa (“El Morumbi te mata”), e 3×2 fora. Quinta final de Libertadores na história!
Os duelos contra o Atlético Paranaense foram no Beira-Rio – o CAP à época ainda não possuía um estádio que se encaixasse nas exigências do regulamento para a final do torneio internacional – e no Morumbi. No jogo de ida, empate em 1×1. A consagração se deu no Morumtri!
71.986 pessoas presenciaram mais um show do “Time de Guerreiros”, como ficou conhecida a equipe Tricampeã da Libertadores da América, após os sonoros 4×0. Rogério Ceni ergueu a Taça e a torcida incendiou o Morumbi aos gritos de “Telê, Telê”!
Neste dia especial para a história são-paulina, à sombra de uma doída, mas valorosa derrota como a ocorrida na noite de ontem (13), o torcedor tricolor tem uma esperança, quase uma certeza: que 2016 será como 2004, um prólogo.
14.07.2005
São Paulo (SP)
Estádio Cícero Pompeu de Toledo, Morumbi
SÃO PAULO Futebol Clube 4 X 0 Clube ATLÉTICO PARANAENSE
SPFC: Rogério Ceni (capitão); Fabão, Diego Lugano e Alex; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Junior (Fábio Santos, 40’/2); Amoroso (Diego Tardelli, 33’/2) e Luizão (Souza, 28’/2). Técnico: Paulo Autuori.
Gols: Amoroso, 16’/1; Fabão, 7’/2; Luizão, 25’/2; Diego Tardelli, 43’/2.
CAP: Diego; Jancarlos, Danilo, Durvão e Marcão (capitão) (Fernandinho, 15’/2); Cocito, André Rocha (Alan Bahia, 37’/2), Evandro e Fabrício; Lima (Rodrigo, 15’/2) e Aloísio. Técnico: Antônio Lopes.
Árbitro: Horacio Marcelo Elizondo (Argentina)
Assistente 1: Rodolfo Otero (Argentina)
Assistente 2: Juan Carlos Rebollo (Argentina)
Renda: R$ 3.026.395,00
Público: 71.986 pagantes