Há dez anos faleceu um dos três maiores jogadores da história do Brasil – ao lado de Pelé e Friedenreich – e o maior ídolo do São Paulo Futebol Clube até então, Leônidas da Silva. O Diamante Negro, como era também conhecido, sofria de pneumonia e mal de Alzheimer, dentre outros males que o vitimaram com 90 anos de idade, em Cotia, na Grande São Paulo.
Divisor de águas da história do Tricolor. A chegada do Diamante Negro transformou o clube e representou com o futebol e com as conquistas uma mudança de patamar: O São Paulo se tornou verdadeira e indiscutivelmente grande e nunca regrediu dessa posição. Junto ao Estádio do Morumbi, a era Raí-Telê, e a era Rogério Ceni, a era Leônidas é um dos quatro pilares fundamentais do sentimento de “sampaulinidade” que move todos os torcedores.
A chegada de Leônidas ao São Paulo é por si só uma história marcante. Foi anunciado pela imprensa como reforço do Tricolor no dia 1º de abril. Obviamente, a torcida, local ou rival, não acreditou. O craque estava sem jogar fazia oito meses, fora de forma, e muitos acreditavam que estava acabado para o futebol. Que Leônidas não seria mais o mesmo Diamante Negro da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1938, em que encantou o mundo, sendo artilheiro da competição com sete gols.
Para aumentar a descrença geral, a transferência do Flamengo para o São Paulo se deu ao custo de 200 contos de réis – o maior montante já pago em uma negociação de jogador de futebol até então, e por muito tempo, no Brasil.
Leônidas chegou a São Paulo vindo do Rio de Janeiro em uma tarde de sexta-feira, 10 de abril de 1942, na Estação do Norte, no bairro do Brás, onde foi recebido por uma multidão de 10 mil pessoas – que realizaram uma verdadeira passeata, carregando o ídolo nos ombros até a sede do São Paulo, na Rua Dom José de Barros. Leônidas foi o primeiro astro do futebol nacional, também no sentido mercadológico.
O Campeonato Paulista já estava em disputa, e a diretoria do São Paulo, por causa do estado físico de Leônidas, preferiu postergar a estreia do centroavante até que estivesse com mínima condição de jogo. E isso se deu somente a 24 de maio de 1942, justamente em um clássico majestoso, São Paulo e Corinthians, no Pacaembu. A partida terminou 3 a 3, com o rival empatando ao final, quando o São Paulo estava com um jogador a menos. Leônidas não marcou, mas foi o responsável direto pelos gols do Tricolor.
O craque esteve bem, mesmo para estado físico em que se encontrava, mas o jornal A Hora estampou no dia seguinte o letreiro: “São Paulo compra bonde de 200 contos” – como se o clube tivesse comprado um jogador velho e ultrapassado. Leônidas nunca engoliu essa provocação e provou, seja ao marcar o primeiro gol de bicicleta em São Paulo em outro clássico, contra o Palmeiras, seja ao se tornar pedra fundamental do time que se tornou imbatível na década de 1940, conquistando cinco títulos no período de 8 anos em que defendeu o time ativamente.
Aposentou-se no início de 1950, mas ainda realizou outras duas partidas ao fim do ano, como despedida da camisa 9 do São Paulo, a qual foi o primeiro jogador a usar, pois a numeração nas vestimentas só surgiu em 1948.
Hoje, passados 10 anos da morte do ídolo, o São Paulo revisita o passado de glórias, reconhecendo e sendo extremamente grato a tudo que aquele pequeno diamante negro proporcionou não somente à própria entidade, mas a milhares de são-paulinos, de todas as gerações, e de todas as eras.
Centroavante
Jogos disputados pelo SPFC: 212 (137V, 36E,
38D)
Estreia: 24/05/1942 (São Paulo 3 x 3
Corinthians)
Último jogo: 23/12/1950 (São Paulo 2 x 1
Nacional)
Gols Marcados no SPFC: 144 (8º maior artilheiro
do clube)
Nascimento: 06/09/1913. Rio de Janeiro
(RJ).
Falecimento: 24/01/2004. Cotia (SP).
Títulos conquistados no SPFC:
Seleção Brasileira
Outros